Aulas de dança contribuem com momentos de lazer para idosos
Professor relata que a prática é o resgate da autoestima da terceira idade; para alunos, a dança auxilia no esquecimento de problemas, além de ser terapêutica
Postado em 27/05/2024
De acordo com o Censo Demográfico feito em 2022, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de pessoas com 65 anos ou mais no país chegou a 10,9%. Com o aumento do envelhecimento populacional, atividades como caminhada, dança, hidroginástica ou até mesmo sair de casa para conversar são fundamentais para idosos ampliarem suas qualidades de vida, especialmente tendo em vista que, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo IBGE, a terceira idade é a mais afetada pela depressão, atingindo cerca de 13% das pessoas entre os 60 e 64 anos.
Foi por isso que Eziquiel de Cena, há seis meses, começou a fazer aulas de dança no Espaço Cultural Renato Russo. Ele conta que iniciou pois tinha depressão e ansiedade, além de ter sofrido dois infartos, resultando em uma paralisia facial. Ele acredita ser uma ótima forma de lazer e gosta de tudo o que é movimento.
Marlene Santiago, aluna há dois meses, considera as aulas uma maravilhosa forma de lazer e considera importante essa faixa etária realizar movimentos com o corpo. “Ter esse entrosamento entre as pessoas é essencial porque pessoas têm que estar com pessoas, tem que trocar experiências, pois sempre outro indivíduo leva um pouco de nós. Então toda essa troca é muito importante”.
A aluna conta que é natural de Fortaleza e veio à Brasília um ano antes de começar a pandemia, em 2019. Dessa forma, devido ao isolamento social, ela e a irmã não tiveram a oportunidade de socializarem, levando-as a pensar em retornar à cidade onde nasceram. Mas, ao lembrar que em Fortaleza havia um Sesc(que também oferece aula de dança) buscou um em Brasília, e foi aí que iniciou as atividades, permanecendo na capital.
Dança como terapia
Lourdes Leopoldina também faz parte do grupo desde o ano passado e conta que a primeira vez que foi à aula, se apaixonou e continuou fazendo. Ela relata o impacto positivo que as aulas levam para a vida dela. “É uma terapia mental. Quando eu estou aqui, eu esqueço do mundo. Eu esqueço todos os meus problemas. Eu tenho 71 anos e eu pareço que tenho 15”.
A aposentada diz que depois que começou a fazer as aulas, notou uma melhora significativa na sua saúde física também. “A dança é uma terapia incrível que faz com que as pessoas deixem de pensar em coisas ruins, comecem a tomar menos remédio. Porque, por exemplo, eu tomava remédio para pressão, hoje eu tomo menos”.
Ricardo Lira, professor de dança, relata que o curso no Renato Russo começou há dois anos, através do Instituto Janela da Arte. Ele considera ser um resgate, às vezes, da autoestima deles. “Acho que quando a gente leva a cultura à população de modo geral, indiferentemente da classe social ou não, da condição física, ela inclui, ela traz lazer, traz benefício, ela educa e reeduca”, declarou.
Ricardo afirma ser imprescindível a divulgação de atividades como essa, além da criação de outras. Ele conta que ao longo das aulas se transborda de gratidão ao ver o sorriso nos rostos dos alunos. “Acho que o feedback maior é ver eles aprendendo a dançar, o sorriso deles, a alegria no dia-a-dia e ver de fato alguns desenvolvendo muito rápido e outros melhorando a sua autoestima. Sempre é muito agradável o final das aulas”.
Marli Lopes, de 57 anos, comenta que iniciou as aulas em 2022, e a vontade de aprender a dançar, além de querer ocupar o tempo, foram alguns dos motivos por trás dessa decisão.“Eu gosto de conversar, de sair. De viver com outras pessoas que não sejam só da minha casa. Ver a alegria de todo mundo, superação, é muito gratificante. Eles são cheios de problemas, mas estão tentando superar, largar esses problemas pra lá”.
Sobre as aulas
As aulas acontecem às terças e quintas-feiras, de forma gratuita, no Espaço Cultural Renato Russo, localizado na 506 sul, das 10h às 11h. Além de agrupar os idosos, as aulas também são direcionadas à pessoas com deficiência.