NFTs são o futuro da arte?

Com a popularização das artes digitais, os NFTs têm tomado lugar em diversas discussões entre artistas no último ano; por ser um mercado novo ainda existem muitas dúvidas e preconceito

Ana K Freitas

Postado em 15/04/2022

Os NFTs (non-fungible token ou token não fungível) surgiram em 2017, mas se popularizaram no segundo semestre de 2021 e desde então têm levantado diversas dúvidas, seria o NFT o futuro da arte?

NFT é uma arte digital autenticada através de uma ferramenta chamada blockchain, também é utilizada para criptomoedas. Segundo o desenvolvedor de software e criador de conteúdo Danilo Vitoriano todo formato de arte pode ser transformado em NFT. “Eu posso utilizar uma foto, um quadro, uma escultura, desde que eu consiga transformar em formato digital (foto, vídeo). Para transformá-la em NFT vai passar pelo processo de mintagem. Primeiramente você precisa de uma carteira digital e de cadastro em um marketplace, nele você envia seu arquivo, paga um valor em etherum  e a tecnologia blockchain faz essa validação criptográfica, emitindo um certificado digital de originalidade.” 

Segundo o  pesquisador e doutor em Artes Visuais Nei Vargas, eles funcionam mais como uma modalidade, uma forma de se fazer arte.  “A revolução dos NFTs é mais técnica que artística e se dá pela rastreabilidade das obras; está em desenvolvimento um sistema de registro via NFT, catalogando as artes com tags e números de série. Assim se tem um controle das obras, evitando roubos e garantindo ao artista o recebimento da porcentagem de seus direitos autorais.” 

Muitos artistas viram nesse formato uma nova oportunidade de distribuir seu trabalho. A artista digital Isabela (@_isabelarts) conheceu o mercado pelo instagram e decidiu investir. “Eu considero a minha experiência muito boa, mas trabalhosa. É um mercado difícil, não só por estar lidando com arte, mas também porque é difícil chamar a atenção no meio de tantos outros artistas. Eu tento ao máximo me desenvolver para que o meu trabalho se destaque, mas acredito que eu ainda tenho muito o que evoluir.” 

Foto de arquivo pessoal: Isabela @_isabelarts

Diferente da Isabela, nem todos têm uma boa experiência com o mercado. Cristiano (@crisvector) também é artista digital e costumava publicar seus trabalhos no site DevianArt, que possui uma ferramenta que sinaliza toda vez que um trabalho da sua base de dados é reproduzido em algum site que comercializa NFTs. “Acontece que começaram a vir muitos avisos, praticamente quase todo meu acervo no DeviantArt foi transformado em NFT sem minha autorização, ou seja, foram roubados. Perdi um bom tempo reportando item por item até que todos os trabalhos fossem removidos.” Ele afirma ainda que essa modalidade terá um grande impacto na forma que as pessoas veem as artes digitais. “A hiperpopularidade dos NFTs pode influenciar artistas a produzirem conteúdo neste formato. Moldando um pouco seu estilo para se enquadrar naquilo que se entende como um “trabalho que parece NFT” (como no caso dos macacos e avatares em pixel art).” 

Apesar de todas as polêmicas, o mercado de NFTs tem crescido significativamente no Brasil. José Geraldo é formado em jornalismo, mas está sempre acompanhando as novas tendências do mercado digital e tem desenvolvido uma galeria digital que contempla diversos fotógrafos e artistas. “Hoje esses artistas publicam seus trabalhos nas redes sociais com fins de divulgação. Eu acredito que esses artistas merecem mais que uma curtida.” Para ele, os NFTs democratizaram diversos espaços artísticos “Eu posso oferecer, por exemplo, para todos que compraram numa coleção passada, 5 dias de antecedência para escolher o NFT que vai ser lançado, eu posso oferecer listas de adesão, ofertas especiais. Coisas que só existem no mercado artístico de maneira muito restrita com os marchands.”