Jogos Paralímpicos de Los Angeles em 2028 tem nova modalidade: a paraescalada
Inclusão deve atrair mais investimento e
garantir maior suporte aos atletas
Postado em 22/04/2025

Pela primeira vez na história, a paraescalada integrará o programa dos Jogos Paralímpicos em Los Angeles, daqui a três anos. A inclusão, aprovada pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC), deve ampliar o reconhecimento global da modalidade e atrair maior investimento.
A paraescalada adapta a prática da escalada esportiva para atletas com deficiência, com categorias definidas conforme o tipo de limitação, como deficiência visual, amputações, paralisia cerebral, entre outras. A adequação de vias e equipamentos garante a participação inclusiva e segura dos competidores.
Esporte no Brasil
No Brasil, a Confederação Brasileira de Escalada Esportiva (CBEscalada) é responsável pela regulamentação da modalidade. Segundo Nayara Falcão, diretora de Projetos Paradesportivos do Ministério do Esporte, a entidade tem sido essencial para o fortalecimento e a estruturação da paraescalada no país, inclusive no entendimento das deficiências elegíveis conforme as regras do IPC.
“As expectativas para Los Angeles 2028 são altas”, diz Nayara, realçando a importância de programas como o Bolsa Atleta e do apoio institucional. “É um sacrifício pessoal e familiar, pois eles vivem uma realidade muito desafiadora”, revela a diretora, que também é paratleta.

Ela observa que os gestores da paraescalada também enfrentam desafios para promover o esporte e transformá-lo em um polo de atração para os atletas e o público em geral. De acordo com Nayara, “ao envolver toda a comunidade esportiva, contribuímos para uma mudança social quando integramos pessoas com deficiência à convivência com pessoas sem deficiência.”
Raphael Nishimura, diretor institucional da CBEscalada, relata que com a inclusão da modalidade nos Jogos, os paratletas devem receber maior suporte. “Até o ano passado, tudo era feito com recursos próprios. Agora, esperamos garantir benefícios iguais aos da escalada convencional”, diz. A entidade prevê, este ano, organizar o Campeonato Brasileiro de Paraescalada, enviar atletas a etapas internacionais da Copa do Mundo e ao Mundial em Seul.
Raphael também é ex-atleta e conta que apesar da dedicação total à Confederação, não deixou de treinar, mas agora leva o esporte como forma de lazer. Ele chama atenção para o fato de que a contratação de uma pessoa com deficiência em um cargo de diretoria representa uma evolução da sociedade. “Foi uma quebra de paradigmas”, comemora.

Dedicação e desafios
Luciano Frazão, atleta de paraescalada de Brasília tem 45 anos, trabalha em uma academia e dá aula de escalada para crianças. Ele conta que começou a praticar o esporte em 2014 por acaso. “Uma pessoa me parou na rua perguntando se eu conhecia a escalada e resolvi tentar. Desde então, nunca mais parei de praticar o esporte”. O atleta diz que participa de competições há 10 anos.
Apesar disso, ele afirma que ainda está entrando para o alto rendimento, pois só agora consegue dedicar todo o seu tempo ao esporte. “Não tenho patrocínio, portanto tenho que trabalhar para conseguir arcar com os custos de viagens e equipamentos”.
Dentre todas as competições que participou, o atleta revela que a mais marcante em sua carreira foi o Campeonato Mundial de Paraescalada de Berna, na Suíça, em 2023. “Foi minha primeira competição internacional”. Ele disputou na categoria AL2, para atletas com amputação ou limitação severa dos membros inferiores.

A CBEscalada atua ainda para ampliar o acesso à prática, com projetos de capacitação e conscientização sobre acessibilidade em ginásios. A expectativa é que, com o reconhecimento paralímpico, o esporte se torne mais inclusivo e estruturado em todo o país.
A campeã mundial de paraescalada, Marina Dias, natural de Santos e com 42 anos, afirma que a inclusão da modalidade nos Jogos Paralímpicos de Los Angeles 2028 representa um marco importante. Segundo ela, a decisão trará apoio financeiro e estrutura para o desenvolvimento da paraescalada no Brasil.
Marina atualmente conta com patrocínio da prefeitura de sua cidade e apoio de voluntários. No entanto, ela avalia que o investimento do Comitê Olímpico permitirá que mais atletas sem patrocínio consigam se dedicar exclusivamente ao esporte.
“A entrada da modalidade nas Paralimpíadas garantiu suporte financeiro ao Comitê, que viabilizou a criação da seleção brasileira de paraescalada, com incentivo aos atletas e equipe técnica dedicada”, conclui.
