Pandemia afetou a saúde mental de 39% dos jovens brasileiros

Ipec realizou pesquisa sobre a influência da pandemia na saúde mental da população brasileira. Confira os sintomas mais recorrentes e a experiência da clínica de psicologia Apsi Vida

Ana Morbach

Postado em 11/10/2021

Após dois anos vivendo a crise sanitária de Covid-19, é possível afirmar que a população mundial sofreu impactos na saúde mental, visto que o vírus afeta não somente o indivíduo contaminado, mas também as pessoas mais próximas a ele. Com o objetivo de mensurar a saúde mental da população brasileira, a Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) realizou uma pesquisa divulgada no dia 1/09/2021. Nela, observa-se que 39% dos jovens na faixa de idade entre 18 e 24 anos disseram que a saúde mental ficou ruim durante o período de pandemia, e 11% classificou como muito ruim. 

O estudo ouviu cerca de 2 mil pessoas na cidade de São Paulo (SP) e nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Salvador. Na amostra geral, sem diferenciação por idade, as pessoas que classificaram sua saúde mental durante a pandemia como ruim ou muito ruim ficou entre 5% e 25%. Dos entrevistados, 21% buscaram tratamento profissional, e 11% estão em acompanhamento especializado.  

Ansiedade (16%) e depressão (8%), síndrome do pânico (3%) e fobia social (2%), foram as condições com mais diagnósticos, segundo a pesquisa. Entre os sintomas mais comuns relatados, foi possível encontrar: tristeza (42%); insônia (38%; irritação (38%); angústia e/ou medo (36%) e crises de choro (21%)

Experiência da linha de frente 

Como empresário e fundador da clínica de Psicologia Integrada Apsi Vida, Alessandro Rodrigues e sua equipe acompanharam de perto a trajetória de seus pacientes nos dois anos de pandemia. Oferecendo serviços de neuropsicologia, nutrição, iridologia e psiquiatria, a clínica foi capaz de trabalhar de maneira remota durante grande parte do período, porém conseguiram manter poucas atividades presenciais de atendimento. O proprietário comenta que o que os manteve firmes foi a persistência de seus próprios pacientes.

“Meu objetivo é fazer todo mundo sair daqui saudável e seguro de si. Tenho inúmeros pacientes que estavam comigo antes da pandemia e que eu vi a situação se agravar muito rápido, então pude ver esses impactos da pandemia na minha frente”, revela. 

Alessandro Rodrigues fundou a clínica com sua esposa em meados dos anos 2000/ Foto: Ana Cristina Morbach

A neuropsicóloga da Apsi Vida, Thuany Dutra, mudou o seu estilo de trabalho com a chegada da crise sanitária. Após enxergar que muitos dos seus pacientes residentes de hospitais estavam com dificuldades de adaptação para o formato remoto de atendimento, Thuany revela que fez muitas práticas presenciais nesse tempo, obedecendo a todas as medidas de segurança estabelecidas. 

“Foi uma experiência realmente assustadora. Tivemos pacientes que rejeitaram o estilo de terapia que estávamos fazendo por conta do formato. Apesar de termos crescido como empresa na pandemia, demorou até que nós conseguíssemos firmar um estilo concreto e 100% eficaz”

Para Priscila da Silva, paciente da clínica, de outubro de 2020 a junho de 2021, a ansiedade foi o motivo principal na procura pela Apsi Vida. Com 28 anos, Priscila se encaixa em uma das faixas etárias mais afetadas pela pandemia quando o assunto é saúde mental. Ao começar os atendimentos, a paciente tinha, além de ansiedade, problemas com fobia social. Após 8 meses de terapia cognitiva comportamental, ela revela que o impacto foi grande, mas que agora está estável e agradecida com o atendimento. 

“Me sinto muito bem, consigo lidar com as minhas questões de forma mais assertiva, depois que recebi alta me deixaram com contatos de emergência para caso de uma crise de ansiedade ou para tirar dúvidas”, diz a paciente.

A clínica Apsi Vida possui duas unidades em Brasília, sendo uma na Asa Norte e outra no Sudoeste/ Foto: Ana Cristina Morbach