Cobertura vacinal: entenda a importância e a diferença entre as vacinas
Imunização previne e erradica doenças no cenário nacional
Postado em 16/04/2024
No Brasil, doenças como a varíola e a poliomielite foram erradicadas através de campanhas de vacinação, provando a eficácia não só das vacinas, mas também de campanhas e do acesso garantido à população em todo o país.
A produção das vacinas varia de acordo com a natureza do microrganismo, como explica o médico infectologista Fernando Martins Chagas, 44 anos. E isso resulta em diferentes tipos de imunização e porcentagens de eficácia:
“Existem vírus que possuem estrutura que torna possível o desenvolvimento de uma vacina que evita totalmente a contração da doença, como por exemplo, o vírus da Hepatite B”, diz.
Fernando explica também que existem alguns organismos, como os da Tuberculose, que não são passíveis de uma vacina que evite completamente a doença. Nestes casos, as vacinas são projetadas para promover um primeiro contato controlado do corpo com o microrganismo, estimulando a produção de anticorpos específicos. Esses anticorpos ajudam o sistema imunológico a reconhecer e combater a infecção de forma mais eficiente no caso de uma nova exposição ao vírus.
Embora essas vacinas não impeçam totalmente a doença, ajudam a prevenir que ela se desenvolva para uma forma grave, reduzindo a gravidade dos sintomas e o risco de complicações, além de deixar o indivíduo com menos probabilidades de transmitir a doença.
Queda de coberturas vacinais no Brasil
Nos últimos anos o Brasil sofreu uma grande queda nos índices de cobertura vacinal, algo que se potencializou no período da pandemia do Covid – 19. O processo de vacinação imuniza e quebra o ciclo de transmissão de doenças que possuem baixo índice de aparição no Brasil, mas mesmo assim demandam atenção:
“O sarampo é um exemplo muito usado, que no passado chegou a ser uma das principais causas de óbito em crianças. É uma doença que mal controlada pode se tornar um problema sério de saúde pública. Com coberturas vacinais acima de 95%, com a tríplice viral, tínhamos a garantia de controle e caminhando para eliminação da doença”, explica a infectologista Joana D’arc Gonçalves da Silva (52).
Embora a ciência tenha comprovado a segurança e a efetividade das vacinas, os movimentos negacionistas e antivacina representam um desafio crescente para a saúde pública. Para Fernando, algumas estratégias podem ser tomadas para combater a desinformação e aumentar o número de vacinação:
“A primeira estratégia que deve ser usada é a educação em saúde, que deve ser feita de médio a longo prazo, não adianta apenas fazer propagandas ou textos em redes sociais. Segundo é levar a vacina para o mais próximo possível da população, discutindo a questão da ampliação das vacinas para sociedade, como por exemplo a vacina da HPV, que deveria ser amplamente distribuída para todas as mulheres, mas ainda está restrita aos grupos de homens e mulheres com 9 a 14 anos de idade”, diz.
Além da desinformação, alguns outros fatores relacionados à oferta das vacinas também podem ser grandes problemas associados à hesitação ou recusa das vacinas:
“A grande maioria das pessoas acaba tendo uma vida muito corrida e com tempo limitado para ir aos postos. A dificuldade de acesso é um grande obstáculo. Penso que o peso da desinformação e notícias falsas podem ser fatores menores diante de todos os entraves associados ao acesso, garantia de insumo, manutenção de estruturas adequadas e competitividade com a rede particular”, completa Joana.
A vacinação no Brasil
O processo de vacinação no Brasil é organizado pelo Ministério da Saúde, que em 1973 formulou o Programa Nacional de Imunização (PNI), visando expandir as campanhas de imunização no país, tornando as vacinas disponíveis para a população de forma gratuita e democratizada.
O PNI possui o Calendário Nacional de Vacinação, que busca uma imunização eficaz às crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas, onde são ofertadas 45 imunobiológicos (anticorpos direcionados a um alvo específico) diferentes para toda a população. Campanhas nacionais de vacinação resultaram na erradicação de algumas doenças no Brasil, como a varíola, iniciada na década de 1960, e a poliomielite, iniciada em 1980 após a criação do PNI, comprovando o sucesso e eficiência das frentes de imunização.