Gosto por carros antigos é mais que paixão; é estilo de vida

Antigomobilismo é o nome dado para a prática de preservação e restauração de veículos

Giovana Daniela Ribeiro Alves

Postado em 13/06/2022

Em maio, o Festival Brasília Sobre Rodas reuniu amantes do automobilismo na exposição de 400 veículos clássicos e especiais. Durante o final de semana o projeto teve como finalidade fortalecer o antigomobilismo na capital, contando com a presença de pessoas de todas as idades unidos por uma paixão: veículos antigos.

Há quem reconheça o antigomobilismo como uma prática de preservação e restauração de veículos antigos, mas para os envolvidos, isso ultrapassa o simples trabalho e se torna um estilo de vida. Uma pesquisa feita pela Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA) no ano de 2021 revelou que o Brasil tem uma participação importante dentre os países das Américas chegando a movimentar anualmente R$ 32,6 bilhões com o mercado antigomobilista.

Por se tratar de antiguidades é fácil a associação com pessoas mais velhas. No entanto essa realidade tem se tornado cada vez mais diferente, com os jovens assumindo o protagonismo no ramo e se tornando cada vez mais presentes em encontros e eventos antigomobilistas.

O gestor público Carlos Henrique, 22, conta que iniciou sua paixão aos 10 anos de forma natural, com os carros que o pai teve, como o Chevette e o Opala. Ele relata que o processo de restauração de um carro antigo chega a ser mais caro que muitos carros populares do ano, uma vez que envolve todo um cuidado e gasto para mantê-lo em perfeito estado e com muitas histórias para contar. Seu primeiro projeto foi uma BMW E36 1994 e foi uma experiência de muita realização.

“O primeiro carro que eu restaurei foi uma BMW E36 1994; foi muito importante pra mim pois sempre tive essa vontade de deixar o carro exatamente do jeito que eu sempre quis, tendo paciência e dedicação com o processo. Estou bastante feliz com a finalização do meu primeiro projeto de carro antigo restaurado”.

O jovem, que já chegou a ser presidente de um clube de carro onde pode contribuir na gestão e na expansão da representatividade daquele grupo através de ações sociais, explica que esses encontros são uma forma de unir pessoas que possuem essa paixão em comum e divulgar seus projetos de carros, além de fazer amizades e trocar conhecimentos sobre os veículos expostos no evento.

Sobre as dificuldades que o antigomobilista encontra no momento da restauração, Carlos revela a busca por serviços de qualidade que não cheguem a preços exorbitantes. “O antigomobilismo é um exemplo para o mercado e acredito que também tenha seus desafios assim como todo outro. De maneira econômica é extremamente importante dizermos como é difícil encontrar peças baratas, serviços baratos que não custeiem o absurdo, fora do padrão. Porém isso é solucionado com muita pesquisa, tempo e garimpo para não gastar o olho da cara.”

Sobre futuro e sonhos de carro, ele é bem determinado e afirma correr atrás de realizar seus objetivos, almejando hoje carros como Galaxie Landau e um Opala Diplomata.

Diferente de Carlos, que iniciou esse interesse de forma natural, o fotógrafo Leonardo Ramos, 19, teve influência dentro de casa e uniu o gosto por automóveis e fotografia à profissão.

Com a família materna e paterna envolvidos no mundo automotivo, Leonardo desde pequeno frequentava encontros e sempre teve apego a assuntos e objetos relacionados a carros.  “É algo que realmente vem de berço, minha família sempre foi ligada nisso. Meu avô sempre contou dos carros que ele teve e meu pai também, então toda reunião de família é uma história sobre carro. Isso eu vou levar comigo para sempre.”

Sobre a vida profissional, ele conta que sempre gostou de fotografar e que tinha o hábito de tirar fotos de eventos com o celular. Quando conseguiu um emprego, comprou sua primeira câmera. Desde então passou a fotografar eventos. O que começou com investidas no Photoshop durante as edições chegou em ilustrações que passaram a ser encomendadas e logo Leonardo se viu inserido também no mundo das ilustrações e design gráfico.

Para o futuro, ele só possui uma certeza: que com a união do hobby e do trabalho, dificilmente ele se afastará do mundo automobilístico.

Contrariando o que o senso comum diz sobre mulheres no meio automobilístico, Ingrid Maia, 21, que também tem antigomobilismo desde o berço, conta como é ser mulher e estar em um meio onde o sexo masculino é predominante.

“Frequentar qualquer encontro de carro sendo mulher é entender que sempre haverá olhares diferentes, ouvir que mulher não sabe nada de carro, mulher não sabe dirigir direito e etc… Sinceramente, não sei como romper essa barreira, pois sempre haverá comentários desse tipo, ou até mesmo piores. O que eu acho de verdade é que nós devemos ir onde nós queremos, sem rótulos e sem ter que escutar “isso aqui não é coisa pra mulher”, pois nós somos livres para gostar do que quisermos.”