Novembro Roxo: mês alerta sobre o Dia Mundial da Prematuridade

Dia 17 de novembro é marcado pela conscientização e busca pela diminuição de casos de partos prematuros no Brasil e no mundo

Noreen Jaral

Postado em 09/11/2021

Novembro é um mês voltado para a conscientização de diversas causas e doenças, sendo uma delas o Dia Mundial da Prematuridade. Designado para o dia 17 de novembro, a data busca informar e sensibilizar a respeito dessa problemática que afeta 15 milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Mais de cinquenta países definem o dia 17 para esclarecimentos e a busca de estratégias para diminuir a taxa de prematuridade.

O período de gestação normalmente ocorre durante 39 a 40 semanas, devido ao amadurecimento dos órgãos e sistema respiratório do bebê. O parto prematuro, no entanto, é aquele que ocorre com menos de 37 semanas de gestação. A prematuridade é um problema que tem cada vez mais acometido mães. De acordo com estudo divulgado pela OMS, o Brasil está entre os dez países com mais casos no mundo. 

Os casos podem acontecer devido a diversos fatores, tanto pré-gestacional quanto durante a gestação. O pré-natal é a primeira etapa a ser seguida para evitar um parto prematuro, possibilitando a identificação de possíveis riscos. Doenças como diabetes, infecção urinária, trombofilia e a cardiopatia podem influenciar no tempo de gravidez, assim como, o estilo de vida da mãe. Desse modo, o uso de entorpecentes, de bebidas alcoólicas e cigarros durante a gravidez, além da idade (gravidez na adolescência ou com idade avançada), também podem levar à prematuridade. 

A mãe de gêmeos, Valentina Melo, de 42 anos, ganhou seus bebês com 35 semanas, durante a pandemia. Além do fato de a gravidez gemelar ter maior propensão para parto prematuro, ela também tem trombofilia. Acompanhada e informada pelo médico a esse respeito, durante toda a gravidez fez uso de injeções medicamentosas para evitar um parto prematuro moderado (28 a 31 semanas) e extremo (menos de 27 semanas). Apesar disso, devido a um dos bebês ter tido restrição de crescimento intra uterina, precisou ser realizado o parto prematuro, tendo que ficar dezenove dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal.

Os gêmeos Hugo e Pedro, filhos de Valentina, saíram da UTI neonatal com um mês de vida. Crédito da imagem: arquivo pessoal

Por que se preocupar com a prematuridade?

Segundo a OMS, mais de um milhão de bebês morrem em decorrência de complicações durante o parto prematuro, e os que sobrevivem podem sofrer consequências para toda a vida. De acordo com a enfermeira neonatal do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), Janaína Souza: “Os cuidados dentro da UTI são bem minuciosos, um movimento brusco que nós fazemos com o bebê prematuro pode provocar alguma coisa nele. Por exemplo, movimentamos eles em bloco, porque se deixarmos a cabecinha abaixo do corpo, pode ocorrer uma hemorragia cerebral”. Todo cuidado é pouco nesses casos, e mesmo assim, há a possibilidade de desenvolverem sequelas neurológicas, psicológicas e/ou físicas, precisando fazer acompanhamento médico até a adolescência.

O período em que os bebês ficam na UTI é de luta pela sobrevivência. Os prematuros precisam alcançar no mínimo 2kg, respirarem sem ajuda de cilindro de oxigênio e, em alguns casos, não utilizarem mais a sonda. Todo esse processo é de grande impacto para a mãe ou o familiar, que tinha as expectativas de poder voltar para casa com seu filho após o parto.

O parto prematuro é aquele que ocorre com menos de 37 semanas de gestação, podendo ser moderado ou extremo. Crédito da imagem: arquivo pessoal

A técnica de enfermagem, Aline Marcolino, 44 anos, teve suas três filhas prematuras. Engravidando ainda na adolescência, passou por ansiedade e problemas, como infecção urinária, que induziram os partos à prematuridade. “Eu acho que é muito importante que antes mesmo de uma mulher gestar, ela seja instruída e conscientizada das possíveis causas da prematuridade. Isso evitaria muito os partos prematuros, porque se eu soubesse que a infecção urinária, que uma ansiedade, ou até mesmo a minha idade, como adolescente, poderia causar um parto prematuro e das consequências que isso podia trazer pra mim e para o bebê, eu teria evitado de alguma forma, teria procurado um psicólogo, um especialista pra me acalmar, eu teria me atentado aos sinais da infecção urinária e teria conversado melhor com o meu médico”, comenta Aline sobre a falta de informações que teve na época de suas gestações. 

A conscientização e a informação são os pontos principais do Dia Mundial da Prematuridade. A conversa e troca de conhecimento entre as mães e os profissionais de saúde a respeito de cuidados necessários, da investigação de possíveis doenças e tratamentos viáveis para cada caso podem diminuir a taxa de nascimentos prematuros, e consequentemente, as mortes provindas da prematuridade. 

“Esse dia serve para voltar a sociedade ao grande problema da saúde pública que enfrentamos, serve para sensibilizar as pessoas da grande dificuldade que os pais e os bebês enfrentam na luta pela vida. Nosso sistema de saúde é precário e, devido à falta de recursos, muitos prematuros morrem em nosso país. As perdas por trombofilia são um exemplo claro da falta de informação e orientação que as mães têm. Infelizmente muitas mães, como eu, têm que passar por mais de uma perda gestacional para, então, receber a indicação de fazer o exame”, expressa Valentina acerca da importância do Dia Mundial da Prematuridade.

O tema da campanha para o Dia Mundial da Prematuridade no Hospital Materno Infantil de Brasília. Crédito da imagem: arquivo pessoal

Como exemplo de campanha para esse dia, o HMIB enfeita a unidade, tiram fotos e montam um painel dos bebês que nasceram prematuros, para mostrar o dia do nascimento e como os bebês estão depois da UTI, visando incentivar e acolher as mães e familiares que estão passando por esse momento de sofrimento. Também procuram compartilhar o sentimento de que em breve os pais irão para casa com seu filho nos braços. “Nossos bebês prematuros são grandes guerreiros, eles lutam tanto quanto nossos profissionais. Eles são fortes, eles resistem, eles lutam, e choram, e vivem, e saem junto com seus familiares”, comenta Janaína.