Atletas de natação enfrentam desafios durante a pandemia
De fevereiro a dezembro de 2020, as competições de natação foram adiadas ou canceladas e os clubes de esportes fecharam as portas por conta da pandemia de Covid-19
Postado em 09/09/2021
Para os atletas brasileiros de natação as competições foram canceladas em 2020 por conta da chegada da covid-19, e muitos clubes de esporte foram forçados a paralisar seus treinos em fevereiro do mesmo ano. Para profissionais que precisam estar em constante forma e buscar melhorar seu tempo dentro da água, como se manter no nível de excelência se as academias, os clubes e as piscinas adequadas se encontram fechadas? Esse foi o dilema dos nadadores.
O brasiliense João Victor Caballero tinha sido recém escalado para o Esporte Clube Corinthians Paulista quando a pandemia começou. Com altas expectativas e motivações para provar seu talento, João Victor viu sua chance de participar da Seletiva Olímpica, assim como em outros campeonatos, ser adiada. Durante os seis meses que foi obrigado a ficar sem treinar em seu clube, o nadador voltou para Brasília e, mesmo com o psicológico abalado, procurou alternativas para se manter ativo.
Leonardo Medeiros, atleta do Iate Clube de Brasília, também passou pela mesma situação. “No início foi bastante difícil, meu clube fechou e fiquei impossibilitado de fazer meu treinamento na água. Começamos a fazer vídeo chamadas para fazermos treinos funcionais dentro de casa, mas depois de uns dois meses já não tinha mais saco de fazer os treinos em casa e larguei de mão. Depois de quase seis meses sem entrar em uma piscina, achei uma academia com uma piscina disponível e voltei a fazer treinos”, comentou.
O que mais preocupou os atletas foi a forma física. A natação é um esporte em que a cronometragem de segundos faz a diferença, assim fatores como: a técnica, a velocidade e a forma física são fundamentais. Dessa forma, a falta de um lugar adequado para os treinamentos e de um propósito influenciaram as performances, assim como, a estabilidade emocional.
A ex-nadadora do Esporte Clube Corinthians, Giulia Mantuan, comentou que no início do ano estava em sua melhor forma física, em seu melhor tempo. Mas quando a pandemia se instaurou muitos fatores a influenciaram a sua decisão de desistir da natação e abandonar o clube em março de 2021. No início, Giulia procurou se manter ativa, nadando em um lago com sua amiga em Uberlândia, fazendo exercícios físicos, até poder voltar para o clube em agosto de 2020. Por mais que tenha conseguido participar da primeira competição de 2020, o Troféu Brasil de Natação, em dezembro, já não estava no mesmo nível de entrega que há meses. A atleta que estava no clube desde os seis anos de idade falou sobre a decisão de parar de nadar: “Foi bem difícil porque é uma coisa que você faz por muito tempo, é muito difícil de abrir mão”.
O momento de respiração entre braçadas
Com a volta das competições, o propósito de todo o treinamento foi reavivado. Os clubes reabriram as portas para seus atletas, no entanto, respeitando as medidas de proteção. Medir a temperatura, diminuir o número de nadadores nas raias, a obrigatoriedade de máscara, isolamento social. O Esporte Clube Corinthians Paulista foi além, agora seus atletas precisam preencher um formulário, informando se estão com sintomas da covid-19 ou se estiveram em contato com pessoas que tiveram a doença, somente com esse formulário são liberados para treinar.
Leonardo conseguiu participar de competições como o Campeonato Goiano de Verão, Campeonato Centro Oeste, Campeonato Brasileiro de Categoria e o Campeonato Troféu José Finkel. Neste último, que é absoluto (atletas de todas as idades competem, assim como, atletas olímpicos e recordistas mundiais), João Victor também participou se classificando em 6º lugar do Brasil. Competiu ainda no Campeonato Brasileiro Júnior de Inverno (levando para o clube uma medalha de ouro, duas pratas e uma bronze), que é considerado como seletiva para os Jogos Pan-Americano Juniores, que acontecerá na Colômbia.
Com planos ambiciosos, os atletas desejam cada vez mais se destacarem em seus estilos de nado nas próximas competições. Depois de passar um tempo longe das piscinas, Giulia quer voltar a treinar e a competir. Leonardo quer se tornar campeão brasileiro em sua próxima competição. João Victor deseja melhorar seus tempos e ir bem no Pan-Americano. Os três compartilham o mesmo sonho: vão pleitear bolsas de atletas para entrar em equipes de natação em universidades dos Estados Unidos.