Cultura sul-coreana impacta cenário musical brasileiro

O “B-pop”, adaptação brasileira do gênero “K-pop”, traz elementos audiovisuais do famoso estilo musical sul-coreano

Vitória Alice Silva

Postado em 10/10/2021

O entretenimento sul coreano está invadindo o repertório ocidental. O país está se posicionando como um fenômeno extraordinário, exportando músicas, seriados de TV, cartoons, web dramas, filmes e jogos. Só em 2018, de acordo com dados da Agência Brasil, essa onda cultural garantiu uma renda para o país superior a US$ 7,4 bilhões. No Brasil, além do sucesso da produção cinematográfica, o pop coreano, mais conhecido como K-pop, também é uma febre entre o público jovem, tanto que o gênero musical inspirou os brasileiros a criarem uma adaptação própria, o chamado “B-pop”. 

O B-pop, adaptação brasileira do pop sul coreano, ainda é um gênero musical tímido no país. Diferente do pop comum, que faz sucesso no Brasil, como Anitta, Pabllo Vittar, Luísa Sonza, entre outros, o B-pop é inspirado em toda indústria musical coreana. Alexandre Rodrigues, diretor executivo e criador da MAV Produtora, agência que gerencia o grupo de B-pop Candy Killer, afirma que o K-Pop é responsável por uma mudança na forma como é visto o mercado da música atual. Grandes artistas do pop nacional já estão trabalhando em coisas que referenciam o gênero nos últimos tempos. “Acredito que parte de entrar nessa onda também é estar ligado no conteúdo que está em alta no momento”.

De acordo com o diretor, o que diferencia o pop do B-pop é a forma que as agências conduzem os artistas, inspiradas no modelo coreano, que demonstram uma forma de propor diferentes tipos de conexão do artista com o público, seja por meio das redes sociais, criando múltiplos conteúdos de gravação e entretenimento que não necessariamente envolvem música; ou na importância e elaboração das coreografias e a dedicação nas produções visuais. “O fã de um grupo de K-pop é mais do que um fã da obra do artista, mas também de todo esse universo que é proporcionado por eles”, explica. 

Entusiasta da cultura asiática, o estudante de Tecnologia da Informação Rodrigo Compan, 23 anos, conta que desde 2014 cultiva a ideia de ter um grupo B-pop. Em 2019, eles obtiveram atenção do público local mas, com a pandemia, os ensaios pararam, o que dificultou a estreia do grupo independente. 

Quanto a maior influência para seguir esse caminho, Rodrigo afirma que o grupo sul-coreano BTS tem um grande impacto na popularização do K-pop e da cultura asiática no Brasil. “Creio que o BTS sempre teve uma grande influência nesse meio, até mesmo quando eles começaram. Também tive muita inspiração de EXO e Girls Genaration”.

Atualmente, o grupo sul-coreano BTS é o mais popular do gênero | Foto: BigHit Entertainment

Juntas por um propósito 

Há poucos meses foi anunciado ao público, via Instagram, o grupo Candy Killer, composto por Kawany Kawai (Kaw), Giovanna Alcântara (Bu), Julia Bock (Ju) e Vitória Bach (Vis). Arquitetado em 2017 pela líder e compositora do grupo, Kaw conta que pouco depois de conhecer o K-pop teve uma grande vontade de montar algo parecido com o gênero sul-coreano. 

De acordo com Kaw, por mais que a indústria brasileira seja diferente da coreana, existem muitas referências. “Ainda estamos tentando nos descobrir em relação ao nosso estilo, mas com certeza o K-pop é a nossa grande inspiração, até na questão de treinos. Os idols tem uma rotina de treinamento bem pesada, aqui a gente tenta fazer o que dá para fazer de acordo com a nossa rotina”. Grupos consolidados no cenário coreano como Stray Kids, Red Velvet, (G)-Idle, ITZY e NCT são as principais referências das integrantes do grupo brasileiro, tanto na estética quanto na super produção artística dos grupos.

Com a data de estreia confirmada para 19 de novembro, as meninas estão se preparando para o lançamento da primeira música – How We Rise – que, de acordo com Giovanna Alcântara (Bu), será sobre descobrir o que realmente gosta de fazer, sonhos e apoio mútuo. “É sobre estar junto, crescer junto, e correr atrás dos nossos sonhos do jeito que a gente pode”.

Com o Candy Killer, as integrantes querem quebrar barreiras e alcançar um público extenso. “A primeira coisa que eu gostaria que acontecesse é que a nossa música chegasse em muitas pessoas”, relata Vitória Bach (Vis). “A gente quer muito passar mensagens através das nossas músicas, então a gente quer que isso atinja o máximo de pessoas possível e que as pessoas possam se identificar com a gente, com o que a gente faz, com a gente como pessoa, também. E gostaríamos de inspirá-las, de certa forma”, finaliza Julia Bock (Ju).