Cosméticos sustentáveis ganham popularidade

Consumidor mais consciente valoriza produtos naturais

Eduarda Costa Ayres

Postado em 22/06/2022

O consumo sustentável vem ganhando destaque em todos os segmentos, dentre eles, no de cosméticos — que engloba produtos de beleza, higiene pessoal e perfumaria. Com isso, surge o movimento clean beauty – em português, beleza limpa -cujo objetivo é conscientizar as pessoas sobre o uso de produtos que sejam livres de ingredientes nocivos à saúde e ao meio ambiente. 

Atualmente, os brasileiros – principalmente os jovens – estão adotando hábitos de consumo mais conscientes e uma rotina de cuidados que seja mais sustentável. Para atender esse público, as opções no mercado estão aumentando, sejam elas de grandes ou pequenas empresas. No entanto, é importante atentar-se ao produto que está sendo comprado. Na maioria das vezes, as grandes empresas possuem selos de sustentabilidade da ECOCERT, IBD ou de outras certificadoras. Já nas pequenas empresas é possível identificar se são sustentáveis através das informações nos rótulos.

O cosméticos sustentáveis devem possuir matérias-primas naturais / Foto: arquivo pessoal

Com o intuito de produzir cosméticos veganos, artesanais e sustentáveis, a engenheira química Anna Carvalho, 81, fundou a Laranja Azeda. “Com a aposentadoria, me interessei fortemente em experimentar e plantar ervas aromáticas no sítio Laranja Azeda, em Cunha/SP. Foi através do cultivo e destilação dessas ervas que  iniciei a formulação e estudo de cosméticos naturais para face e corpo. Utilizamos na fabricação dos nossos produtos óleos essenciais e hidrolatos produzidos no sítio, óleos e manteigas vegetais, preferencialmente da flora brasileira”, conta.

A empresa está em fase de desenvolvimento e conhecimento do mercado. Para o cultivo orgânico das ervas aromáticas contam com o auxílio do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Os óleos essenciais e hidrolatos são obtidos da destilação por arraste de vapor das ervas aromáticas cultivadas no sítio.

Sobre o futuro da cosmética natural, dona Anna, se mantém otimista, mas com os pés no chão. “Caminhamos para essa direção, porém o processo é relativamente lento, levando em conta que já temos grandes empresas com notoriedade reconhecida”, diz.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, a engenheira química Raphaela Toucini, criadora da Por Amor, afirma que aos poucos estão ganhando espaço, mas ainda há muito chão para percorrer. “Ainda existe uma grande massa que vai na contramão do mundo e que degrada o meio ambiente. As pessoas precisam conhecer e entender o quão benéfico é para a saúde o uso de produtos naturais”.

A Por Amor surgiu de forma totalmente despretensiosa. Raphaela criou alguns produtos para suprir suas necessidades, pois muitos ela não encontrava nas lojas  ou tinham um custo elevado. E, desde então, esse se tornou o grande objetivo da marca, “promover saúde de forma acessível”.  

Os produtos — hidratantes corporais, shampoo, condicionador, sabonete, gel hidratante e manteiga de cacau  — são produzidos de forma artesanal, com materiais biodegradáveis e ingredientes que vêm de plantas e frutos. “Nosso objetivo é que os cosméticos tenham o menor impacto possível no meio ambiente”, ressalta. 

Os produtos da Por Amor são veganos e possuem embalagens sustentáveis / Foto: arquivo pessoal

O que caracteriza um produto sustentável:

  • Utilização de ingredientes naturais;
  • Respeito ao meio ambiente;
  • Atenção ao social;
  • Uso de embalagens recicláveis, que não agridem o meio ambiente;
  • Seguir diretivas de empresas certificadoras.

O convencional é prejudicial à saúde 

Os cosméticos convencionais possuem tradição, boa performance, bons preços, facilidade de compra e, a partir disso, o problema se camufla. São poucas pessoas que possuem dimensão dos efeitos danosos que esses produtos trazem para a pele e saúde, além do impacto ambiental.

Essas substâncias apresentam parabenos (considerado um disruptor endócrino), triclosan (potente bactericida), formaldeído (considerado cancerígeno), fragrâncias (podem causar danos ao sistema endócrino e reações alérgicas), entre outros.