Comércio de menor porte luta contra os grandes do ramo
Comércio no Distrito Federal sofreu uma queda de 4,6% no número de lojas
Postado em 08/04/2024
Quem é comerciante sabe os desafios e o quanto ele tem que se dedicar ao seu negócio. Horas e mais horas de trabalho todos os dias sem descanso, começar algo do zero e abdicar de outras coisas pesam em uma decisão na hora de abrir uma loja em qualquer área do comércio.
Além desses problemas, comerciantes de pequeno e médio porte têm que lidar com a concorrência, muitas das vezes de empresas consolidadas no ramo ou, às vezes, lojas que estão no mesmo patamar, mas por uma questão de já ter conseguido uma fidelização da população fica difícil lutar contra.
Para Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), uma das maiores dificuldades que as empresas enfrentam hoje é a falta de crédito. “O varejo está vendendo menos, precisa de fôlego e não consegue, por causa dos juros elevados, que encarecem qualquer tipo de negociação”, afirma.
No levantamento de dados mais recente feito pela Pesquisa Anual do Comércio (PAC) do ano de 2012 até 2021, os comerciantes locais tiveram uma redução de 4,6% em suas lojas, saindo de um total de 24,9 mil unidades em 2012 para 23,8 mil unidades em 2021. A época também não ajudou, porque era o momento em que todos eram afetados pela pandemia, mas os dados chamam a atenção.
Um dos motivos que pode ter contribuído para essa queda é a mudança de hábito na hora de comprar. Segundo uma pesquisa feita pela Octadesk em parceria com a Opinion Box, 61% dos consumidores brasileiros preferem fazer compras pela internet do que em lojas físicas e a maioria afirmou comprar uma ou vezes durante o mês. Ainda de acordo com a pesquisa o motivo dessa mudança está relacionado ao valor mais barato que é encontrado nas lojas online diferentemente do que em lojas físicas.
Dificuldades na vida de um comerciante
Gabriel Valadares, 20 anos, é comerciante e responsável por duas lojas em áreas diferentes, uma no comércio de alimentos e outra em materiais de construção. Ele detalha um pouco da sua luta do dia a dia diante de empresas consideradas maiores e mais famosas.
“Uma das maiores dificuldades que a gente encontra todo dia diante dessas grandes empresas é a deslealdade do mercado, onde um quer prejudicar o outro para se sair melhor”. Ele continua dizendo que talvez esse seja o grande “X” da questão e competir com grandes negócios é muito desafiador.
Quando questionado sobre como consegue e que medidas ele toma para poder atrair uma clientela e ir crescendo cada vez mais, Gabriel respondeu: “ Nas lojas, eu sinto bastante dificuldade em trabalhar com mercadoria de alta qualidade por um preço acessível, porque a gente é limitado em encontrar um fornecedor onde conseguimos pegar a mercadoria de qualidade boa por um preço que vai nos proporcionar depois vender com um valor baixo. Muitas das vezes esse fornecedor não existe e temos que colocar os valores parecidos e até um pouco mais caros, senão a gente sai no prejuízo”.
Ele continua dizendo que é loucura tentar bater de frente com os grandes mercados, mas tenta deixar os preços mais acessíveis para a população que por vezes prefere ir na loja mais perto de casa do que ir mais longe. Ainda enfatizou que não adianta ter as melhores mercadorias por preços altos que desse jeito ele sempre vai perder para os atacadões ou até mesmo comércios parecidos com o dele.