Superlotação dos trens dificulta rotina dos usuários do metrô na Ceilândia

Paradas excessivas também atrasam as viagens

Enzo Bernardes

Postado em 02/04/2024

Nos últimos meses foram reportados diversos casos de problemas no Metrô – DF, que vão desde lentidão, paralisação por falta de energia, catracas irregulares à vagão pegando fogo. Esses incidentes têm gerado preocupações crescentes entre os usuários do sistema de transporte público, levantando questões sobre a segurança, confiabilidade e manutenção adequada das instalações e equipamentos do metrô. 

O metrô na Ceilândia

A Ceilândia possui seis estações diferentes, que vão da região sul, ao centro e à norte, sendo uma das regiões administrativas que possui maior número de estações. A cidade tem 350.347 habitantes e concentração alta de usuários.

As linhas de metrô na Ceilândia também apresentam problemas, como escadas rolantes desativadas, falta de sinalização de horários dos trens e principalmente superlotação. 

Passageiros tentam entrar no trem mas são impedidos por superlotação (Estação Ceilândia Sul). Foto tirada por Enzo Bernardes.

Usuários relatam dificuldades para entrar nos vagões devido ao excesso de pessoas, sobretudo nos horários de pico:

“Tinham dias que eu tive que esperar até três trens passarem para conseguir entrar, porque estavam cheios demais e sempre ficava gente para fora. Quando eu trabalhava na Asa Sul, era uma viagem de 45 minutos extremamente sufocante. Eu chegava em casa cansado só por conta do transporte, era uma viagem apertada e eu não conseguia nem me mexer direito no metrô”, diz o publicitário Lucas Mendes Santos (23).

A superlotação afeta a rotina diária dos passageiros, sendo necessário sair mais cedo de casa para não correr o risco de perder o horário. Além disso, outro problema enfrentado pelos viajantes são as paradas excessivas no trajeto (fora das estações), o que aumenta consideravelmente o tempo da viagem.

Lucas relata ainda que por conta da superlotação e atrasos dos trens, diversas vezes já teve de usar transporte particular (Uber) para conseguir chegar ao trabalho. Outro método usado como solução pelo publicitário para entrar no metrô, era pegar um trem em direção contrária ao sentido central, tendo de percorrer o caminho até o terminal da Ceilândia Norte, voltando depois ao sentido Plano Piloto.

Tiago Pereira de Lima (32), analista de contas médicas, diz que  a solução para esse problema é sair de casa com antecedência:

“Sempre preciso sair de casa 30 minutos mais cedo para embarcar em um trem menos lotado, e mesmo assim, é inevitável o desconforto. Em média, costumo esperar cerca de 10 minutos para conseguir entrar em um vagão durante os horários de pico, quando não há problemas de circulação dos trens.”, diz.

O funcionamento do Metrô

Vagão do metrô lotado (Estação Guará). Foto tirada por Enzo Bernardes.

O Metrô – DF é composto por 29 estações, nas quais 27 encontram-se em funcionamento, distribuídas em seis regiões administrativas diferentes. Três linhas estão disponíveis, com direções para Ceilândia, Samambaia e Central (Plano Piloto).

Dados da Assessoria de Imprensa do Metrô apontam que cerca de 139 mil usuários utilizam o metrô em dias úteis, com base no fluxo de fevereiro de 2024. Esse número é uma média, podendo chegar a 170 mil usuários por dia. Para atender o alto número de usuários, é disponibilizada uma frota de 24 trens nos horários de pico da manhã e tarde/noite.

Dos 139.426 usuários diários, cerca de 35 mil são contabilizados no horário de pico da manhã, entre 5h30 e 9h. De acordo com a assessoria de imprensa do Metrô DF, há uma relação estabelecida entre número de usuários e a frota disponibilizada, dimensionada de forma a atender à demanda de usuários nos horários de pico da manhã, pico da tarde/noite, vale diurno (período entre o fim do horários de pico da manhã e o início do horário de pico da noite), vale noturno (após o horário de pico da noite). O levantamento varia também em relação aos dias úteis, sábados, domingos e feriados.