Sem tempo de TV e rádio, partido reconhecido em 2019 tem pré-candidato à presidência

Unidade Popular pelo Socialismo surgiu de movimentos populares e prioriza trabalho nas periferias

Fernanda Rodrigues Ferreira

Postado em 25/04/2022

O Brasil tem 32 siglas partidárias registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um dos mais recentes partidos registrados é a Unidade Popular pelo Socialismo (UP), reconhecido oficialmente em 2019. 

A UP surgiu a partir de movimentos populares como Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB), o Movimento de Mulheres Olga Benário, o Movimento Luta de Classes (MLC), a União da Juventude Rebelião (UJR).  A formação ocorreu a partir de junho de 2013, quando enxergaram que o país estava em crise de representatividade e política. O secretário de comunicação da UP, Magno Francisco da Silva, 36, explica: “Tínhamos a compreensão que precisava ser um partido com ramificação social, construído de baixo pra cima, por isso nossa relação desde o início com os movimentos sociais.”

Sobre os desafios que vêm sendo travados por serem um partido recente, presidente do partido, e pré candidato à Presidência da República, Leonardo Péricles, 40, diz querer que o partido seja apresentado ao povo: “Através do convencimento e debate, mostrar que somos da esquerda e somos uma alternativa de partido”.

A respeito do trabalho que vem desenvolvendo, Péricles afirma priorizar o trabalho na periferia, pois é onde há mais exploração e opressão. “É preciso lutar contra o racismo e o patriarcado, a classe trabalhadora é negra e em sua maioria, de mulheres.”

Já para Magno, a UP é a cara do povo brasileiro. ‘‘É um partido formado somente por trabalhadores, de maioria negra e de mulheres, os espaços de direção são assim também”, diz.

Leonardo Péricles é o primeiro pré-candidato à presidência pela UP. Foto: Manu Coelho

Funcionamento 

A UP se sustenta de forma independente, os filiados contribuem com no mínimo R$10, o que permite que Leonardo realize as viagens pelo Brasil. O partido não conta com os mesmos recursos quando comparado a outros grandes partidos. 

Em relação ao diferencial do partido, Leonardo Péricles, explica que o programa deles tem como foco a suspensão e auditoria do pagamento da dívida pública e reformas estruturais, como a reforma agrária e a reestatização. 

Para Thaís Oliveira, 29, presidente do partido no Distrito Federal, um partido que nasce de movimentos sociais faz toda a diferença, e cita o Movimento de Mulheres Olga Benário que hoje conta com dez ocupações que viraram casas de referência para receberem mulheres vítimas de violência doméstica. “É um importantíssimo movimento que constrói a Unidade popular, o movimento que está ali nas bases, nas periferias e aqui no Distrito Federal nós também estamos idealizando e organizando uma casa de referência que muito provavelmente vai ser construída ainda esse ano.”

No DF, a UP tem 35 filiados e há previsão de lançar candidatura na região. De acordo com Thaís, o lançamento da candidatura é um processo eleitoral e uma oportunidade de se conectar com muitas pessoas. “Propagandear nosso programa político, em todos os cantos do país que tivermos a condição de lançar candidaturas, lançaremos”, afirma. 

Nestas eleições, a Unidade Popular pelo Socialismo não terá tempo de televisão nem de rádio, por não ter nenhum representante no Congresso,  critério adotado pelo TSE para determinar os partidos que poderão ter acesso a denominada Propaganda Partidária Gratuita. 

A presidente do partido no DF, Thaís Oliveira, conta que na capital ainda não há diretório físico. Foto: Emília Silberstein

Registro de um partido

Há etapas a serem seguidas para a criação de um partido seguindo a Lei nº 13.165, de 29 de setembro de 2015. Dentre elas, a legenda tem que comprovar, no período de dois anos, o apoio de eleitores não filiados a outro partido, correspondente a, pelo menos, 0,5% dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, distribuídos por um terço ou mais dos estados, com um mínimo de 0,1 % do eleitorado que tenha votado em cada um deles. 

No momento 67 outras siglas buscam o registro. Para Leonardo Péricles, “o grande problema do Brasil não é a quantidade de partido, a questão é que está centralizado nos mesmos partidos”. 

Depois da mudança da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995, alterada agora para a Lei nº 13.165, a UP foi o único partido que conquistou a legalização. “O mais impressionante é que fizemos isso apenas com o trabalho militante, sem nenhum centavo dos ricos, percorrendo por bairros, centros de cidades, portas de fábricas”, conta o secretário de comunicação. A Unidade Popular pelo Socialismo conta hoje com 2.613 filiados.