Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir da pandemia da COVID-19, os casos de ansiedade e depressão aumentaram 25% em uma esfera global. No Brasil, a rede de cuidados com a saúde mental ainda é despreparada. Nesse contexto, as pessoas que mais necessitam de atenção são as que participam de minorias, pois sofrem preconceitos e desafios diários que as colocam em estado de vulnerabilidade.

Com o propósito de ajudar essas pessoas, surge o Instituto Saber Amar (ISA). Criado em 2020 com funcionamento online por conta da pandemia, o Instituto é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) sem fins lucrativos que oferece atendimento psicológico gratuito e rodas de conversa para mulheres, pessoas negras e LGBTI+. Hoje, o ISA está alocado na Casa da Cultura do Núcleo Bandeirante e realiza atendimento online e presencial.

A OSC criada por Douglas Menezes, presidente e coordenador geral do ISA, se mantém por meio de doações, rifas e venda de produtos originais em feiras culturais. Todo o capital arrecadado a partir disso é direcionado para manter o local de funcionamento e financiar os projetos do Instituto. Outra forma usada por eles para a captação de recursos é por meio de editais públicos de financiamento e emendas parlamentares, em que o governo oferece apoio para uma organização sem lucros em prol da assistência ao cumprimento de políticas públicas.

Para auxiliar no suporte às pessoas que necessitam de acolhimento, o Instituto conta com um time de 12 voluntários, metade deles sendo psicólogos por meio do PSIQUISA, programa de auxílio psicológico do ISA. Cinthya Barbosa, coordenadora e psicóloga do projeto, afirma que o objetivo é fornecer um serviço de qualidade acessível para a população em situação de vulnerabilidade psicossocial. A iniciativa já ajudou 43 pessoas negras e 41 pessoas LGBTI+.

Um dos acolhidos, que preferiu não se identificar, afirma que conheceu o Instituto em um momento de angústia, dificuldades financeiras e isolamento. Ele conta que fazia terapia anteriormente, mas não se sentia aceito por ser gay. Ao conhecer o ISA, essa sensação se transformou. “Me senti recebido e grato pelo acolhimento específico para pessoas LGBTI+ e, mesmo recebendo o diagnóstico de depressão, o Instituto não fechou os braços para mim”, afirma.

A vice-presidente e coordenadora de captação de recursos do Instituto Saber Amar, Amanda Oliveira, compartilha que é gratificante receber os relatos de quem participa do PSIQUISA. “Eram pessoas que estavam passando por alguma dificuldade e que, depois de um tempo de atendimento, conseguiram pensar na vida de uma forma diferente”, afirma. Ela conta que isso traz motivação para ela procurar mais voluntários e mais recursos para que o ISA se mantenha.

Amanda participava ativamente de ações sociais em seu bairro antes de fazer parte do ISA. – Foto: Beatriz Alves

Amanda expõe que o Instituto planeja ampliar suas atividades e trazer oficinas de arte, aulas de dança, entre outros. Porém, o maior desafio é o envolvimento da comunidade do Núcleo Bandeirante. Segundo ela, a organização procura entender qual é a demanda atual dos moradores para proporcionar uma melhor divulgação local.

Programa PROFISSIONALISA

Além dos serviços psicológicos e das rodas de conversa, o Instituto Saber Amar em parceria com a Secretaria do Desenvolvimento Econômico Trabalho e Renda (SEDET) promove o PROFISSIONALISA, que terá sua primeira edição em 2024.

O programa foca na capacitação de profissionais nos cursos de Maquiagem, Tranças e Produção Cultural. São 105 vagas abertas para o público geral, com foco em negros, LGBTI+ e mulheres. O curso possui duração de 3 meses, fase de estágio e certificação de 143 horas. Os participantes receberão bolsa transporte e alimentação, uniforme e material didático para estudo.

Segundo o Instituto, essa capacitação foi idealizada para preparar jovens para a primeira vivência no mercado de trabalho, já que, apesar de possuírem qualificação, acabam não sendo aceitos facilmente por não ter experiência.

Para saber mais informações sobre o PROFISSIONALISA e o Instituto Saber Amar, acesse @isaberamar.