Suplementação nutricional é crucial para prevenir deficiências no pós bariátrica

O acompanhamento nutricional é necessário para facilitar a cirurgia;
SBCBM sugere a disponibilização de polivitamínicos pelo SUS

Lais Nogueira

Postado em 01/04/2024

Fotografia: Laís Nogueira | Frutas e remédios são aliados na alimentação pós bariátrica

A nutrição antes e depois da cirurgia bariátrica é tão importante quanto a avaliação pré-operatória. Antes da cirurgia, é necessário o acompanhamento nutricional, com uma dieta hipocalórica, rica em proteínas para facilitar a cirurgia. Após a cirurgia, é necessário um planejamento alimentar específico, seguindo as fases de evolução alimentar. A suplementação nutricional é crucial para prevenir deficiências, principalmente de proteínas, ferro, vitaminas B12, D e cálcio.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) divulgou dados que mostram um aumento de 20,5% nos procedimentos bariátricos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Até agosto de 2023, foram feitas 4.553 cirurgias, em comparação com 3.777 no mesmo período de 2022. Em contraste, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), houveram 65.256 cirurgias através de planos de saúde em 2022. Somando-se com os números do SUS com as cirurgias particulares, o total em 2022 foi de 74.696 procedimentos, um salto em comparação aos 63.016 de 2021. 

Crescimento da obesidade

O presidente da SBCBM, Antônio Carlos Valezi, ressaltou que o número de cirurgias pelo SUS representa apenas 1,5% da população elegível para o procedimento. No Brasil, a obesidade é uma epidemia crescente, afetando 31,8% da população, de acordo com dados do Sistema de Vigilância Alimentar do Ministério da Saúde.

O crescimento da obesidade é evidente em diversos indicadores. O Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostra um aumento de 10,6 pontos percentuais na frequência de adultos com obesidade entre 2006 e 2021. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, a obesidade pode atingir 41% da população brasileira até 2035.

A SBCBM defende uma maior transparência nas filas do SUS para o tratamento cirúrgico da obesidade e propõe revisões nas portarias que estabelecem as diretrizes da cirurgia bariátrica no sistema de saúde público. Entre as sugestões estão atualizações nos critérios de tratamento cirúrgico, regulação de hospitais credenciados, disponibilização de polivitamínicos e incentivos para cirurgias de alta qualidade.

Deficiências nutricionais 

Após a cirurgia bariátrica as deficiências nutricionais podem ocorrer pela menor ingestão de alimentos, devido à redução do estômago, e/ou pela diminuição da absorção dos nutrientes – as quais podem variar conforme o tipo de cirurgia. A dieta individualizada e bem orientada é a maneira mais adequada de manter os nutrientes em níveis desejáveis. No entanto, em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, a restrição do tamanho do estômago, o desvio intestinal e algumas intolerâncias alimentares justificam a utilização da suplementação nutricional. Portanto, a utilização de uma dosagem diária adequada de polivitamínicos/minerais é a forma de garantir esse aporte.

Operado há alguns anos, Sosthenes Paz, servidor público, reforça: “Eu tenho sempre que ficar de olho na minha alimentação.” Tendo eliminado mais de 30 kg, o fotógrafo explica a necessidade de estar sempre atento ao que entra na alimentação “Depois da cirurgia, comecei a ter muitos problemas com excesso de cálcio, que me causam pedra no rins. Tenho que beber bastante água.”

Fotografia: Arquivo pessoal, na foto Sosthenes Paz  

Através do acompanhamento de rotina com equipe multidisciplinar será avaliada a necessidade de uma suplementação específica de algum nutriente isolado, caso seja necessário. De uma forma geral, as deficiências nutricionais mais comuns na cirurgia bariátrica são: proteína, ferro, zinco, cálcio, vitamina D e vitaminas do complexo B. Os sinais e sintomas que geralmente podem ocorrer destas deficiências são: queda de cabelo, unhas quebradiças, anemia, fraqueza, cansaço, pele ressecada, “formigamento” das extremidades (braço/mãos e pernas/pés), e algumas vezes déficit de memória.