Brasília tem o maior corredor ecológico do mundo
São mais de 10 km de arborização com o objetivo de preservar espécies nativas de abelhas do cerrado
Postado em 31/03/2022
O Bosque das Abelhas é o maior corredor ecológico do mundo, conta com mais ou menos 600 hectares. São 10 quilômetros que se iniciam no Parque da Cidade e vão até o Parque Nacional de Brasília com o objetivo de preservar espécies nativas de abelhas e árvores. O projeto surgiu a partir de um bate-papo entre amigos que viam a necessidade de plantar árvores nativas para essas abelhas que estão ameaçadas de extinção devido à falta da vegetação.
O plantio dessas árvores será realizado ao longo de 4 anos. Desde o início do projeto em 2021 já foram plantadas 2 mil árvores. “O Projeto Plantio acontece através de voluntários que vieram plantar. E, além disso, o plantio é feito a partir de doação de mudas”, disse Luiz Lustosa, presidente do Instituto e Federação de Meliponicultura do DF. A primeira etapa de plantação contou com mais de 80 voluntários, além da parceria fixa com a Secretaria de Agricultura, a Secretaria de Meio Ambiente do DF, o Instituto Abelha Nativa e a Administração do Parque da Cidade.
Luiz afirma que, no primeiro momento, as pessoas se assustaram com a ideia de um corredor de abelhas, mas eles oferecem cursos regularmente para que as pessoas possam conhecer as abelhas nativas do cerrado, que, diferentemente da europeia, não têm ferrão. O corredor conta com mais 35 espécies desses insetos. “Nossas abelhas são mais evoluídas, por isso, não têm ferrão. A europeia é um dinossauro”, brincou o presidente da federação.
Lustosa ainda dizque o Brasil apresenta 400 espécies das 500 que existem no mundo e a maior concentração desses insetos está na região Norte e Nordeste do país. Silvestre Rodrigues, administrador do Parque da Cidade, ficou animado com a ideia e acredita que o projeto deva levar mais turistas para o parque: “não tem perigo para ninguém já que essas abelhas não têm ferrão e podem conviver em segurança com as pessoas”, disse.
Os desafios
O maior desafio para manter as abelhas é protegê-las do vandalismo. “Estamos colocando caixa de ferro e aço. Não dá para ser a de madeira, pois podem pisar, com fechaduras para que não as detonem. E um tubo de 120 milímetros de concreto para que as abelhas possam ficar no chão e sobreviver”. Ademais, a iniciativa conta com uma equipe de biólogos e engenheiros para supervisionar as colmeias uma vez ao mês.
Outro desafio apresentado pelos meliponicultores são projetos de novos bairros na capital federal. Como por exemplo, o Pátio Ferroviário que disponibilizará 30 mil moradias. Porém, serão retiradas 300 mil árvores, sendo que 10 mil estão na lista vermelha de extinção. “Nós fizemos um pedido para a Secretaria de Meio Ambiente para que as árvores sejam enviadas para o corredor ecológico”, disse o presidente do instituto Abelhas Nativas.
O objetivo futuro do Luiz e Silvestre Rodrigues é que depois de 3 anos o mel produzido pelos insetos seja doado para escolas e também comercializado. Os parceiros estimaram o prazo de 3 anos, pois é o tempo para que as abelhas se adaptem, façam a polinização e reprodução. “O nosso próximo passo é colocar na Secretaria de Educação para que as crianças conheçam e não tenham medo”, disse Luiz Lustosa. O mel já é bem aceito pela gastronomia brasiliense. Hoje, eles tem 5 tipos diferentes de mel e são vendidos por R$30.
No dia 5 de maio de 2022, o Bosque das Abelhas completa seu primeiro aniversário, além de ser o dia mundial das abelhas. Por isso haverá um plantio simbólico para comemorar a data. No mês de outubro haverá uma nova remessa de plantio. Para se voluntariar basta entrar no site Instituto Abelhas Nativas e fazer o cadastro.