Má preservação do transporte público vem causando insatisfação aos usuários

Motorista de ônibus conta como funcionam as manutenções dos carros que rodam por Brasília.

Ana Clara Santana Vilela

Postado em 24/04/2025

O transporte público é o meio de condução mais usado por aqueles que não têm carros e até mesmo os que possuem, para economizar combustível. De acordo com a Semob (Secretaria de Mobilidade) cerca de 2 bilhões de acessos foram feitos em 2024 ao sistema de transporte público. Tendo em mente a dependência de algumas pessoas pelo transporte público, eles esperam uma “qualidade” de serviço prestado pelas empresas de ônibus. Mas com a falta de preservação dos veículos, a qualidade do serviço acaba deixando a desejar. O mais comum de se ver são bancos quebrados, sinalizadores de paradas que não funcionam e muita sujeira.

Sinalizador de aviso de parada. Foto por: Ana Clara S. Vilela

Focando sobre a manutenção dos ônibus, eles devem passar pela preventiva diariamente. José Geraldo Araújo, motorista da empresa Piracicabana há 13 anos explica: “toda noite que chegam na garagem os carros passam por preventiva. São averiguados durante a noite para poderem sair. Em casos raros, podem passar batido na mecânica”. Não podendo por a culpa somente na má conservação dos ônibus, o motorista diz que a precariedade das vias também afeta os carros.

Na questão da segurança não só dos passageiros, como também da equipe, José diz: “sim, a má conservação dos ônibus pode comprometer a segurança dos passageiros. Mas hoje, com a nova licitação, está mais tranquilo, pois são ônibus mais novos e são trocados de 10 em 10 anos”. Em junho alguns carros vão começar a ser trocados, com as frotas novas chegando. As antigas são enviadas para outros estados.

Em relação a má conservação, José não teve problemas, mas com os bancos que são de qualidade questionável teve. “São bancos de terceira linha que causam problema de coluna, não colocam um banco confortável”. Os ônibus não usam amortecedores pneumáticos, então acabam dando muitos defeitos.“Pessoas magras e pessoas acima do peso, cada um tem um sistema diferente de sentar e nem sempre os bancos dão uma regulagem adequada para que você se sinta confortável ao dirigir”. Por passar 13 anos dirigindo 6 horas por dia, José desenvolveu hérnia de disco, por conta dos bancos de má qualidade. A pavimentação das ruas também contribuiu para o problema da coluna. Por exemplo a W3 Sul, que antigamente era toda desregulada.  

Caso o usuário  tenha algo para relatar, a SEMOB- Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF , deve entrar em contato pelo telefone da ouvidoria 162.

Conscientização para melhorar a preservação do transporte público 

Na visão dos usuários do transporte público, a má conservação causa aos passageiros insatisfação. Maria Eduarda Endy, funcionária de uma loja de departamentos, é usuária do transporte público e teve muitas experiências negativas por conta da má conservação. Ela apontou muitos defeitos como: “bancos quebrados, botão de sinal sem funcionar, insetos, a falta de educação das pessoas que colam chicletes nos bancos e janelas que não abrem”.  

Parte do ônibus pichado. Foto por: Ana Clara S. Vilela

Maria Eduarda mostra sua infelicidade com os horários: “horário, às vezes, estão incorretos”. Também relata que a falta de ar condicionado quando os ônibus estão lotados. Outro foco que Maria Eduarda ressalta é a falta de acessibilidade para cadeirantes quando o elevador não funciona, que é uma questão importante a ser notada.

Para a usuária, a responsabilidade pela má conservação dos ônibus são: “usuários que acham que o ônibus é uma lixeira gigante sobre rodas; empresa, por deixar ônibus em mau estado para circular nas ruas e prefeitura por não manter a manutenção necessária para o transporte público”. 

De uns tempos para cá a qualidade dos ônibus vem melhorando e isso foi notado por Maria: “tem melhorado um pouco, mas pelo fato de que temos ônibus novos, então bancos ou elevador estão intactos”. Porém, ela diz que falta de horários e também em horário de pico é uma questão a ser melhorada.

Melhorias devem ser feitas e na opinião de Maria são: “que fossem mais pontuais tanto na hora de passar, quanto na hora de chegar no local desejado, os sinais de descida todos funcionando”. Ela também aponta necessidade de melhorias na parte da educação dos passageiros.