Locavorismo: compre de quem está perto de você
Busca por alimentos mais saudáveis guia consumidores que preferem comprar de produtores locais
Postado em 24/04/2025

O conceito de locavorismo, prática de consumir alimentos produzidos localmente em um raio de até 160 km, foi introduzido em 2005 por Jessica Prentice e se popularizou ao redor do mundo, sendo eleito “palavra do ano” em 2007 pelo New Oxford American Dictionary. No Brasil, a prática tem crescido desde então, pois muitos consumidores passaram a preferir comprar de pequenos produtores, apoiando feiras e hortas comunitárias. Esse movimento fortalece a economia local e promove uma alimentação mais saudável.
Leonardo Jefferson, morador de Taguatinga, frequenta semanalmente a “Feira da QSD”. “O custo-benefício é excelente: além dos preços mais acessíveis, os alimentos chegam frescos das hortas. A maioria das feiras é próxima de casa, oferecendo verduras, legumes e uma grande variedade de produtos, como temperos e doces caseiros”, diz ele.

Além disso, alimentos produzidos dessa maneira são geralmente mais saudáveis, pois a redução no tempo de transporte preserva melhor os nutrientes. Em comparação com os produtos industrializados ou transportados por longas distâncias, as frutas, legumes e verduras, típicas das feiras e pequenos mercados, têm uma melhor qualidade.
Ricardo Miranda, coordenador da “Feira do Produtor” em Valparaíso de Goiás, aponta os desafios enfrentados para consolidar a prática do locavorismo na região.
“Estamos em processo de regularização. Estou conversando com o prefeito e o vice-prefeito para conseguir a liberação formal e criar um formato de aquisição. Hoje, todos os feirantes que estão aqui são antigos, e mantemos a feira organizada e limpa. Não aceitamos comercialização de pontos. A medida que alguém sai, a vaga fica disponível para outro.”
Ricardo também lembra que a feira começou em 2017 com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente: “Rafael Vianna, que era o secretário, foi quem iniciou tudo. Ele ajudou a criar o galpão e foi essencial para a estruturação inicial. Depois, fomos melhorando com recursos próprios dos feirantes. A energia, a pintura e a ampliação do espaço foram feitas com essas contribuições.”

Ele também destacou que a feira tem experimentado um crescimento desde a pandemia. “Percebo que as pessoas estão mais preocupadas com a alimentação saudável. Tivemos um aumento nas vendas, principalmente porque a região está crescendo com novos condomínios, o que trouxe novos clientes. A mudança é visível.”
Em relação aos desafios econômicos, ele afirma: “Aqui, a competição com grandes mercados é difícil, principalmente por causa dos preços. Mas nossos produtos têm qualidade. As hortaliças são plantadas aqui mesmo e sem agrotóxicos. Embora a variedade de produtos possa ser limitada em alguns momentos, conseguimos manter uma produção regular, sempre com foco na qualidade.”
Sobre os custos de operação da feira, Ricardo explica que eles não têm custo fixo com o galpão. “Mas ainda estamos em busca de uma destinação formal desse espaço pelo poder público. No entanto, temos uma taxa mínima para manutenção e algumas contribuições dos feirantes, como a limpeza do banheiro e pequenos reparos quando necessário. Para grandes manutenções, contamos com um fundo de caixa que é dividido entre os feirantes.”
Experiência do consumidor
Ricardo também apontou a maior dificuldade da feira: “O problema é fazer com que as pessoas se acostumem a comprar na feira. Aqui em Valparaíso, a cultura da feira não é tão enraizada, mas estamos trabalhando nisso. A pandemia trouxe uma renovação de clientes, mas a concorrência com grandes mercados e os hábitos de consumo ainda são desafios a serem superados. Para o sucesso da feira, estamos adaptando a oferta de produtos, trazendo mais variedade, formas de divulgação e pensando na experiência do cliente.”
Sávio Saulo, morador do Gama, que cultiva sua própria horta, destaca que produzir alimentos em casa não apenas contribui para a redução da pegada de carbono, mas também é mais barato, comparado a comprar de grandes supermercados. “Os gastos são mínimos, incluindo sementes, mudas e adubo; mesmo para uma família pequena, o valor é irrisório. Comparado aos preços de mercados e feiras, é até mais barato produzir em casa”, complementa.
