Abelhas sem ferrão são essenciais para o ecossistema da capital

A  Federação de Meliponicultores catalogou mais de 20 espécies de abelhas nativas no Brasil; na maioria dos ecossistemas mundiais, as abelhas são os principais responsáveis pela polinização

Lais Nogueira

Postado em 08/04/2024

Foto: Laís Nogueira / O Bosque das Abelhas fica localizado no estacionamento 4 do Parque da Cidade

A polinização realizada pelas abelhas sem ferrão é um serviço ecossistêmico de valor inestimável para a biodiversidade do Distrito Federal. No site da Federação de Meliponicultores do Distrito Federal, Femel, existem 23 espécies de abelhas nativas brasileiras catalogadas. Essas pequenas criaturas desempenham um papel vital na reprodução de plantas nativas e na manutenção do ecossistema local, contribuindo para a riqueza e resiliência da flora e fauna da região. Reconhecer a importância das abelhas sem ferrão como polinizadores é essencial para garantir a preservação do ambiente natural do Distrito Federal.

As abelhas sem ferrão, também conhecidas como meliponíneos, são uma parte essencial do ecossistema da capital, onde uma ampla variedade de plantas depende delas para a polinização. Essas abelhas, que habitam uma diversidade de ambientes, desde florestas até áreas urbanas, visitam flores em busca de néctar e pólen, transferindo o pólen de uma planta para outra no processo, que é essencial para a reprodução das plantas. De acordo com a Embrapa, na maioria dos ecossistemas mundiais, as abelhas são os principais responsáveis pela polinização.

Bosque das Abelhas

Incentivando e promovendo a proteção das abelhas do cerrado, o Instituto Abelha Nativa realizou o plantio de 500 mudas no espaço batizado de Bosque das Abelhas, localizado no estacionamento 4 do Parque da Cidade. Com o objetivo de preservar as abelhas do cerrado, o local foi construído a partir do plantio de espécies do cerrado para que os insetos possam se desenvolver em seu ambiente natural. 

Foto: Laís Nogueira / Abelhas nativas não possuem ferrão, vivem tranquilamente no quintal e jardim, podendo viver até mesmo na varanda de um apartamento.

Não só pelo delicioso mel que algumas espécies produzem, mas principalmente pelo significativo serviço ambiental que prestam com a polinização, na manutenção dos ecossistemas naturais, na manutenção dos ecossistemas agrícolas e, consequentemente, na produção de alimentos. A presença e atividade das abelhas sem ferrão influenciam toda a cadeia e o equilíbrio dos ecossistemas de Brasília. 

De acordo com o “Manual de aproveitamento integral dos produtos das abelhas nativas sem ferrão”, de Jerônimo Villas-Bôas, estima-se que um terço da alimentação humana depende direta ou indiretamente da polinização por abelhas. Sendo divididas em duas atividades distintas: a apicultura e a meliponicultura. A apicultura é o manejo da espécie Apis mellifera, que não é nativa do território brasileiro, é ela que fornece o mel disponível no mercado brasileiro. Já a meliponicultura é a atividade de criação das abelhas sem ferrão, ou meliponíneos, nativas do Brasil e de outras regiões tropicais e subtropicais da Terra. E muitos acreditam que o uso de abelhas sem ferrão para a polinização agrícola seja o futuro da meliponicultura mundial. 

Abelhas ameaçadas

No entanto, as abelhas sem ferrão enfrentam ameaças significativas em todo o mundo, incluindo o Distrito Federal. A perda de habitat devido à expansão urbana, o uso indiscriminado de pesticidas e a propagação de doenças representam sérias ameaças à sobrevivência dessas abelhas e, consequentemente, à biodiversidade local. É o que comenta o meliponicultor por hobbie, Jardel Visgueiro: “Crio abelhas jataí, que são bem pequenas e quando o carro do fumacê passa tenho que colocar a colônia dentro de casa”. Para ele é crucial tomar medidas para proteger e promover qualidade de vida para as populações de abelhas sem ferrão e dos ecossistemas dos quais elas dependem. “Pesquisar sobre o mundo das abelhas e aprender como elas se organizam já é muito prazeroso, além de ser necessário para garantir a saúde dos enxames.”

Foto: Laís Nogueira / Jardel Visgueiro é um estudante de direito apaixonado por abelhas 

Ao proteger as abelhas sem ferrão e seu papel crucial na polinização, é garantido um ambiente saudável e diversificado para as gerações presentes e futuras no Distrito Federal. “Com certeza, são de fundamental importância para o desenvolvimento das plantas, as abelhas são as principais responsáveis pela polinização das plantas, junto com outros animais, mas principalmente elas. Sem esse serviço que é prestado gratuitamente, várias espécies de plantas sumiriam do nosso planeta, acarretando em severos problemas a sociedade mundial’, relata Jardel. “Sem as abelhas o mundo seria bem diferente do que conhecemos.”

Foto: Laís Nogueira / Estima-se que uma abelha consiga carregar o peso equivalente a 300 vezes o seu