Produtos de segunda mão ganharam mais espaço durante pandemia

Entre os primeiros semestres de 2020 e 2021, houve um aumento de 48,58% de novos estabelecimentos que vendem artigos de segunda mão em todo o país

Ana Vitória Rafalovik

Postado em 16/09/2021

Motivados pela preservação ambiental, pelo consumo consciente, pelas opções mais baratas e, principalmente, pela pandemia, muitas pessoas começaram a consumir e vender mais produtos de segunda mão. Segundo análise realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com informações da Receita Federal, durante a quarentena da Covid-19, entre os primeiros semestres de 2020 e 2021, houve um aumento de 48,58% de novos estabelecimentos que vendem artigos de segunda mão em todo o país. Fato que indica que o consumo desses itens teve mais procura e demanda.

Marilene da Silva Costa, proprietária do Brechó da Mari, afirma ter sentido uma forte procura de novos clientes. Ela acredita que o crescimento tenha sido motivado pela forte taxa de desemprego, que já atinge 14,6% no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A própria dona do Brechó da Mari foi uma das pessoas que ficaram sem emprego durante a pandemia. Ela conta: “meu brechó já tem 4 anos, e quando perdi meu emprego, foi a única fonte de renda. Ainda não tenho loja, mas estou batalhando para que isso aconteça, no momento, sou ambulante e faço vendas on-line”. 

Consumo consciente

A mudança de hábito foi notada em vários consumidores que estão preferindo comprar roupas de segunda mão. “Em brechós, sempre acho umas peças legais e únicas. Assim consigo produzir menos lixo, porque as roupas de hoje em dia são praticamente descartáveis, com a qualidade questionável, principalmente as vendidas como fast fashion”, destaca a jovem de 21 anos, Giovana Rocha. 

Os preços dos itens, por serem peças já usadas, também interferem bastante na escolha das pessoas. “Acho muito importante para o meio ambiente e para o meu bolso. Às vezes economizo muito mais comprando em brechó do que se fosse comprar na loja oficial, e eu acho isso muito bom”, ressalta a estudante, Brunna Alves. 

Marilene, dona do Brechó da Mari, ainda enfatiza a fala sobre a economia ao consumir itens de segunda mão: “os clientes deixaram de comprar em grandes lojas e estão procurando coisas boas com preços acessíveis”.

A jovem de 20 anos, Maria Clara Freitas, comenta sobre seus ‘garimpos’, afirmando que já encontrou peças que desejava a um preço muito mais barato e com excelente conservação. “Sinto que os brechós são de extrema importância, pois eles unem a sustentabilidade e com acessibilidade”, completa Maria.

O estudante, Luan Sousa, reforça que a pandemia teve muita influência no seu consumo e, desde 2020, compra peças de roupas apenas em brechós. Luan também afirma que a facilidade de comprar os artigos de segunda de forma on-line foi um grande impulsionador para ele, já que não há necessidade de sair de casa durante a quarentena. “Acredito que a pandemia teve muita relação com isso, talvez por eu passar mais tempo em redes sociais e consumir mais conteúdo sobre brechós”.