Marcas e organizações incentivam a moda sustentável
Atualmente, a indústria da moda é uma das que mais causa poluição no mundo
Postado em 17/11/2021
A indústria da moda está entre as que mais poluem no mundo. Dados disponibilizados pelo Global Fashion Agenda apontam que globalmente essa indústria emite cerca de 2,1 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa, além de descartar mais de 70% de roupas em aterros anualmente. No cenário brasileiro, de acordo com dados expostos pela ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção) a indústria da moda no país gera 175 mil toneladas de resíduos têxteis. Com a necessidade de incentivar uma mudança no atual cenário brasileiro de moda, muitas organizações e marcas encorajam a adoção de práticas sustentáveis.
Este é o caso da Retrace, marca paulista que tem como objetivo principal dar um novo uso para tecidos que seriam descartados. Uma das sócias, Letícia Croci, comenta como a empresa vem ganhando visibilidade entre aqueles que têm o mesmo propósito: a sustentabilidade. Uma das organizações citadas por ela, por exemplo, oferece assessoria para marcas se tornarem sustentáveis. Letícia ainda argumenta que não tem como alguém ser 100% sustentável, entretanto é necessário promover iniciativas que irão proporcionar essa sustentabilidade a nível social. “As marcas têm se humanizado… quando vemos uma marca que é humana, que se importa com o impacto ambiental e social dela, a gente passa a entender as necessidades disso”, diz Croci.
Movimentos como o Slow Fashion e Fashion Revolution contestam os mecanismos da indústria têxtil e os hábitos de consumo. Para a representante desse movimento no Brasil, Paula Martin, essas organizações são imprescindíveis para que as pessoas repensem no processo de produção da roupa. “Movimentos como esse vem para colocar a semente na cabeça do consumidor, que não é só comprar, mas sim pensar no sistema. Nossa ideia é conscientizar, nós sabemos que o consumidor sozinho não pode mudar a indústria, que a mudança é sistêmica, mas entendemos que cada um desenvolve seu papel na sociedade. A revolução que podemos fazer é escolhermos de quem compramos”.
Ainda de acordo com a representante, a indústria da moda precisa de transformações para que futuramente a população não sofra com as consequências climáticas. “O planeta tem barreiras planetárias, há limites para o consumo e produção. A indústria da moda está sempre entre as seis mais poluentes. Nós precisamos começar a repensar nosso modelo de produção linear transicionando para uma moda circular. O planeta não consegue lidar com essa produção”.
Como ser sustentável na moda?
Apesar de ainda haver um grande preconceito com roupas de segunda mão, ou seja, roupas de brechó, Paula Martin menciona que esse é um dos hábitos mais sustentáveis na moda. O ato de observar e usar mais as roupas que já têm também é um método. ” A gente vive em uma sociedade do entesouramento, ao invés de olhar para dentro a gente sai para comprar roupa”, comenta Paula.
A ativista de moda sustentável, Giulia Canineo, diz que é necessário que a população exija leis que controlem os abusos do uso de recursos, uma vez que eles não são renováveis. A ativista ainda comenta que tem esperança na melhoria da indústria da moda, através principalmente da educação “Existe uma maneira de reeducar as pessoas a consumirem de uma maneira mais consciente, sozinha não vou salvar o planeta, então temos que educar mais para criamos uma comunidade e, possivelmente, um movimento que cobre leis”.