Uso excessivo de IA pode prejudicar o pensamento crítico, revela estudo
Pesquisa reuniu 319 pessoas que usam IA com diferentes níveis de frequência e confiabilidade
Postado em 08/07/2025

O desenvolvimento da Inteligência artificial começou no início da década de 1950, e desde então essas plataformas vêm se popularizando tanto para processamentos de dados em grande escala quanto para atividades do cotidiano. Essa tecnologia é usada para diversas tarefas, como assistência virtual, detecção de fraudes financeiras, escrever textos, criar planilhas e entre outros. Porém, até que ponto essa praticidade é saudável?
Em fevereiro de 2025, a empresa de tecnologia Microsoft em parceria com a universidade americana Carnegie Mellon, publicou um estudo alertando para o risco de atrofiamento da cognição humana devido ao uso de inteligência artificial. O estudo foi realizado com um grupo de 319 pessoas que usam IA com diferentes níveis de frequência e confiabilidade. O resultado mostrou que usuários que tinham menos confiança na inteligência artificial, usavam mais pensamento crítico e tinham mais confiança em sua capacidade de melhorar o conteúdo.
Em contrapartida, usuários que faziam tarefas sobre pressão usavam menos o pensamento crítico, o que levantou preocupações sobre o uso de IA a longo prazo. “Ao mecanizar tarefas de rotina e deixar o tratamento de exceções para o usuário humano, o usuário é privado das oportunidades de rotina de praticar seu julgamento e fortalecer sua musculatura cognitiva, deixando-o atrofiado e despreparado quando as exceções surgem”, diz o artigo da Microsoft.
Preocupações no ambiente educacional
Uma das vertentes dessa preocupação é no âmbito escolar, que lida com o desenvolvimento de crianças e adolescentes que estão se tornando cada vez mais dependentes dessas plataformas para atividades diárias. Nas redes sociais é possível ver diversos relatos de pessoas usando o Chat GPT para realizar tarefas cotidianas, como montar treinos de exercício físico, fazer contas de matemática, planejar viagens e até pedir conselhos amorosos.
Segundo o doutor e pesquisador em educação Gabriel Petter, essa dependência também está atrelada a outros vícios. “Essa dependência vem acoplada com outra que é a das telas de aparelhos smartphones, e se tornando uma dependência muito rapidamente verificável. A partir desses comportamento você delega a sua inteligência, sua capacidade de raciocínio crítico, de resolver qualquer tipo de problema concreto, abstrato e tecer reflexões a uma inteligência artificial, a uma máquina”, explica o pesquisador.
O desenvolvimento crítico de alunos e estudantes é uma das grandes preocupações de especialistas. “Eu vejo que esses prejuízos vão se acumulando ao longo do tempo e eles vão se expressar numa formação muito deficiente, porque as pessoas praticamente estão delegando a sua capacidade de pensar a essas tecnologias.
Como amenizar esse efeito entre os jovens?
Controlar o uso desenfreado de IA ainda é um desafio para educadores, que apesar de não terem que lidar com o vício em telas dentro das escolas desde a implementação da lei 15.100/25, que proíbe alunos de usarem telefone celular e outros aparelhos eletrônicos portáteis em escolas públicas e particulares, não conseguem ter esse controle fora das escolas.
É importante levar em consideração a realidade de cada família quando o assunto é o controle parental. “Você deve proibir que os filhos façam uso excessivo dessas tecnologias e também nas telas. Mas imagina, que tipo de país a gente está falando? Qual a capacidade que esses pais têm de perceber que o vício em telas, que o uso excessivo de inteligências artificiais prejudica a aprendizagem dos filhos? São poucos”, relata Gabriel
Como estudantes veem a plataforma
Para Gabriele Rodrigues, estudante de Publicidade e Propaganda, a plataforma é útil para otimizar tarefas. “Uso o Chat GPT para montar treinos, organizar minha rotina, pedir recomendações de filmes e várias atividades do dia a dia. Acho muito útil”, relatou a estudante.
Em outros casos, a IA é usada como ferramenta de estudo. “Eu sei das minhas dificuldades de estudo, eu tenho dificuldade com textos muito longos e acaba que eu perco a linha de raciocínio fácil. Então, quando eu vou estudar sobre alguma coisa, eu peço para o Chat GPT dividir para mim aquele tema em tópicos, os principais tópicos, o que ele considera mais importante do que ele encontra na internet, para facilitar o meu estudo”, relata Vitor Hugo Santos, estudante de Inteligência artificial e Ciências de Dados.