Moda urbana e conceito romântico são bases de nova marca brasiliense

Aos 20 anos, Igor Sampaio transforma vivências pessoais em uma marca de moda que une estética romântica, autenticidade e conexão com a Geração Z

Mirna Silveira

Postado em 22/04/2025

Nos últimos anos, o streetwear deixou de ser apenas uma tendência das ruas para se tornar um dos pilares da moda global. Em 2023, o segmento movimentou aproximadamente US$ 206 bilhões, e as projeções apontam que esse número pode ultrapassar os US$ 300 bilhões até 2032, segundo dados da consultoria Beyond Market Insights. Esse estilo urbano atrai principalmente os jovens da Geração Z, que buscam identidade e originalidade em cada peça que vestem. 

Nesse cenário surgem empreendedores que buscam explorar diferentes ideias e cenários, como Igor Sampaio, um jovem publicitário brasiliense de 20 anos que partiu de uma visão estética própria e deu início a Last Romantics Club, marca de streetwear com um conceito que dialoga com tendências da moda e estilo urbano. Conheça a seguir um pouco mais sobre as vivências e trajetória deste jovem romântico.

“Eu tenho um potencial gigantesco de transformar o público em venda, em produto e fazer essa conexão”, afirma Igor Sampaio, proprietário da Last Romantics Club. (Reprodução/Instagram: @byigorsampaio)

De onde surgiu o interesse pela moda?

Eu sempre curti moda e me vestir bem. Eu já tive outra marca com 16 anos, por aí. Eu não tinha muita noção de como era a fabricação, a questão de como engajar uma marca, e não deu certo. Aí eu desisti, tirei essa marca do ar, sentei, parei e comecei os conteúdos até nascer a LRC (abreviação de Last Romantics Club).

Hoje você tem mais de 300 mil seguidores nas redes sociais. Como foi para você começar a produzir conteúdo de moda para a internet?

Eu comecei com o Tik Tok do meu primeiro negócio, a Igloo. Eu lembro que eu criei a conta para divulgar a empresa. Eu só fazia conteúdo pro Tik Tok da Igloo, não tinha o meu pessoal. O projeto acabou não dando certo. O Tik Tok subiu bem, eu tinha 80 mil seguidores, mas não tinha muita venda, o público não era certo. Parecia que eu estava desesperado para vender. Quando eu parei a marca, eu parei a conta da Igloo também. Pensei em criar um Tik Tok meu. Falei: “Vou gravar meu conteúdo pessoal até dar certo”. E foi muito rápido. Acho que eu gravei uns três vídeos. No quarto, peguei 200 mil visualizações e subiram 40 mil seguidores de uma vez só. Isso foi o que me deu motivação para continuar. 

Sobre a Last Romantics Club. De onde veio a ideia de criar sua própria marca e como surgiu o conceito?

Desde quando eu abri minha conta pessoal, eu vi que estava chegando muita gente e eu fazia muita publicidade. Acho que fiz para a maioria das marcas nacionais. E eu sempre quis ter meu próprio negócio. Lembro que fiz um vídeo para a Midas que pegou 2 milhões de visualizações e eles venderam muito com o meu cupom. Pensei: “Eu tenho um potencial gigantesco de transformar o público em venda, em produto e fazer essa conexão. Vou criar o meu”. Sobre o conceito da LRC, da “Tropa dos Românticos”, eu consumo muita moda, música, arte em geral. Na época, eu estava consumindo muito o álbum de trap do Wiu, o “Manual de Como Amar Errado”. Foi o primeiro álbum que ele lançou. Ele tinha uma música que falava sobre ser o último romântico do mundo. Eu estava ouvindo enquanto pensava no nome da marca, mas só vinham nomes genéricos e eu não tinha muitas ideias. Aí eu ouvi essa parte no fone e pensei: “É agora. É essa. Clube dos Últimos Românticos. Foi aí que eu decidi começar”.

Você começou sozinho ou já contava com uma equipe desde o começo?

