Inflação é ‘pedra no sapato’ do comércio de alimentos

Nos últimos 12 meses alimentos e bebidas registraram aumento de 9,12% nos preços, de acordo com o IBGE

Durval Aires de Menezes Neto

Postado em 07/04/2022

Inflação. Um conceito popular e que, infelizmente, está na moda, de acordo com o professor Riezo Almeida, coordenador do curso de Ciências Econômicas do IESB. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define a inflação como o aumento dos preços dos produtos e serviços. “Ela é calculada pelo índice de preços, também chamado de índice de inflação.  A inflação atinge o nosso bolso no dia a dia. Não conseguimos mais comprar a mesma quantidade de produtos que comprávamos antes. As pessoas com menor poder de compra são mais atingidas”, explica o professor Riezo.

Em fevereiro de 2022, última medição do IBGE, o grupo alimentação e as bebidas gerou o segundo maior impacto na inflação. Apenas os serviços de educação registraram maior aumento de preço. De acordo com o IBGE, nos últimos 12 meses o grupo alimentação e bebidas registrou aumento de 9,12% nos preços.

Foto: pixbay.com

“O aumento dos preços nos impactou de maneira negativa, porque trabalhamos com tabelas mensais e quinzenais. E o preço das mercadorias (alimentos) funciona como uma ‘bolsa de valores’. Se há muita quantidade de determinado alimento no mercado, o preço cai. Se há pouco, o preço aumenta”, afima Felip Barbosa, proprietário da empresa de processamento de alimentos Vegan Alimentos.

Para lidar com a oscilação de preços, Felip tenta prever quando o produto vai aumentar ou diminuir de valor, conforme o período do ano. O valor das mercadorias sofre alteração com os períodos de chuva e de seca. “Alguns produtos, durante a época de chuvas, são mais difíceis de cultivar. Por isso, ficam com o valor inflacionado nesse período”, diz o empresário.

Empresário Felip Barbosa durante capacitação no Senai/ Foto: Moacir Evangelista/Senai-DF

“Os preços aumentaram muito. Em comparação com o período anterior à pandemia, a carne dobrou de preço. O óleo quadruplicou de preço. Toda a cadeia produtiva do setor de alimentos sofreu com o aumento de preços. O meu restaurante teve que reajustar os valores em torno de 15 a 20%. Aumentamos os preços à medida em que observamos que as contas estão sustentáveis”, afirma Carlos Augusto Borges, proprietário do restaurante Engenho. 

“O preço das mercadorias subiu de forma desproporcional, se comparado aos anos anteriores. Esse aumento impactou negativamente em todos os sentidos, sendo necessária uma reformulação das estratégias administrativas”, afirma Vitor Lelis, gerente do restaurante self service Cheiro Mineiro. Para lidar com as oscilações dos preços, o gerente afirma que é necessário dar prioridade aos produtos com preços menores no preparo do cardápio da semana. “A atualização dos preços não ocorre de maneira fixa, depende do mercado e de fatores internos”, afirma Vitor.

Restaurante em dia de baixo movimento / Foto: Durval Aires

Para combater a inflação, o governo tem um instrumento: a taxa de juros. De acordo com o professor Riezo, a taxa de juros tem o poder de fazer com que os cidadãos e empresários poupem dinheiro, na medida em que a taxa está mais alta. O conceito de juros, de acordo com o Banco Central, é o preço do “aluguel” do dinheiro por um período de tempo. O Banco Central tem promovido sucessivos aumentos na taxa de juros, entretanto, isso ainda não refletiu em preços mais baixos. “Temos de esperar os próximos aumentos da taxa Selic e ver como se comporta a inflação”, explica o professor do curso de Ciências Econômicas do IESB.

Existem formas de se proteger da inflação: a diminuição do consumo de bens de luxo, como viagens, por exemplo, e a compra  de títulos do Tesouro Direto, aponta o professor Riezo Almeida. Apesar da existência de ferramentas para as pessoas físicas e jurídicas se protegerem da inflação, tanto o empresário Felip Barbosa quanto o gerente Vitor Lelis não estão otimistas. Ambos acreditam que o valor das mercadorias continuará subindo em 2022. Carlos Augusto, proprietário do restaurante Engenho, por outro lado, acredita que os preços não continuarão em alta, uma vez que o salário dos trabalhadores está defasado.