O que antes era somente um joguinho, virou febre nacional. Torcidas, times, cantos e até mesmo ginásios lotados, mostram o quanto essa paixão vem aumentando e influenciando mais torcedores nos últimos anos a acompanharem a modalidade esportiva dos jogos eletrônicos no cenário brasileiro.

O eSports, ou esportes eletrônicos, se trata de uma modalidade competitiva de variados gêneros de jogos virtuais, desde um futebol virtual até mesmo um jogo de poker on-line, podendo ser disputado individualmente ou coletivamente. Sua origem, segundo um artigo publicado na Revista Interdisciplinar Sulear, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), teve seu início em 1980 com os jogos de fliperama que traziam caráter competitivo, mas foi apenas nos anos 2000, junto ao desenvolvimento da internet, que a modalidade passou a ganhar reconhecimento.

De acordo com a Newzoo, empresa global especializada em dados de jogos eletrônicos, em uma pesquisa feita em 2023, o Brasil conta com o terceiro maior público do eSport mundial, sendo superado apenas por China e Estados Unidos. Além disso, em um levantamento feito pela Pesquisa Game Brasil (PBG), 70,1% da população, independente de sexo, idade ou até mesmo classe social, consomem algum tipo de jogo eletrônico, seja pelo computador, celular ou pelo console. A flexibilidade de opções e fatores como a pandemia, contribuíram para o cenário.

Os jogos são transmitidos de forma on-line em plataformas de streaming, como Twitch e Youtube. Dessa forma, o telespectador necessita apenas de um dispositivo e uma rede de internet para conseguir acompanhar as transmissões das competições. Por conta desse fácil acesso, o consumo das transmissões se espalharam pelo país inteiro, fazendo com que a modalidade crescesse no Brasil.

A paixão nacional

Se em relação aos esportes, o Brasil é considerado o país do futebol, enquanto no eSports, o Brasil é considerado o país do FPS, categoria responsável por despertar a paixão nacional dos torcedores o que, posteriormente, se espalhou para as outras modalidades também.

O motivo do FPS ter se tornado a chama inicial dos eSports no cenário brasileiro foi pelo fato de um time brasileiro, no jogo de FPS Counter Strike, ter ganhado dois títulos mundiais na categoria, algo que era visto como impossível de se conquistar. A partir deste momento, muitos torcedores passaram a acompanhar os jogos eletrônicos e acreditar que nada era impossível para os representantes brasileiros em todas as outras modalidades.

Os jogos eletrônicos tem torneios mundiais, onde cada parte do mundo tem sua região a ser representada. A divisão mais comum consiste em:

Por tanto, quando há uma competição internacional, os brasileiros não escolhem apenas um time para torcer, eles optam por torcer por aqueles que estejam representando o Brasil. Independente se há um, dois, três ou até mesmo quatro times brasileiros, a torcida irá demonstrar apoio àqueles que vistam as cores verde e amarelo.

Em fevereiro, o evento “Six Invitational”, do jogo de FPS Rainbow Six Siege, aconteceu em São Paulo e tornou-se uma competição inesquecível para aqueles que assistiram presencialmente. Mais de dez mil pessoas lotaram o Ginásio Ibirapuera nos três dias de evento, com a torcida pulsando, vibrando e cantando a todo momento para apoiar os dois representantes brasileiros. 

“Quando o assunto é torcer fielmente ao time, os brasileiros sabem bem como fazer isso, agora quando o assunto é torcer pela seleção, todos se unem e criam uma paixão imensurável que impressiona o mundo todo, e no eSport, não seria diferente.”

“Eu nunca vi uma atmosfera tão vibrante na minha vida no eSports. Com certeza vai ser um momento que irei lembrar para sempre e espero que essa paixão dos brasileiros seja repassada às outras regiões e possamos ter um show de torcidas mundo afora.”

A final foi formada pelos dois times brasileiros e, mesmo com título já garantido para o Brasil, a torcida ainda sim deu mais um espetáculo.

“O time para o qual sempre torci, foi eliminado antes mesmo de chegar na fase com público. Isso me causou uma grande dúvida de como seria essa experiência, mas logo no primeiro dia, ao entrar no ginásio e presenciar aquele palco indescritível e a festa que a torcida brasileira estava fazendo, tive a certeza de que seria um momento inesquecível. Torci muito, perdi a minha voz e pude presenciar uma final disputada por dois times brasileiros no nosso país”, relatou o estudante de engenharia da computação, Gustavo Fernandes.