Foi 100% sozinho. A marca é recente. Cresceu rápido, mas tem um ano e dois meses. Até dezembro do ano passado os “drops” eram feitos lá em casa, no meu quarto. A marca foi crescendo e não tinha mais como ficar dentro do quarto. É uma empresa como qualquer outra. Esse ano a gente veio para um escritório e está com uma equipe maior. Tem o “Serginho” que é fixo aqui na sala, ele faz um pouco de tudo. O Vini é modelo. Tem uma equipe que fotografa, mas aí é terceirizado. Fixo mesmo só o Sérgio.

Você comentou que é formado em Publicidade e Propaganda. Você é o responsável por cuidar da parte visual da marca?

Já fui, mas hoje em dia não. As primeiras peças era eu quem criava. Eu fazia tudo. Hoje eu cuido mais da parte de direção criativa, ideias de coleção, ideias de lançamentos e mídias sociais. A gente tem um designer que faz, mas eu que idealizo tudo, passo para ele o que eu quero, a gente altera juntos. Eu entendo um pouco de design, então quando precisa alterar alguma coisa, eu altero e faço outras ideias de peças. 

“A gente sempre vai através do amor, que é o principal ponto da LRC”. (Reprodução/Instagram: @byigorsampaio)

Como funciona o processo criativo das coleções? Sofre influência de tendências e afins?

Em questão das peças, a gente vê muito o que o mercado pede.Por exemplo, a camisa “boxy” foi uma tendência que estava crescendo do ano passado para cá. A gente aderiu e a camiseta boxy do último drop foi a peça que mais vendeu na história da marca. A gente tem um conceito a seguir que é a questão do amor, mas se eu for seguir ele muito à risca, a gente vai ficar engessado em uma coisa só. Eu tento trazer esse conceito em pequenos detalhes. A gente sempre vai através do amor, que é o principal ponto da LRC.

Mesmo sendo uma marca recente, a LRC está crescendo rápido. O que você acha que te fez atingir esse marco de maneira tão breve?

Principalmente a criação de uma comunidade. Desde que eu comecei a marca, eu sabia que esse seria o diferencial. A gente sabe criar uma comunidade e engajá-la. Tem três grupos VIP no WhatsApp, cada um com mais de 1.000 pessoas. Eu vejo que não é só sobre criar um grupo VIP, é sobre conectar pessoas. Pessoas se conectam com pessoas, por isso eu faço muito conteúdo para o meu Tik Tok, Instagram e coloco a “cara”. Com a produção de conteúdo, já tinha gente que se identificava comigo e quando eu criei a LRC, que faz parte de mim, as pessoas se conectaram do mesmo jeito. A gente faz essa ponte entre criar uma comunidade e engajar essas pessoas com o propósito da marca.

Quais os principais desafios desde a criação da LRC?

Hoje, o problema é a questão do fluxo de estoque. A gente tem uma demanda muito alta para uma fabricação que, hoje em dia, já está se igualando com a demanda, mas antes era mais baixa. A produção é uma parte difícil hoje no Brasil. Aprovar peças piloto, ver cortes, costura, modelagem e aprovar peças. Demora um tempo. É essencial ter esse tempo entre uma produção e outra e não ficar muito tempo sem lançar nada. Hoje a gente trabalha com o esquema de drops, mas sempre soltamos uma “cápsula” entre eles, que pode ser uma camiseta exclusiva, uma peça diferente.

Fale um pouco sobre momentos gratificantes que te fizeram ver que seu trabalho está valendo o esforço.

Acho que ver o Teto, artista da gravadora 30PRAUM, usando a LRC foi um momento muito especial. É um artista que eu escuto há muito tempo. Quando a gente encontrou uma galera em um show usando, foi muito especial também. Uma viagem que a gente fez pra Paris no ano passado e lançou uma camiseta lá. Tem vários momentos.

Qual dica você daria para alguém que está começando uma marca do zero?

Acho que você tem que ser diferente. Todos os dias criam muitas marcas, mas sempre são genéricas. As pessoas criam só por criar. Parece que virou “modinha” criar marca de roupa, mas às vezes não tem nenhum significado, não tem um conceito por trás. São peças pretas e brancas com uma logo no peito. Quem quer começar uma marca para ter um negócio tem que se planejar, fazer com amor e conceito. Fazer uma coisa diferente, porque para se destacar em um mercado com muitas marcas é difícil. Sem algum diferencial você não vai conseguir crescer.