Secretários escolares relatam falhas recorrentes nos sistemas i-Educar e EducaDF Digital
Problemas nas plataformas atrapalham a gestão das escolas, prejudicam pais e alunos e sobrecarregam servidores
Postado em 04/05/2024
Os secretários escolares e demais colaboradores da carreira de Políticas Públicas e Gestão Educacional (PPGE) têm enfrentado problemas com os sistemas i-Educar e EducaDF. Esses sistemas são plataformas de gestão educacional utilizadas pela rede pública de ensino no Distrito Federal para controle de matrículas e transferências até a emissão de documentos e declarações. Além disso, é a partir dos dados dessas plataformas que os secretários escolares podem realizar o Censo Escolar. Em resumo, toda a gestão educacional de uma escola depende desses sistemas, que, no entanto, vêm apresentando problemas recorrentemente.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores de Escolas Públicas no Distrito Federal (SAE-DF), “o i-Educar e EducaDF mostraram falhas que impactaram não só as atividades diárias dos secretários escolares, mas também programas assistenciais importantes como o Bolsa Família”. No site do SAE, eles noticiaram em março que se reuniram com representantes da Subsecretaria de Operações em Tecnologia da Informação e Comunicação (Subtic), responsável por modernizar o parque de informática da Secretaria de Educação do DF, para discutir e buscar soluções para os desafios enfrentados pela carreira. “Em um gesto de transparência e comprometimento, a Subtic informou ao SAE-DF, em primeira mão, sobre o lançamento iminente de uma nova versão dos sistemas, focada inicialmente no ensino médio”, disseram.
A secretária escolar Carol Amorim conta que por causa desses problemas com o i-Educar, ela, assim como outros secretários, tem criado planilhas com alguns dos dados dos alunos para o caso do sistema ficar fora do ar, ela ainda possa gerar documentos básicos para os pais dos alunos, como declarações. “Estamos tendo que fazer um trabalho a mais que em tese não deveria ser necessário”, completa.
Em ofício enviado pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura (Cesc) à Secretária de Estado de Educação do Distrito Federal, Hélvia Miridan Paranaguá Fraga, a Cesc informou “recorrentes queixas da comunidade escolar sobre mau desempenho dos sistemas” e apontou que essa indisponibilidade do sistema de gestão é “mais frequente que do que se considera razoável”. A Cesc também comenta sobre a coexistência de sistemas como o i-Educar, EducaDF Digital e Amadeus LMS, que, segundo a comissão, “torna mais difícil a compreensão de todas as ações disponíveis para sujeitos cadastrados no banco de dados educacional”, demandando um treinamento mais robusto das carreiras administrativas e de magistério. O ofício foi enviado em 19 de março desse ano, porém a Cesc ainda não obteve resposta.
Dezembro é um mês bastante movimentado para os secretários escolares, porém em dezembro de 2023, o sistema EducaDF ficou totalmente fora do ar. Os secretários, então, foram orientados pela Secretaria de Educação a migrar para o i-Educar para não atrasar os muitos processos feitos durante o final do ano nas escolas. O EducaDF é usado pelas escolas públicas de ensino médio do DF. No ofício da Cesc, também há menção de alunos que concluíram o ensino médio, mas que por falhas das plataformas, não conseguiram obter o histórico escolar completo e atualizado, requisito obrigatório para participação em concursos ou admissão no ensino superior.
A Secretaria de Estado de Educação do DF foi procurada, no entanto não se pronunciou a tempo do fechamento dessa matéria.
Entenda o que e quais são os gestores de educação usados pela rede pública do DF
O i-Educar é um software de gestão escolar originalmente desenvolvido pela prefeitura de Itajaí (SC) e disponibilizado no Portal do Software Público Brasileiro em 2008. Com propósito de atender às demandas das Secretarias de Educação e Escolas Públicas, já está sendo utilizado em diversos municípios brasileiros. “É uma ferramenta que produz informações e estatísticas em tempo real de fácil acesso, diminuindo a necessidade de uso de papel, a duplicidade de documentos, o tempo de atendimento ao cidadão e racionalizando o trabalho do servidor público”, segundo descrição do próprio i-Educar.
O EducaDF Digital é uma plataforma específica utilizada no Distrito Federal para a gestão da educação pública. Criada em 2022, ela integra diversos aspectos da administração escolar, como matrículas, controle de frequência, lançamento de notas, gestão de recursos humanos, entre outros. Até agora, o EducaDF foi implementado apenas nas escolas de ensino médio do DF.
O Amadeus LMS (Learning Manager System) é um Sistema de Gestão do Aprendizado baseado nas experiências dos alunos, professores e coordenadores. Foi criado em 2007 pelo grupo de pesquisa em tecnologia educacional CCTE, do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 2009, passou a integrar o Portal do Software Público Brasileiro.