Grandes paralisações nos estudos prejudicam planejamento dos alunos
Além dos problemas já gerados pela pandemia, nova paralisação pode atrapalhar o andamento dos cursos
Postado em 23/04/2024
As greves são para reivindicar benefícios, ajustes e outras lutas para os trabalhadores. No caso atual, os professores da rede pública de educação federal, incluindo universidades e institutos, estão pedindo recomposição salarial. Porém ao entrar em greve, alunos têm seu aprendizado prejudicado, além do atraso para conseguir a tão sonhada formação. A pandemia também foi um fator que atrapalhou na educação, tanto para aqueles que tiveram que mudar para o ensino remoto, quanto para aqueles que tiveram que trancar o curso superior para não perder rendimento. No Distrito Federal, os 48.317 estudantes da Universidade de Brasília, além dos 21.578 alunos do Instituto Federal de Brasília, estão sendo afetados pela greve.
Marcos Oliveira Bezerra, estudante do nono semestre de Engenharia Mecânica, conta como essas paralisações estão afetando sua graduação. “Como um estudante próximo à formatura, a greve atrasa o término de um curso que já foi atrasado pela pandemia, e prejudica o andamento das turmas no período letivo, uma vez que uma eventual pausa e retomada acabam com o ritmo de desenvolvimento e exige que muitos assuntos tenham que ser retomados devido à inatividade”, diz o estudante.
Ele conta que além da limitação gerada pelo modelo de educação a distância (EaD) e as paralisações que causou a necessidade de se fazer novamente matérias que tiveram seu aprendizado prejudicado, a nova greve ameaça o andamento do atual semestre e do próximo, podendo atrasar mais um semestre para a formatura. A conclusão de Engenharia Mecânica, que deveria ser de 5 anos pelo fluxograma informado pela Universidade de Brasília, levará um período de 7 anos.
Marcelo Henrique Vieira da Silva, professor e psicólogo, conta como essas paralisações afetam o aprendizado. “Como nós somos seres sociais, então a interação que nós temos de indivíduo para indivíduo faz parte do desenvolvimento, é um facilitador e é necessário. Quando você coloca, por exemplo, um aluno, seja em ensino remoto ou em uma greve, você tem uma interrupção desse contato com os outros. E aí, nesse caso, eles são muito prejudicados. Meus alunos durante a pandemia, em que o ensino foi remoto, foram muito prejudicados por falta de interação e por ser um idioma, eles não interagiam como é quando você está pessoalmente, então, no geral, as notas e o aprendizado foram muito aquém do que nós esperaríamos”, diz o professor. Ele também fez uma graduação na pandemia e conta que teve dificuldade, tanto pela quebra da rotina, quanto pela motivação que se perdeu.