Brasilienses reclamam da falta de estacionamento na capital

A pequena quantidade de vagas na cidade gera insegurança em mulheres que se locomovem de carro a noite

Manuella Lago

Postado em 21/06/2024

Na capital, há pouca vaga para muitos carros. Foto: Manuella Lago

Brasília, a capital do país, construída e planejada em 5 anos, carece e necessita de mudança em diferentes âmbitos da sociedade, assim como outras cidades do Brasil. Entre as áreas que padecem de modificações, a infraestrutura, principalmente tendo em vista os estacionamentos, é um problema na vida dos brasilienses que se locomovem de carro na cidade. 

Em 2023, segundo o Detran do Distrito Federal, 174.076 multas foram aplicadas a motoristas devido ao estacionamento irregular. Caso que aconteceu com a Bárbara Reis, de 21 anos, estudante universitária, 3 vezes. Ela conta que se recusa a pagar estacionamento, fazendo com que ela estacione seu carro em locais públicos. Ainda, questiona a pouca quantidade de vagas na capital, partindo do pressuposto de que, segundo ela, Brasília foi criada justamente para aqueles que têm carro.

Insegurança feminina

Mulheres reclamam da insegurança a noite. Foto: Pexels.

A estudante relata já ter se atrasado diversas vezes pela ausência de vagas, principalmente pelo fato de não ter onde estacionar perto do local aonde vai, além da possível insegurança gerada. “Quando eu paro longe do carro e volto à pé sozinha, me causa pânico. Por ser mulher, à noite, o medo piora”, declarou. 

Maria Preta Gentil, 19 anos, estudante de economia, comenta um caso que aconteceu com ela no final do mês passado ao ir fazer um concurso público. “Fiquei meia hora procurando vaga nos arredores do local de prova. Fui achar uma faltando 10 minutos para o portão fechar. Às vezes, quando saímos em família, nós saímos do carro para não corrermos o risco de nos atrasarmos e meu pai fica procurando vaga”.

A estudante fala que no Plano Piloto, local onde a maioria trabalha, se não se adiantar, não encontra vaga em um lugar acessível e seguro. Ela manifesta se sentir, de certa forma, prejudicada pela pouca quantidade de vagas. “Às vezes por ter que estacionar mais longe do local que vou ficar ou mais longe de outros carros, e consequentemente, em um lugar com menos segurança, prejudica por eu ser mulher e ter que andar mais tempo a pé”.

Ana Júlia Leite, 20 anos, estudante de administração, afirma que na cidade existem poucas vagas, fazendo com que ela, quando sai, pare nas entrequadras. A estudante ressalta ser perigoso e sempre ter que sair correndo. Ela conta que nunca foi assaltada, porém sempre observa nos estacionamentos se tem vidro no chão. Caso tenha, ela busca outro local para estacionar seu carro.

Ela fala que na faculdade onde estuda, se ela chegar atrasada, tem que fazer “gambiarra” para estacionar o carro ou tem que pagar o estacionamento. Ela deixa claro que não está disposta a pagar essa quantia diária, deixando o carro dela no estacionamento público. 

A estudante relata que em sua faculdade o estacionamento pago é 5 reais por dia. Ela tem aula 4 vezes por semana. Em um mês, ela gastaria uma média de 80 reais com estacionamento.

Nicole Bessa, 20 anos, estudante de gestão de políticas públicas, explica que não há uma quantidade suficiente de estacionamentos no Plano Piloto.”Já me atrasei várias vezes por não conseguir encontrar uma vaga, especialmente em momentos importantes como consultas médicas”, pontua.

Além do atraso, a falta de vagas também traz preocupações com segurança. Embora alguns motoristas não tenham vivenciado incidentes de assaltos ou danos aos veículos, relatos de carros assaltados ou danificados em áreas distantes dos estacionamentos são comuns.

“Embora nunca tenha sido assaltada, já presenciei carros próximos ao meu sendo alvo de vandalismo. Isso nos deixa ainda mais preocupados, especialmente quando não há opções de estacionamento seguro por perto”.

Além disso, Nicole sinaliza a questão das multas por estacionamento em locais inadequados. Ela afirma ter recebido multas, mesmo em locais onde não havia sinalização adequada, o que gerou frustração e descontentamento.

Assim como as demais, Nicole também se vê , por vezes, obrigada a estacionar longe de seus destinos e correr para não se atrasar. “Já aconteceu de ter que ir correndo para o carro devido à distância que ele ficou do lugar onde eu estava”.