Ocorrências de maus-tratos a animais aumentam no DF

Denúncias podem ser feitas pelo disque-denúncia da Polícia Civil

Elana Fabricia

Postado em 06/05/2022

Dados da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apontaram que as denúncias de maus-tratos a animais no DF aumentaram 64%. Ainda segundo o balanço da PCDF, entre 2019 a 2021 foram registrados um total 958 ocorrências. As regiões com maior incidência são Ceilândia, Samambaia, Plano Piloto e Sobradinho.

 A campanha Abril Laranja criada pela Sociedade Americana de Prevenção da Crueldade aos Animais (ASPCA – The American Society for the Prevention of Cruelty to Animals) traz um alerta à sociedade para orientar, prevenir e denunciar maus-tratos a animais, um crime cada vez mais frequente com ocorrências crescendo nos últimos anos. 

No Brasil, maltratar e manter animais em condições desagradáveis, mantido presos e sem água e comida é considerado crime previsto em lei com pena que varia de 2 a 5 anos de prisão. A pessoa paga multa, tem o nome inserido no registro de antecedentes criminais e se for o tutor do animal pode até perdê-lo.

A violência contra os animais provocadas por pessoas maldosas ou pelos próprios donos dos pets podem deixar marcas e sequelas que afetam não só o estado físico, mas também o sentido emocional do animal, deixando-os ásperos e agressivos.  

“Todas as vítimas têm sequelas de acordo com os maus-tratos recebidos. Eu já tive uma cadelinha que ficou paraplégica, o tutor deu uma paulada nela. Já tive um peludinho que foi espancado e amarrado por doze anos, quando tocava no pescoço, ele ficava fora de si. Com o tempo e muito amor, ficou bem. Cada pet com sua individualidade desenvolve uma sequela única,” diz Ângela Zuim, protetora de animais e que atua no projeto Acalanto do DF. “Muitas vezes as denúncias, quando acontecem, não têm provas, vídeos e fotos [um exemplo], e isso faz com que muitos casos nem sejam investigados com máximo rigor pelas autoridades competentes,” conclui.

Na maior cidade do país, a ong Acãochego, em São Paulo, atua desde 2008 mantendo muitas histórias de amor, atenção e carinho aos pets caninos. O local tem uma enorme área de preservação ambiental e abriga 250 animais, todos vacinados, castrados e vermifugados. Para Keka Carrara, presidente da ong, muitos cachorros chegam com sinais de maus-tratos e recebem os cuidados necessários da equipe. “Os cachorros resgatados são colocados em espaços exclusivos para que possam descansar e se alimentar em paz. Com o tempo eles vão se recuperando dos traumas e podem socializar com outros cachorros.”

Animais resgatados são cuidados e doados através das redes sociais da ong. Foto: divulgação/Instagram

A presidente reitera que as atividades do local são feitas por meio de doações de voluntários que doam amor e tempo para manter a rotina das atividades do espaço em funcionamento. Através das redes sociais da AcãoChego a sociedade conhece mais sobre o trabalho da ong e pode ajudar com doações de rações, medicamentos, atendimento veterinário, roupas e utensílios para os pets que são resgatados pela ong.

“Há 19 anos existimos pelos cachorros. As histórias de adoção nos deixam felizes e com a sensação de dever cumprido. Os desafios para manter o funcionamento são muitos. Nossa intenção sempre foi tirar o animal da situação de risco e fornecer cuidados básicos como abrigo, alimentação, recuperação física e emocional.”

Campanha contra abandono de animais. Foto: divulgação/instagram

Sabrina Neves, 22 anos, é assistente administrativa é conta que tem muito amor pelos animais. A jovem tem duas gatas em seu apartamento. As felinas são adultas e foram resgatadas de maus-tratos de um familiar. “Hoje estou cuidando delas e dando uma vida melhor do jeito que elas merecem. Com uma campanha como essa podemos dar mais visibilidade à mensagem de que ter um animal em casa não é só da água e comida, e sim dar amor, carinho, afeto e os cuidados que merecem, pois maus-tratos nem sempre são só com agressão e crueldades, mas também com o abandono do pet dentro do próprio lar”, diz Sabrina, sobre a importância da campanha de prevenção à crueldade animal. 

Gata Lyn com a tutora Sabrina Neves. Hoje, a felina recebe amor e cuidados. Fotos: divulgação/instagram

A estudante de direito, Pamella Barbosa, 22 anos, também desde cedo tem apego pelos pets por conta de seus pais e ao completar 18 anos pediu de presente um cachorro e ganhou deles um lindo Shih-tzu batizado de Xuxu. Segundo ela, a campanha abril laranja é fundamental para que as pessoas vejam que os animais são seres vivos que precisam de amor e cuidados diários.

“Infelizmente, ainda temos pessoas que maltratam animais. Deixando-os sem comida, sem água. Muitas das vezes batem, chutam e isso é terrível. Acredito que é de suma importância esse assunto, precisamos entender que assim como a vida humana, a vida dos animais precisa ser preservada.” Diz a estudante, que emenda “se você deseja criar um animal tenha amor por ele. Não adianta nada você criar um cachorro se você não gosta de cachorro. Cuide do seu animal como um membro da família.”

As denúncias de maus-tratos a animais em Brasília podem ser feitas pelo disque-denúncia da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) ou também a sociedade pode acionar o Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). As ocorrências podem ser anônimas e as informações são averiguadas pelos policiais, caso a denúncia seja comprovada os agressores são detidos e levados para delegacia