Plataformas de streaming perdem assinantes ao reajustarem valores
Em 2023, sites ilegais de filmes e séries tiveram um aumento de 6,5% nos acessos
Postado em 29/05/2025

No final de 2013 as plataformas de streaming começaram a ganhar força no mercado brasileiro. A TV por assinatura não parecia mais tão interessante quando comparada à praticidade de assistir uma série de televisão a qualquer momento. Atualmente as plataformas de streaming dominam o mercado de entretenimento, mas com o tempo, o que ganhou destaque por oferecer praticidade e custo benefício, se tornou um peso na conta dos brasileiros.
As plataformas Disney+ e HBO Max registraram um aumento de preço de quase 70% em 2024, com o acréscimo de valor de planos de serviços e taxas para o compartilhamento de telas.
Segundo o relatório anual da empresa norte-americana MUSO focada em proteção de conteúdo, em 2023 mais de 30 bilhões de acessos foram realizados em sites de filmes piratas, o que representa um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior. Esses reajustes levam a sociedade a recorrer à pirataria.
Segundo o mestre em Economia Cássio Besarria, esse aumento ocorreu em todo o mercado, porém no streaming existem razões específicas. “Pode ter ocorrido aumento nos custos de produção de conteúdo (produções originais); perda de conteúdo de terceiros, forçando a geração de conteúdo pelas plataformas e isso implica em novos custos”, explica o economista, considerando que diversos streamings detêm contratos com produtoras que limitam a exibição de certas produções, forçando plataformas a produzirem conteúdos originais.
Além do aumento do valor, as plataformas têm oferecido serviços cada vez menos acessíveis, o que diminui o custo benefício: planos com anúncios, cobrança de taxas adicionais por compartilhamento de senha e limitação de conteúdos dentro da plataforma.
A inflação influencia no aumento?
A inflação também pode ser um fator nessa mudança, como explica o economista. “Quando setores que estão diretamente ligados à prestação de serviços em plataformas de streaming estão passando por períodos de inflação, é esperado que parte desses custos adicionais, caso não sejam sazonais, sejam repassados para os custos de contratação dessas plataformas”, relata Cássio.
Segundo uma pesquisa feita pela entidade de defesa do consumidor, o Proteste, em média os reajustes das empresas de streaming foram 14% acima da inflação nos últimos três anos.
Como o público lida com a mudança?
Segundo um estudo feito pela empresa de tecnologia Antenna, nos três primeiros meses de 2024 cerca de 50,4 milhões de pessoas cancelaram suas assinaturas em plataformas de streaming, algo que pode estar relacionado ao aumento de valor e quantidade de pacotes oferecidos.
Com o aumento dos valores, diversas pessoas recorrem à pirataria para ter acesso a filmes e séries. É o que revela fontes anônimas ao serem perguntadas sobre o motivo do cancelamento das assinaturas.
“O aumento do preço, junto com a queda de qualidade do serviço, foi um dos motivos do cancelamento. Eu tinha assinado o Disney+ e em dado momento o preço triplicou e ainda teria acesso aos mesmos programas e eventos ao vivo transmitidos”, explica Amanda*.
E quando o aumento ocorre sem adição de conteúdo, ou serviços a relação das pessoas com as plataformas são prejudicadas. “Acabo criando uma antipatia pelo produto ou serviço oferecido. E não só pelo produto mas sim pelo serviço ou vídeo que estou assistindo. Quando eu estou vendo um vídeo e começa a passar muita propaganda eu paro de assistir” relata Rodrigo*.
*As fontes citadas preferem não ser identificadas