Bairro da Liberdade oferece mergulho na cultura asiática na capital paulista

Feiras culturais, templos budistas, museus e restaurantes típicos fazem do bairro um símbolo da diversidade de São Paulo.

Ana Luísa Miranda

Postado em 23/04/2025

Sob lanternas vermelhas que se destacam no céu cinza de São Paulo, o bairro da Liberdade exala cultura em cada esquina. Fundado no início do século XX por imigrantes japoneses, o bairro localizado na região central da capital paulista se consolidou como um dos principais destinos turísticos multiculturais do país. 

Segundo a Embaixada do Japão no Brasil, a Liberdade abriga a maior comunidade japonesa fora do Japão. Com o passar das décadas, o bairro também recebeu importantes influências das culturas chinesa e coreana, se transformando em um verdadeiro mosaico de tradições no Brasil.

Um museu vivo da cultura japonesa

A presença oriental, especialmente japonesa, é possível ser encontrada em muitos pontos comerciais do bairro. Foto: Ana Luísa Miranda

A Feira da Liberdade, organizada aos sábados e domingos na Praça da Liberdade, é uma das atrações mais emblemáticas da região, recebendo até 20 mil visitantes em um único fim de semana segundo dados da Apecc (Associação Paulista dos Empreendedores do Circuito de Compras). Com mais de 200 barracas de artesanato, acessórios, lembranças e pratos típicos, como guiozas, tempurás, takoyakis e doces wagashi, o evento atrai milhares de turistas todo ano e é uma das feiras de rua mais visitadas da cidade.

Outro ponto obrigatório é o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, que reúne um acervo de mais de 97 mil itens, entre documentos, fotos e objetos pessoais de imigrantes. Localizado no prédio da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, o museu é referência nacional sobre o tema e realiza exposições permanentes e temporárias com apoio de universidades e instituições culturais.

Na culinária, a Liberdade é uma atração à parte. O bairro é um paraíso gastronômico com mais de 450 restaurantes e bares registrados, segundo o AbraselSP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). Restaurantes como o Izakaya Kintaro e o Aska Lámen, especializado em pratos quentes japoneses, e o Portal da Coreia, com destaque para o bulgogi e kimchi, são referência na gastronomia asiática no Brasil. O bairro também concentra mercados orientais onde é possível comprar ingredientes autênticos, utensílios de cerâmica e doces importados diretamente do Japão, China e Coreia.

A Feira da Liberdade acontece aos sábados e domingos, das 10h às 18h. Foto: Ana Luísa Miranda

Para quem busca espiritualidade e arquitetura tradicional, os templos budistas Busshinji e Honpa Hongwanji oferecem uma pausa em meio ao agito da cidade e das feiras. Ambos realizam cerimônias abertas ao público em datas comemorativas e promovem palestras sobre a filosofia budista, atraindo não apenas descendentes asiáticos e religiosos, mas também o público geral e aqueles curiosos. Festivais como o Ano-Novo Chinês e o Tanabata Matsuri são realizados anualmente, reunindo centenas de artistas e grupos folclóricos, reforçando a Liberdade como uma vitrine viva da cultura oriental no Brasil.

Indo além do cartão-postal, o bairro é também um espaço de reinvenção contínua. Prova disso são os cafés temáticos inspirados em animes (animações japonesas) e as lojas de k-pop (música pop coreana) que dividem espaço com tabacarias centenárias e empórios de antiguidades. Essa variedade faz com que o público de visitantes seja muito variado, recebendo grupos de crianças, jovens, adultos e até famílias inteiras, já que existem programações para todos os gostos.

Mais do que um ponto turístico, a Liberdade representa a convivência harmoniosa entre diferentes culturas, tradições e gerações. O bairro se reinventa sem perder suas raízes, servindo como uma ponte viva entre o passado e o presente. Seja para saborear pratos típicos, participar de festivais ou simplesmente caminhar entre suas ruas decoradas com lanternas vermelhas, visitar a Liberdade é uma experiência sensorial e histórica.