52 anos da Catedral de Brasília: conheça a arquitetura do monumento
A Catedral foi o primeiro monumento a ser criado na capital e é considerada um marco da arquitetura moderna
Postado em 22/05/2022
Projetada por Oscar Niemeyer, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, conhecida como Catedral de Brasília, foi inaugurada em 1970 e completa 52 anos no dia 31 de maio. O projeto revolucionário do monumento é considerado um marco da arquitetura moderna e rendeu ao arquiteto o prêmio Pritzker, em 1988.
O monumento segue um estilo arquitetônico diferente das típicas igrejas cristãs ocidentais, cujo o mais predominante é a arquitetura gótica. Em entrevista concedida à revista Istoé Dinheiro, Oscar Niemeyer afirmou que a Catedral se destaca justamente por não seguir o padrão. “Você pode ir a Brasília e gostar ou não dos palácios, mas você não pode dizer que viu coisa parecida. Pode ter visto melhor, parecida não. Ninguém viu um prédio como o Congresso Nacional, com cúpulas soltas em cima de uma placa. Nem a Catedral. Pode ter outras melhores, mas igual não. O importante é a invenção. Brasília é isso”.
Frederico Flósculo, professor de Arquitetura e Urbanismo da Unb (Universidade de Brasília), conta que a Catedral foi criada, a princípio, para ser um templo ecumênico, e não católico. “A nossa Catedral possui a linguagem do ecumenismo, o simbolismo católico não está presente, independente da quantidade de cruzes que coloquem no topo”.
O arquiteto explica também o porquê da Catedral ser considerada um marco do modernismo. “O conjunto de Brasilia, que em termos de arquitetura, Oscar Niemeyer foi a personalidade dominante, se associa ao modernismo radical de Lucio Costa para a cidade. O seu significado está atrelado a uma grande transformação da arquitetura mundial. A Catedral realmente é um símbolo notável dessa transformação. Transforma o simbolismo religioso e transforma a presença da igreja junto ao Estado. Em Brasília, nossa Catedral é um marco visual, turístico, simbólico e com identidade. É um modernismo especial e único, um modernismo brasiliense”.
O exterior
Assim como a capital do Brasil, a Catedral foi traçada nos mínimos detalhes. O local onde está instalada foi escolhido por Lúcio Costa, que levou em consideração a separação entre religião e governo, por esse motivo, foi decidido que o monumento ficaria localizado fora da Praça dos Três Poderes, sendo inserido no Eixo Monumental.
Com 16 pilares de concreto em formato de bumerangue, o formato simboliza a ascensão para o infinito e se assemelha a mãos estendidas em formato de súplica. A entrada para acesso à igreja é feita de forma subterrânea, através de um túnel escuro. Esse detalhe foi propositalmente estabelecido com o intuito de fazer referência à expressão ‘luz no fim do túnel’.
Chegando a 3 metros de altura, as esculturas de Alfredo Ceschiatti em parceria com Dante Croce, conhecidas como Os Quatro Evangelistas, parecem guiar os fiéis para dentro do templo. Elas ficam localizadas na entrada do monumento e representam os autores dos três evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João.
Ao lado direito da entrada para a Catedral, fica localizada a Torre do Campanário, que possui 20 metros de altura e quatro sinos doados pelo governo da Espanha e que não estavam previstos no projeto. Próximo ao complexo, em formato ovoide, está o Batistério, com paredes revestidas de painéis de lajotas nas cores verde, azul e branca, criados por Athos Bulcão.
O espelho d’água onde a Catedral parece repousar não está presente apenas para decoração. Com o objetivo de ajudar a refrigerar o ambiente e umidificar o ar seco típico do cerrado, o poço possui 40 centímetros de profundidade e 12 metros de largura, tendo capacidade para 1 milhão de litros de água. O espelho contorna todo o templo, ocultando a base das colunas e dando a impressão que elas nascem dali.
Por dentro do monumento
Na etapa de construção do ambiente interno da Catedral, ocorrida entre 1969 e 1970, foi instalada a cobertura de vidros transparentes, que só ganharam cores 20 anos depois. Dentro do monumento, encontra-se o altar doado pelo Papa Paulo IV e a imagem da padroeira Nossa Senhora Aparecida, réplica da original, que está em Aparecida (SP).
Os vitrais assinados pela artista plástica francesa Marianne Peretti, localizados no interior da Catedral, são compostos por 16 peças em fibra de vidro em tons de azul, verde, branco e marrom inseridas entre os pilares de concreto. Cada peça insere-se em triângulos com dez metros de base e trinta metros de altura. Vale ressaltar que, dependendo da intensidade dos raios solares, as cores dos vitrais vão se alterando.
Também na parte interna, estão as esculturas de três anjos que pairam no ar, suspensos por cabos de aço. As dimensões e peso das esculturas são de 2,22 m de comprimento e 100 kg a menor; 3,40 m de comprimento e 200 kg a média; e 4,25 m de comprimento e 300 kg a maior.
Ainda dentro da nave, estão presentes obras de Di Cavalcanti, uma réplica da escultura Pietà, de Michelangelo, e pinturas de Athos Bulcão.