Aromaterapia: cura além do cheiro

Entenda mais sobre esse tipo de prática que mistura óleos essenciais extraídos de plantas para promover o bem estar

Fernanda Rodrigues Ferreira

Postado em 13/04/2022

Cuidar da saúde é uma forma de garantir o melhor funcionamento do corpo e da mente  para alcançar qualidade de vida. A medicina tradicional tem remédios que auxiliam quando algum problema de saúde aparece, mas, ela não é exclusiva. A aromaterapia, que está na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PICS) busca o tratamento das causas, através dos óleos essenciais que são extraídos direto da planta por destilação ou arraste vapor. Há empresas especializadas no mundo e no Brasil responsáveis por esta produção.  Nos remédios tradicionais, os laboratórios estudam e lançam os medicamentos. Na aromaterapia, os responsáveis são os aromaterapeutas.

A profissão ainda não está regularizada, mas há grupos buscando a regularização, como a Associação Brasileiras dos Terapeutas Holísticos (Abrath), que possui critérios de carga horária para que as terapias holísticas integrativas sejam levadas a sério e regulamentadas. Para se tornar este profissional, há cursos disponíveis no mercado. Mas a aromaterapeuta Tatiana Gama, 42, reforça que é preciso ter cuidado: “Não se aprende aromaterapia com um curso de só 60 horas”. A Abrath certifica que o mínimo de horas são 360. Tatiana conta também que descobriu a aromaterapia como paciente no início da pandemia para controlar a ansiedade. “Me encantei com os resultados e resolvi me aprofundar para levar a outras pessoas os benefícios da Aromaterapia e das outras terapias que atuam integrativamente e complementando a medicina tradicional”, diz. 

Já para a aromaterapeuta Tatyane Camargo, 43, a prática integrativa entrou na vida dela por meio de uma amiga, que indicou uma sinergia, que é a mistura de óleos essenciais,  para usar em seu filho que tem epilepsia refratária. Tatyane conta que era cética, mas depois de notar a eficácia em seu filho, as crises ficaram mais amenas, tomou a decisão de levar seu conhecimento para outras pessoas. “Com a aromaterapia, aliei também os conhecimentos para a cosmetologia natural, que não é usada somente para a estética mas também para tratamentos de dermatite e acne.”

A aromaterapia é uma prática bastante antiga que vem se popularizando ao longo dos anos.
Foto: Perfil pessoal da aromaterapeuta Tatyane Camargo

Individualização 

Os óleos essenciais são altamente concentrados. Na aromaterapia, existem três formas de uso: tópica, aromática e interna. No Brasil, somente duas marcas são autorizadas para ingestão, e quando autorizadas são caracterizadas como flavorizantes, não como medicamento. Para Tatiana Gama, é uma grande irresponsabilidade por existirem contraindicações e interações medicamentosas.

Toda a química da planta se concentra nas gotas dos óleos essenciais e por mais que seja natural, há contraindicações, por isso se trata de um atendimento individualizado que busca atender a necessidade de cada um. Quando se trata da inalação, ambas aromaterapeutas reforçam que a propriedade terapêutica atinge diretamente o sistema límbico, localizado no cérebro e responsável pelas emoções. 

Para entender como cada óleo essencial funciona, a cromatografia é a análise bioquímica feita em laboratório para identificar a composição química do óleo essencial e seus princípios ativos predominantes.

Para a sinergia, é realizado uma anamnese, que consiste em saber o histórico dos pacientes. Tatyane Camargo explica que “um óleo pode anular o outro, entra aí a necessidade de saber as características dos óleos.” Ela reforça também que não é porque uma sinergia funciona para tratar ansiedade, por exemplo, funcionará em outra pessoa que também tem ansiedade. “As pessoas são diferentes, é preciso ter muita responsabilidade, temos que ter cuidado para não deixar muito banalizado.”

Ana Paula Niederauer, 40, conheceu a aromaterapia em 2020 e diz que para ela funciona como uma aliada tanto no uso dos florais como da alopatia também. “Quando posso, uso óleo de lavanda no lugar de um calmante, óleo de melaleuca ao invés de um antifúngico e anti-inflamatório tópico.”   

A individualização faz toda a diferença no tratamento buscado.
Foto: Perfil pessoal da aromaterapeuta Tatiana Gama

Popularização

Com a pandemia, foi notado pelas aromaterapeutas um aumento na busca por esse tipo de terapia. Camargo faz uma observação: “É perigoso porque, por ser natural, as pessoas acham que pode usar de qualquer jeito, há óleos que são contraindicados, é preciso entender a bioquímica de cada óleo”. Há também a confusão entre o que é óleo essencial e essência, um é natural o outro é sintético, respectivamente. 

Tatiana Gama reforça também que nem todo mundo que vende óleo é aromaterapeuta e que por isso é preciso ter cuidado. Outro fato a ser analisado de acordo com Gama é o preço. “Se o óleo essencial está muito barato desconfie; ou tem baixa qualidade terapêutica ou não é puro.”

Saiba mais

De acordo com o Ministério da Saúde, as Práticas Integrativas e Complementares (PICS) são tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir diversas doenças como depressão e hipertensão. Em alguns casos, também podem ser usadas como tratamentos paliativos em algumas doenças crônicas.

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, de forma integral e gratuita, 29 PICS à população. Os atendimentos começam na Atenção Básica, principal porta de entrada para o SUS.