Get Back e outros títulos para relembrar dos Beatles

Depois de 51 anos sem muitas informações sobre o disco que mais estressou a banda, as filmagens do álbum Get Back estão finalmente disponíveis

Khalil Silva

Postado em 05/12/2021

Os Beatles estão de volta em 2021. A lendária banda inglesa retorna trazendo um conteúdo muito ansiado por fãs, o documentário nunca lançado do disco Get Back (que foi mudado mais tarde para “Let it Be”). O material original foi lançado em alguns cinemas há muito tempo, porém nunca chegou a ganhar uma versão digital ou em DVD. Sem contar que esta versão chamada de The Beatles: Let it Be recebeu diversos cortes para minar as desavenças do grupo durante a produção do disco. 

O diretor de Senhor dos Anéis, Peter Jackson, foi o encarregado de produzir esta nova versão, agora chamada The Beatles: Get Back. Com a relevância que os Beatles possuem não é de se surpreender que eles possuam tanto conteúdo audiovisual, já que existem mais de 49 outras produções que abordam tanto a vida, quanto a obra ou fenômeno da banda inglesa, entre elas paródias, documentários ou homenagens. Vejamos algumas delas:

Febre de juventude

Cartaz do filme “Febre de Juventude” – Foto: Divulgação

Inspirado em fatos, I Wanna Hold Your Hand (assim como a música dos Beatles) ou no Brasil, Febre de Juventude, conta a história da apresentação que introduziu os Beatles na cena musical mundial, mas por outro ponto de vista. Dirigido por Robert Zemeckis e lançado em 1978, depois do fim da Beatlemania, o filme revive a sensação de ver pessoalmente um show da banda quando coloca seu espectador para acompanhar a jornada de adolescentes fãs do grupo que se veem desesperados para assistir à apresentação no Ed Sullivan Show.

O verdadeiro show ocorreu em 1964, quando segundo estatísticas da época, 70 milhões de americanos viram aquela performance pela televisão. Os Beatles já eram considerados famosos na Inglaterra e na Alemanha, mas foi o show feito nos Estados Unidos, que os levaram ao estrelato mundial.

Ariovaldo do Nascimento, de 61 anos, se vê recheado de nostalgia quando ouve a banda: “Eu me lembro quando eu era criança, e nessa época, nos anos 60, uma das primeiras músicas que escutei foi uma dos Beatles. E aquela rapaziada fazia a maior festa nas ruas, dançava, pulava, cantava, foi uma revolução na época. E até hoje ela traz isso, quando você ouve uma música dos Beatles, ela faz com que você se lembre de muita coisa boa.”

Ariovaldo do Nascimento diz que sua música favorita é Yesterday, pelo diferencial da voz e da performance de Paul McCartney. – Foto: Khalil Santos

O garoto de Liverpool

Cartazes do filme “O Garoto de Liverpool” – Foto: Divulgação

Baseado no romance da meia-irmã de John Lennon, Julia Bard, lançado em 2009, O garoto de Liverpool conta a história da infância e adolescência trágica e problemática do Beatle, enquanto ele se descobre musicalmente. O filme retrata os primeiros anos de John como músico e sua primeira banda, que já era considerada um proto-Beatles, por possuir como integrantes, além do próprio Lennon, Paul McCartney e George Harisson. Eles e mais alguns amigos fundaram em 1956, o The Quarrymen, inspirados pelo nome da escola em que estudavam.

Tereza Silva, de 58 anos, fã de segunda geração da banda, fala sobre a longevidade das músicas: “Eu não nasci na geração deles, hoje em dia, aqui em casa, a gente escuta também, se é pra dançar, a gente dança também. Acho que passa, sim, de geração em geração, mas depende muito da cultura de toda família.”

Tereza Silva diz que a separação da banda “Foi coisa do destino, tinha de acontecer”, e conclui dizendo que nenhum dos membros perdeu sua qualidade artística por ter deixado a banda. – Foto: Khalil Santos

Ela ainda diz acreditar que John seja o Beatle mais memorável: “John Lennon é presença viva. Até em Natal toca muita música dele, vão ficar sempre. Ontem mesmo fiz um comentário, “a música tem cantores e cantores”, às vezes você não está entendendo a letra, mas só o instrumento te deixa emocionada e ele faz muito isso.

