Cenário de lutas em Brasília atrai novos adeptos

Brasília vem sendo um lugar de competições e sonhos de lutadores que almejam viver do esporte

Noe Luján

Postado em 08/04/2024

Brasília, capital do Brasil, conhecida por seu cenário político e arquitetura marcante, aparece também como um epicentro para os amantes das artes marciais. Nas entrelinhas das decisões governamentais e nos corredores do poder, encontramos uma cena de lutas, onde diversas formas de competições aparecem cada vez mais.

Para muitos habitantes da capital brasileira, acordar todos os dias envolve uma corrida contra o tempo: enfrentar o trânsito caótico, as demandas profissionais, os compromissos pessoais e ainda encontrar espaço para participar ativamente das questões que permeiam o ambiente brasiliense. O desafio está em equilibrar os múltiplos papéis que desempenhamos, seja como trabalhadores, estudantes, membros de família.

Nos últimos tempos, a capital federal tem testemunhado um crescente interesse pelas artes marciais, impulsionado por uma combinação de fatores sociais, culturais e esportivos. Este fenômeno não é apenas uma manifestação de busca por condicionamento físico e defesa pessoal, mas também reflete a busca por uma conexão mais profunda entre corpo e mente, um escape das pressões cotidianas e uma forma de cultivar disciplina e autoconfiança. 

Competindo contra o cotidiano

Leonardo segurando troféu. Foto por Leonardo Ventura

Assim como aconteceu com Leonardo Ventura, estudante de psicologia, atleta de 20 anos que desde a escola treina Muay Thai, ele começou a lutar devido a um bullying que vinha sofrendo na escola e viu uma maneira de ganhar mais confiança treinando. Especializando-se percebeu que teria futuro no esporte e decidiu continuar, tanto que acabou pegando o gosto, e ganhou o campeonato Distrital em 2022. 

Nas outras competições em que ele participou, todas eram de nível amador. No Muay Thai, é comum que apenas atletas profissionais recebam remuneração para lutar. Embora ele tenha participado de algumas lutas com patrocínio, em nenhum desses acordos conseguiu obter ganhos financeiros. Na maioria dos casos, os patrocinadores arcavam com a taxa de inscrição e forneciam materiais para as competições.

Para a preparação das competições, demanda-se um investimento significativo de tempo e esforço no treinamento físico. Na última luta da qual participou, Ventura treinava em média cinco horas por dia, começando com uma sessão de Muay Thai pela manhã, seguida de musculação à tarde, e encerrando com mais dois treinos de Muay Thai à noite. Junto com os estudos e lesões fica cada vez mais pesado competir, então deixou de lado os torneios.

Ventura já considerou a possibilidade de buscar uma carreira profissional no mundo da luta. Imaginar uma vida dedicada ao que ama fazer sempre foi um sonho para ele. Após concluir o ensino médio, ingressou imediatamente no curso de psicologia, porém, o desejo de viver da luta o levou a trancar o curso e focar intensamente nos treinos para competições, enquanto iniciava sua inserção no mercado de trabalho. Mas, hoje, vê a dedicação exclusiva ao esporte como uma ideia utópica. 

“Hoje em dia não pretendo competir novamente devido às lesões que eu tenho, pois não consigo emendar uma sequência de treino boa. Então, sim, mantenho a luta apenas como um hobby, uma maneira de me exercitar e continuar praticando o Muay Thay. Hoje, com a maturidade que tenho, vejo que viver da luta na minha situação atual, é apenas uma ideia utópica.”

Leonardo comemorando sua vitória. Foto por Leonardo Ventura
Leonardo comemorando sua vitória. Foto por Leonardo Ventura
Lucas com medalha. Foto por Lucas Galiza

Diferente de Lucas Galiza, que não vê a luta como um hobby. O atleta de 24 anos, que pratica o Jiu Jitsu desde os seus 17 anos, sempre foi muito agitado quanto à luta, e entrou nesse mundo por auto defesa também. Já testou diversas artes marciais, entre elas o judô, até se encontrar. Ele não vê a luta só como hobby, por que dá aulas e compete, e por ser formado em educação física, viu como uma forma de conciliar as duas coisas. Desde quando começou a competir e conquistar vitórias consecutivas, passou a imaginar uma vida em que poderia se sustentar apenas com as competições.

“Por ser formado em educação física, consigo conciliar facilmente as lutas com o trabalho, justamente por ficar muito tempo no tatame durante meu dia.”

Lucas ganha dinheiro com as competições em campeonatos em que os atletas são convidados para competir . Normalmente as lutas são transmitidas ao vivo na plataforma onde os gerenciadores do campeonato estão transmitindo.