Sinuca: do boteco ao profissionalismo

Esporte ganha visibilidade no Brasil

Eduarda Costa Ayres

Postado em 24/06/2022

Provavelmente em algum momento da vida você já jogou uma partida de sinuca; seja no barzinho, em casa ou até mesmo em jogos online. Porém, a maioria das pessoas não sabe que a modalidade vai muito além da diversão, ou seja, é praticada profissionalmente.   

A sinuca foi oficializada como esporte no Brasil em 1988 e, desde então, vem conquistando espaço e abrangência no número de jogadores. Assim como qualquer outra prática esportiva, se profissionalizar requer bastante esforço e treino.  E, é claro, um bom taco, boa precisão e mira.

As regras do esporte respeitam normas nacionais da Confederação Brasileira de Bilhar e Sinuca (CBBS) e são complementadas pelo Regulamento dos Esportes do Bilhar. A finalidade do jogo é — seguindo as normas e usando a impulsão da tacadeira,  movimentada por um toque da sola do taco — encaçapar (fazer com que entre na caçapa) as bolas da vez e coloridas em sequência ordenada crescente.

As partidas são disputadas por dois ou mais jogadores usando uma bola branca e sete coloridas, valendo: vermelha 1; amarela 2; verde 3; marrom 4; azul 5; rosa 6 e preta 7 pontos. A bola branca é identificada como “tacadeira”. A bola de menor valor em jogo é identificada como “bola da vez” e as demais como “coloridas”.

O cearense Celinho Parente, 35, atual campeão brasileiro de sinuca na categoria Six Red Master, já foi 13 vezes campeão Norte-Nordeste e possui mais de 50 títulos no estado. Ele conta que sua história com a sinuca começou aos sete anos, na convivência com o avô e o pai — ambos foram donos de um salão de sinuca. “Eu procuro sempre me desafiar, sou movido por desafios. Então, meu objetivo é conquistar um título brasileiro na categoria Snooker, que é a categoria praticada pelo campeonato mundial, e ser campeão panamericano, o que dá direito a vaga no mundial”.

Celinho destaca que o esporte traz diversos benefícios para a saúde, além de ser aconselhável para a terceira idade. “Trabalha a coordenação motora, mente e raciocínio lógico, pois é preciso calcular o ângulo de meter as bolas e qual estratégia usar para ganhar do adversário”. O jogador é bem disciplinado, tem uma rotina de treinos aeróbicos, técnicas de concentração e, principalmente, exercícios para a mente. “Além das competições, derrotas duras nos fazem evoluir e títulos nos fazem amadurecer esportivamente”, expressa. 

Para ele, o grande desafio da sinuca é deixar de ser considerada esporte de “malandro”, mas reconhece que a visibilidade tem aumentado. “Vejo que a CBBS está cada vez mais investindo em transmissões, os canais no YouTube têm um alcance muito grande e, querendo ou não, a sinuca profissional pega essa carona. Empresas também estão começando a investir no esporte, vendo como algo rentável devido ao grande número de pessoas assistindo”. 

Existem dois mundos distintos na sinuca profissional, a categoria mais conhecida e a chamada “jogo de bolinho”, que consiste em apenas três bolas na mesa. Ganha quem encaçapar a última. E quem domina esta prática é Maycon de Teixeira, 28, atual dono do cinturão de rei do bolinho. “Comecei a jogar com sete anos e hoje disputo com os melhores do Brasil. Costumo treinar em casa ou em bares, e durante os dias dos eventos que participo”, conta.  

As regras do esporte são estabelecidas pela CBBS – Foto: Reprodução/ Pexels

Como funcionam as competições

As competições de sinuca profissional são regulamentadas pela CBBS, e acontecem em  campeonatos, torneios e outras disputas. Em todos os eventos é necessário a presença de árbitros e auxiliares, com o objetivo de intermediar, conduzir, observar e fazer cumprir as regras e normas pertinentes, auxiliar os jogadores e esclarecer dúvidas, sem interferir nos atos e ações do jogo.