Viver é fácil com os olhos fechados

Cena de “Viver é Fácil Com os Olhos Fechados” – Foto: Reprodução

Existiam diversos professores no passado que costumavam analisar as músicas dos Beatles para tirar alguma mensagem profunda das letras. Inclusive quando a banda soube disso fez uma música no disco Magical Mystery Tour chamada: I am The Walrus, que não possui sentido algum, justamente para brincar com esses professores. 

O personagem principal de “Viver é Fácil” era exatamente este professor. Antonio San Roman, professor espanhol de inglês numa escola católica, ensina o idioma através das letras dos Beatles. Um dia ele fica sabendo que John Lennon viria à Espanha para filmar “Como Eu Ganhei a Guerra”, então Antonio parte em uma viagem para se encontrar com o Beatle e conhecer seu ídolo.

“Viver é fácil com os olhos fechados” (trecho de Stawberry Fields Forever, também do álbum Magical Mystery Tour) é um filme de 2013, baseado numa história real vivida pelo professor Juan Carrión e que fez os Beatles colocarem as letras de suas músicas junto com os discos desde então.

Yesterday

Cartaz de “Yesterday” – Foto: Divulgação

Lançado em 2019, com mesmo nome da música cantada por Paul McCartney, Yesterday tem uma premissa bem curiosa. E se os Beatles nunca tivessem se juntado? O longa acompanha Jack, um músico frustrado por se sentir talentoso, mas nunca alcançar o devido sucesso. Em uma noite ele sofre um acidente e acorda num mundo onde John, Paul, Ringo e George nunca tocaram juntos. Então Jack começa a utilizar as músicas da banda para encontrar o tão almejado sucesso.

Apesar de sua ideia curiosa, Yesterday peca em muitos aspectos, mas possui uma das cenas mais tocantes dentro de sua história, que vale a pena ser vista.

Beatles: Get Back

Cartaz de “The Beatles: Get Back” – Foto: Divulgação

O mais novo conteúdo sobre a maior banda da história conta com mais de 150 horas de conteúdo de filmagem disponível, o produto inicial é que Get Back fosse lançado como filme novamente, mas depois de uma intensa conversa com o Disney Plus, foi optado em transformar o material numa série de 3 partes, com 2 horas e meia cada. Todas já disponíveis no Disney+

Segundo Igor Karashima, baterista da banda cover dos Beatles há mais de 20 anos, o Let it Beatles de Brasília, o documentário é “A prova cabal e indiscutível de que a genial obra dos Beatles venceu o tempo”. Afinal, estamos falando de um “lançamento” deles 51 anos depois do anúncio oficial do fim da banda.”

Acerca das polêmicas em torno da produção, o fã e baterista diz: “Os Beatles vinham tendo problemas antes das sessões do Let it Be. John e Paul vinham compondo cada vez menos individualmente, a imposição da presença de Yoko afetava de uma forma ou de outra o núcleo da banda. Os egos começaram a ter mais peso que as amizades. Então é temerário dizer que a gravação especificamente teve algum efeito corrosivo definitivo sobre o destino da banda, mas é claro, não deve ter sido fácil fazer tudo diante das câmeras.”

Igor Karashima conta que o projeto do “Let It Beatles” veio por amor à obra do Beatles: “Pelo simples prazer de tocar as músicas deles e de compartilhar esses momentos com outros fãs da banda. Em primeiro lugar somos fãs dos Beatles”. – Foto: Reprodução

Por último ele falou um pouco sobre o álbum “Let It Be”: “A ideia era voltar a ser uma banda de rock, sem muitos floreios, orquestrações e experimentações em estúdio. Foi um movimento de fundamental importância para os próprios Beatles, que se reinventaram voltando às suas origens. E hoje o que mais se vê são artistas se reinventando, mas muitas vezes perdendo um pouco de sua essência. Isso não ocorreu com os Beatles. Pelo contrário, eles voltaram à sua essência mais primordial. A música One After 909, por exemplo, foi composta anos antes, com uma levada mais rock dos anos 50”, afirma o baterista do Let it Beatles.

Ainda existem diversas outras obras sobre a banda inglesa, não é o primeiro nem último material lançado sobre os Beatles no século 21. A espera agora é quando a maior banda voltará novamente, o que eles irão trazer consigo para surpreender.