Sucesso da tarifa zero no Carnaval abre debate sobre transporte público como serviço essencial
A iniciativa “Vai de graça” iniciou sua fase de teste no último Carnaval e deve beneficiar não só foliões, mas também populações marginalizadas que dependem do transporte público no cotidiano.
Postado em 17/03/2025

Em fevereiro de 2025, o governador do DF Ibaneis Rocha (MDB) anunciou que, a partir de 1° de março deste ano, o transporte público do DF seria gratuito aos domingos e feriados. A medida, que entrou em vigor durante o Carnaval, inclui os ônibus e o metrô da capital, com as frotas de ônibus preparadas para suprir o aumento da demanda e itinerários otimizados para atender à população de maneira estratégica.
Segundo o Semob (Secretaria de Transporte e Mobilidade), mesmo com o aumento de 23,52% na demanda de passageiros, não houve registro de vandalismo ou outros grandes problemas. Maria Luíza Medeiros, estudante da Universidade de Brasília (UnB), que utilizou o transporte gratuito durante o feriado de Carnaval, mas também utiliza com frequência no seu cotidiano para estudo e trabalho, conta sobre a sua experiência. “Consegui pegar os ônibus rapidamente e não senti uma demora a mais. Em relação a superlotação, senti que estava a mesma coisa, com o mesmo fluxo de pessoas.”
Ibaneis Rocha, por meio das suas redes sociais, afirmou que essa é uma medida que vem para ajudar a população marginalizada, aqueles que mais utilizam o transporte público na cidade, mas também tem o objetivo de melhorar o turismo, o comércio e o acesso ao lazer. Maria Luíza reforça: “A tarifa zero permite o direito à cidade, facilitando o deslocamento, principalmente em uma cidade ‘espalhada’ como Brasília. Você permite que as pessoas usem a cidade.”

Tarifa zero como direito social
A mobilidade urbana está diretamente relacionada à qualidade de vida das pessoas. O IPEDF (Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal) divulgou o estudo “Como Anda Brasília” que revela como a população do DF se locomove para trabalhar e estudar. Baseado nos dados coletados na última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), de 2021, a pesquisa apresenta recortes sobre a mobilidade de acordo com sexo, idade, raça e renda.
Utilizando como base o deslocamento entre a residência e o local de trabalho, os moradores do Sol Nascente/Pôr do Sol (62,8%), Paranoá (58,1%) e São Sebastião (53,1%) são os que mais utilizam as linhas de ônibus como meio de transporte principal. Os dados destacam como cidades que concentram as maiores taxas de pobreza do DF são as que mais dependem do transporte público, reforçando a necessidade da tarifa zero para garantir o direito à mobilidade.
Nas suas redes sociais, Ibaneis reforça: “Vamos trabalhar para que, no futuro, o transporte público do Distrito Federal seja integralmente gratuito para toda a população”, apontando para um horizonte onde a mobilidade deixaria de ser um privilégio para se tornar um direito de todos. A tarifa zero, além de reduzir desigualdades, desafia a lógica de uma capital historicamente marcada pela segregação espacial.