Diga-me o que vestes e eu te direi quem és
Estudantes universitários adotam código de moda das profissões, mas usam da criatividade para inovar
Postado em 10/04/2024
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Foto: Isabella Luciano
Em espaços universitários, é comum identificar os estudantes através de seus looks. O estilo de roupa é uma forma de expressão e de pertencimento ao curso escolhido, sendo moldado pela cultura e pelos ideais profissionais.
De acordo com a antropóloga Mariana Barroso, os estereótipos profissionais derivam de estigmas que ajudam a demarcar grupos na sociedade, associados a características mais ou menos valorizadas. Mariana analisa como essas ideias impactam os estudantes universitários como trocas culturais que contribuem para a popularização de um estilo em comum, facilitando a aceitação social que visa um crescimento profissional.
Apesar da crença comum de que esses padrões são negativos, a pesquisadora Karla Beatriz, especialista em moda, defende a utilização de alguns deles como ferramentas de comunicação. “Esperamos que os profissionais estejam atentos aos códigos de vestimenta e se comuniquem de forma congruente com suas profissões, mostrando que o ambiente dita os rituais que serão seguidos, incluindo as escolhas de vestuário.”
Assim, podemos observar exemplos típicos, como estudantes de Direito que evitam certas peças de roupa e optam por looks mais formais, exigidos pela profissão. Ou um estudante de medicina que busca transmitir uma sensação de limpeza, evitando cabelos soltos e muitos acessórios. Cada profissão possui sua própria identidade e um estereótipo esperado dos profissionais.
A importância de se sentir parte do grupo escolhido também é reconhecida por Mayza Venâncio, que desde o início da graduação passou a adotar roupas mais confortáveis e condizentes com o dia a dia da profissão, incorporando esses elementos ao seu estilo pessoal. A Crocs, conhecida como a “marca dos estudantes da área de saúde”, é um exemplo de peça que se tornou frequente em seu guarda-roupa devido às necessidades do curso.
Mayza reconhece a importância de uma identidade consolidada para sua área de atuação e a relevância dessa influência: “Porque além da competência e da formação, a vestimenta no futuro local de trabalho precisa ser adequada. Então, tem influência sim!”
Criatividade na identidade
A criatividade na construção da identidade é fundamental. A pesquisadora Karla identifica os universitários como exemplos de mudança: “Com o desejo de romperem com a obrigação de usarem uniformes, buscam experimentar e construir sua imagem e estilo.” Os universitários conseguem inovar seus outfits mesmo que ainda dentro do código profissional.
Carlos Eduardo Gomes, estudante de jornalismo Icarous Kortbawi, estudante de TI Ana Júlia Bittencourt, estudante de moda Júlia Carvalho, estudante de moda.
Fotos: Isabella Luciano
A estudante de Jornalismo Ana Paula Lima representa bem a criatividade. Amante de cores e estampas, ela não hesita em usá-las em seu ambiente de trabalho: “Gosto muito de me expressar por meio das minhas roupas e quero comunicar isso também para os espectadores que estarão me vendo. Quero também expressar e mostrar isso para a fonte que estou entrevistando, sabe?”
Para ela, o impacto do curso em seu estilo não foi exatamente como ela esperava, mas sim como a descoberta de um novo estilo. A formalidade esperada pela profissão não limita Ana Paula em suas escolhas na hora de montar um look. Ela acredita que é fundamental saber equilibrar e compreender a dinâmica e tentar introduzir novos aspectos dentro do que é necessário para ser visto com um bom profissional.
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Foto: Isabella Luciano
Júlia Carvalho, estudante de Moda, é um outro exemplo de criatividade dentro das expectativas da graduação. Ao avaliar a influência em seu estilo, Júlia aponta como ele ajuda a moldar uma identidade própria.
“Você expressa seus sentimentos e passa mensagens com as roupas que veste, seja de forma séria ou apresentando-se como uma pessoa acessível”, diz Júlia.
A estudante reconhece a influência do curso de moda em sua vida: “Acabo notando e admirando tipos de costura, modelagens e me entusiasmando ao descobrir uma marca de grife. Além disso, desejo evitar o consumismo por conhecer os impactos da indústria da moda e entender que as tendências da moda são normalmente passageiras.”
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Foto: Isabella Luciano