Instituto Vida Positiva é referência no acolhimento de crianças e adolescentes com HIV

Para manter as atividades, Instituto recebe doações da sociedade e vende a Farofa Solidária, feita pela fundadora

Elana Fabricia

Postado em 26/04/2022

Idealizado por Vicky Tavares, o Instituto Vida Positiva, fundado há 16 anos, acolhe crianças, jovens e adolescentes que convivem com o vírus da aids ou HIV (sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana). A principal missão da ONG que atua em Brasília é promover a defesa e garantia dos direitos socioassistenciais de pacientes com HIV, dando apoio físico, emocional e psicológico para que essas pessoas tenham uma vida normal.  

Vicky Tavares conta que já trabalhava há anos com pacientes soropositivos terminais no Hospital de Base e o interesse maior em fundar a ONG veio após a perda de um grande amigo para a doença. “Comecei a fazer um trabalho voluntário numa casa com crianças e ao ver toda aquela situação de abandono e falta de cuidados diários que elas precisavam acabei adotando todas. Com isso em 2006 fundei a Vida Positiva. Hoje, essas crianças cresceram e muitas estão fazendo faculdade. É uma missão e me sinto honrada, tenho absoluta certeza que foi Deus que me dirigiu a esse trabalho”, explica.

“A grande preocupação nossa não são os remédios, porque se modernizaram e são eficazes, mas sim a questão do preconceito. Ainda temos essa cultura preconceituosa no nosso país com pessoas portadores de HIV, preconceito racial, obesidade, enfim, não temos remédio pra isso[…] Na verdade, o remédio para o preconceito é o amor”, emenda Vicky.

A sede da ONG o está localizada na Asa Sul por ficar próximo a hospitais que tratam pacientes. Todo trabalho realizado lá é feito de forma voluntária e gratuita, através de doações da sociedade civil e do poder público na distribuição de frutas e verduras doados pelo Centro de Abastecimento (CEASA-DF) e por meio do programa Mesa Brasil, do governo Federal.

Outra grande ajuda financeira que a ONG recebe chega através da venda da farofinha solidária, feita pela própria Vicky. Segundo ela, o produto caiu no gosto do brasiliense e contribui com 30% para a despesas do Instituto Vida Positiva.

“Temos uma despesa altíssima e trabalhamos com profissionais capacitados. Temos assistência social, motorista, cozinheira, cuidadoras do diurno, noturno. Equipe do telemarketing que vende a farofinha[…]. A única área de voluntários parceiros são os professores que dão aula na ONG”.

Quem é Vicky Tavares?

Vicky nasceu em Belém do Pará e veio morar na capital federal com 15 anos de idade. Bem antes de desenvolver este trabalho social, foi estilista na área de moda e empresária da primeira loja de couro do Centro-Oeste. E pelo olhar sensível Vicky Tavares embarcou e mergulhou a fundo na luta pela causa e na transformação de pessoas portadores do vírus HIV, mas com amor e empatia para acolher e mostrar que é possível levar uma vida normal.

Vovó Vicky Tavares, fundadora da Ong Positiva. Foto: Elana Batista

“Fora do muro da instituição atendemos a cinco hospitais públicos com doações de lanchinhos para pacientes que fazem exame de carga viral. Então, nós fazemos um saquinho com biscoitos e suquinho e entregamos geralmente aos sábados. Também entregamos cestas básicas para portadores e eles almoçam aqui na ONG.”

A fundadora da Vida Positiva já concedeu várias entrevistas em programas de TV e rádio; além disso, recebeu prêmios pelo importante trabalho que a instituição presta à sociedade brasiliense. Ela também realiza palestras em escolas para conscientizar jovens sobre a prevenção e o combate ao vírus da aids. “Dou palestras em colégios para adolescentes para falar sobre o HIV, as precauções, como a doença deve ser tratado. É um momento para falar sobre o preconceito e dizer que pode beijar, abraçar, que aids não pega na toalha, no talher, enfim quebrar esses estigmas.” A idealizadora da ONG ainda afirmou que “temos também que cuidar da saúde mental do portador do vírus HIV e não é só do sangue, mas da saúde psicológica porque é importantíssima.”   

Voluntários

Muitos voluntários procuram a vovó Vicky para contribuir no desenvolvimento do trabalho da ONG. A assistente social Laíse Dantas, 28 anos, formada pela Universidade de Brasília, ela iniciou um trabalho entre 2015 a 2019 na instituição e voltou  trabalhar novamente agora em 2022.  Segundo a profissional, ela é responsável  pela elaboração e produção de dados para manter o regulamento da ONG e dos assistidos perante os órgãos fiscalizadores do poder público local.

“Para além disso, fazemos um trabalho direto com os assistidos e os familiares e quem recebe mais desse atendimento sistematicamente e aqueles que ficam na instituição.” Sobre os portadores do vírus, Laíse emenda: “não foi uma escolha da pessoa, isso não tem que ser um problema do afastamento desse paciente, mas é natural que eles agem assim para até mesmo se proteger. Porém, a gente precisa criar uma cultura mais inclusiva para que não haja esse tipo de desconhecimento do que de fato é o vírus da aids-HIV”, comenta a profissional.

Conversamos com Maria, portadora do vírus que não quis se identificar . Ela conta que contraiu HIV na adolescência e tentou até se matar e por anos se afastou da família e dos amigos, mas quando soube do serviço da ONG lá pode enxergar um mundo com mais esperança de viver. “Só quem é portador de aids sabe o que é ser rejeitado pelas pessoas, por anos me escondi de todos e não falava pra ninguém sobre isso, porém hoje recebo amor e o acolhimento neste lugar[…] Isso me encorajou a viver melhor e acreditar que posso ter uma vida normal com sonhos como qualquer outra pessoa”, frisou.

Como ajudar a Vida Positiva?

Ficou interessado pelo exemplo do bem da vovó Vicky e sentiu o desejo de ajudar a Instituição Vicky Tavares, Instituto Vida Positiva? Entre em contato com o escritório nos telefones (61) 99942-8970 e (61) 99942-8932.

Farofa Solidária

A famosa farofinha solidária feita pela vovó Vicky você pode contribuir e adquirir através deste link:  https://www.instagram.com/vovisgourmet/