Autismo nas escolas: veja se é de fato inclusivo

Acompanhado de muitos novos diagnósticos, também veio a entrada de crianças com essa condição nas escolas

Victor Gabriel Duarte Bezerra

Postado em 08/05/2022

Segundo dados levantados pelo portal G1 em 2019, o número de crianças com autismo nas escolas comuns subiu em 37%. Isso indica que as escolas devem estar melhor preparadas para receber alunos com tal condição, pois é um número que tende a crescer.

O que ratifica isso é o que diz a psicopedagoga Ariane Lopes que trabalha em uma escola há mais de 3 anos. “O número de crianças diagnosticadas com espectro autista aumentou consideravelmente no decorrer de aproximadamente 10 anos. Acredito que a informação e a quebra do tabu que eles não aprendem vem caindo e assim as famílias ficam mais seguras nos diagnósticos. Devido à pandemia, o número de crianças com laudo cresceu de forma considerável”.

A psicopedagoga Ariane Lopes alertou para um ponto muito importante na desconstrução de preconceitos. Perguntada se já presenciou casos de bullying dos alunos para com os portadores do TEA (transtorno do espectro autista) na escola onde ela trabalha, ela foi contundente em dizer: ´´O preconceito parte mais dos pais do que das crianças. Alguns pais, por falta de informação e conhecimento, tendem a julgar as crianças com laudo. Porém, na escola sempre é trabalhada a diferença e o respeito ao próximo.´´

Giovanna Mendes é irmã de Levi Gabriel, de 6 anos, que é portador do TEA (transtorno do espectro autista). Ela explica que nas escolas públicas, seu irmão sempre teve um ótimo tratamento. ´´Os professores e os funcionários das escolas públicas são muito bem preparados para lidar não só com as crianças autistas, mas também com outras deficiências. Ele já estudou na mesma sala de crianças cadeirantes e com síndrome de Down. Além disso, nas escolas públicas em que ele estudou, disponibilizavam um tratamento fora do horário de aula para lidar com as crianças que tinham algum tipo de deficiência.´´ Giovanna ainda complementou dizendo que na atual escola de seu irmão (na rede pública), eles disponibilizam um horário extra de aula para a reforço, exclusivo para crianças com qualquer deficiência ou condição.

Já nas escolas particulares, Giovanna lamenta: ´´Ficamos preocupados dele não interagir, de não ser bem aceito, porque muita gente ainda não sabe lidar e não conhece tanto sobre o autismo. Nas escolas particulares ele não foi tão bem aceito quanto nas públicas. Ele estudou em três escolas particulares e víamos que as pessoas não sabiam como lidar com ele lá dentro.´´ Ela ainda afirmou que não havia inclusão naquele cenário, dizendo que por vezes seu irmão era deixado de lado e não era incentivado à interagir com os colegas.´´

Tem se tornado cada vez mais comum pessoas (principalmente crianças) diagnosticadas com TEA. Dados da CDC (centro de controle de doenças e prevenção) indicam que 1 a cada 110 pessoas é portadora do TEA, ou seja, é mais comum do que se imagina. Existem várias formas de desenvolver essa condição, como a prática de atividade física, atividades multidisciplinares, terapias e acompanhamento médico. Também dependerá do grau, se é mais elevado, médio ou brando. Eles podem ser descritos dessa forma: Nível 1: necessidade de pouco apoio; Nível 2: necessidade moderada de apoio; Nível 3: muita necessidade de apoio substancial; de acordo com o instituto neuro saber.

Levi Gabriel praticando atividade complementar na escola CEI 2 | Crédito: Acervo pessoal