Atletas de triathlon elogiam Brasília para práticas no esporte
Pontos turísticos da capital do país são utilizados para treinamento nas três modalidades
Postado em 13/05/2022
O triathlon é um esporte de origem americana que alia três modalidades em uma competição: natação, ciclismo e corrida. Nas provas olímpicas, também conhecidas como standards, são 1,5 km aquáticos, 40 km de bicicleta e 10 km de corrida. Em Brasília, os atletas realizam os treinos em pontos estratégicos, como a Península dos Ministros, Ermida Dom Bosco, barragem do Lago Paranoá, Lago Sul e Concha Acústica da Vila Planalto, dependendo da resistência e distância de cada proposta.
Para a campeã brasileira de triathlon de longa distância, Nayara Luniere,33, a capital é um bom lugar para praticar a modalidade: “Brasília é o melhor lugar do país para a prática esportiva, principalmente o triathlon. Existe estrutura, temos um lago maravilhoso e vias largas para pedalar dentro da cidade”.
É o que afirma também a aposentada e praticante de triathlon, Rubia Santos, 68. Ela, entretanto, ressalta quais são os problemas da prática na cidade: “Aqui é um bom lugar de treinamento, a falta de mar não é determinante para o bom desempenho no esporte. Mas temos alguns problemas como a falta de respeito dos motoristas com o ciclista, por exemplo”.
Nas olimpíadas de Tóquio, o Brasil enviou três atletas para a disputa, com os nomes de Vittoria Lopes, Luisa Baptista e Manoel Messias nas competições. Foi inclusive, em 2020, que a modalidade olímpica de revezamento misto do triathlon foi inaugurada, com vitória da Grã Bretanha nos momentos finais.
Além da modalidade olímpica, o esporte também possui o Triathlon Sprint (com 750m de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida), média/longa distância (que pode ser o dobro ou o triplo da proporção do standard) e o mixed relay, com 300m na água, 8km de ciclismo e 2km de corrida.
De acordo com a Confederação Brasileira de Triathlon (CBTri), a idade mínima para participar das práticas esportivas é oito anos para categoria infantil, 14 para categorias de base e as oficiais admitem atletas a partir dos 16 anos. Para os novos atletas, Nayara afirma que apesar de difícil, vale a pena: “Tudo é difícil quando praticado pela primeira vez. O triathlon exige um pouco mais de organização pessoal, dedicação e abdicação de algumas coisas, mas a realização que ele traz é muito grande”. E acrescenta: “Você começa a se dar conta do que é capaz”.
Como funciona o treinamento
O triathlon demanda muito esforço físico, o que geralmente faz com que os atletas tentem treinar todos os dias, especialmente aos finais de semana. “Dependendo de cada meta pessoal, o treinamento não tem hora para acabar. Podem ter 50, 60, 80 ou 100 km de bicicleta”, compartilha Rubia.
São divididas equipes de atletas que possuem semelhanças de nível, tipo de prova e objetivos para que o treino possua a mesma base e, semanalmente, obtenha um ajuste particular feito pelo treinador. “É impossível ter um treino totalmente individualizado e também não dá para colocar todo mundo no mesmo lugar, mas quanto mais você conhece o seu aluno, quanto mais próximo dele, melhor e mais assertiva vai ser sua prescrição” pontua Nayara.
Para Thiago Sampaio, 22, estudante de fisioterapia que realiza estágio obrigatório na área esportiva, no triathlon o atleta não treina apenas as três modalidades obrigatórias, mas precisa exercitar a musculação do corpo: “Sem a musculação, a pessoa não consegue ter um rendimento completo. O exercício físico vai aumentando a intensidade do esporte e previne diversas lesões”.
É necessário um acompanhamento profissional para que o atleta possa ter a orientação necessária. Nayara relata que quando ingressou no esporte, tinha uma visão de rendimento pelo tempo que passava nos treinos, obtendo resultados corporais perigosos.“Na minha cabeça, ganhava quem treinava mais, então passei a treinar o máximo de horas que eu conseguia. Até que chegou um estado em que parei de menstruar, estava magérrima, com menos de 8% de gordura e sem muita massa magra. Não me alimentava direito, estava paranóica com treino, dieta e entrando em overtraining”, desabafa.
Hoje, a atleta orienta que para crescer no esporte é preciso de vários estímulos e não apenas pelo acúmulo de horas, mas sim de boa alimentação, planejamento e descanso. “O músculo precisa descansar. Dependendo do esporte e de cada situação, precisamos saber diferenciar o repouso absoluto de atividades de recuperação depois de muita exigência física. Essa questão é onde o atleta se prejudica ao forçar demais o próprio corpo”, afirma Thiago.
Ironman
Em 1977, John Collins sugeriu uma prova que agrupava as três modalidades, mas sem a existência de intervalos. Dessa forma, quem concluísse em menor tempo seria conhecido como “Ironman” (homem de ferro). Atualmente, é reconhecida como a prova mais visada, popular e exaustiva do triathlon.
O estilo conhecido como “Endurance”, ou “de Longa Duração”, compreende 3.860 metros de natação, 180,25 km de ciclismo e 42,2 km de corrida. Júnior Bazek, 37, é atleta independente com o desejo de participar do desafio dentro do triathlon. “A meta é fazer o ironman antes dos 40”.
Nas capitais do país como Fortaleza, Brasília e Florianópolis acontecem o Ironman 70.3, que inclui a metade da modalidade original. Rubia, campeã no ano de 2022, compartilha que é um sonho realizado, mas árduo: “É muito gratificante olhar para o meu ritmo e terminar a prova inteira. É muito difícil, mas quando vejo minha trajetória e idade, não dá para não me orgulhar sempre”.
O problema, segundo Júnior, é justamente o recurso financeiro exigido para ter um alto desempenho. “O triathlon é um esporte caro, já que além dos treinamentos em academias, aquisição da bicicleta adequada, as provas de preparação também exigem quantia de inscrição. O Ironman, se formos colocar os gastos brutos, fica em torno de cinco mil reais”, lamenta.
Para competir em uma prova como essa, Nayara recomenda que os atletas treinem perpassando antes as outras provas do esporte, começando da prova mais curta. “É uma experiência gradual, para você se conhecer melhor e ir aumentando a intensidade com o tempo”, diz Rubia.