Girls in ICT Day: data comemorativa destaca mulheres que atuam na área de TI
A presença feminina tem aumentado, mas levantamento de 2023 revela que dos contratados para cargos de analistas e desenvolvedores somente 22,5% eram mulheres
Postado em 07/05/2025

Comemorado em 24 de abril, o Dia Internacional das Meninas nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), também conhecido como “Girls in ICT Day”, é a data destinada a relembrar que, em uma profissão caracterizada por ser predominantemente masculina, existem mulheres ganhando cada vez mais espaço ao longo dos anos.
Em 2023, uma pesquisa publicada pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais) revelou que, apesar do número de mulheres no Brasil ser superior ao de homens, chegando a 51,5% da população, elas ocupam apenas 39% dos empregos no setor de TIC.
Nos últimos anos, a presença feminina no mercado de trabalho cresceu, pois as mulheres estão se interessando ainda mais pelo ramo tecnológico. Porém, a média ainda é majoritariamente masculina. Um levantamento feito pela DataSeek, empresa de Big Data, Business Intelligence e Inteligência Artificial, com base em dados públicos, aponta que, em 2023, foram contratados 130.569 profissionais de TI para cargos de analistas e desenvolvedores, sendo 77,5% das posições ocupadas por homens e somente 22,5% por mulheres.

Fabiano Dourado, diretor de Tecnologia da iTalents, e Keli Cristina Borges, P.O. da Equipe de Tecnologia da iTalents. — startup educacional de desenvolvimento tecnológico — falam sobre os desafios enfrentados por mulheres no ramo. “Ainda são vários, mas os principais, segundo pesquisas e o que vemos no mercado, incluem situações como estereótipos de gênero, que desencorajam meninas desde cedo a seguir carreiras em tecnologia; síndrome da impostora, que afeta a autoconfiança mesmo de profissionais altamente qualificadas; e a dificuldade salarial, com mulheres ganhando, em média, 20% menos que homens em cargos equivalentes. O último ponto, inclusive, demonstra a falta de representatividade e modelos femininos, especialmente em posições de liderança. Além disso, a mulher também convive em ambientes hostis e com episódios de assédio, que tornam a permanência mais difícil, além da necessidade constante de provar competência técnica, enfrentando descredibilização em reuniões e projetos. Tudo isso torna a jornada das mulheres na TI mais desafiadora, exigindo resiliência e boas redes de apoio”, afirmam os especialistas.
A diferença se mostra abrangente também nos cargos executivos, pois, em um total de pessoas em cargos gerenciais e de diretoria, 73,5% eram compostos por homens e somente 26,5% por mulheres. Mas como em toda regra há uma exceção, uma das gerentes da Caixa, Geralda de Oliveira Lourenço, de 53 anos, vê a área como uma excelente oportunidade para o público feminino. “Eu trabalho nessa área há 30 anos e, pelo menos na minha instituição, nunca vi um número discrepante entre homens e mulheres em altos cargos”, diz a gerente.

Por ser uma área considerada muitas vezes como massacrante, é necessário que haja grupos de apoio que se façam presentes na vida das jovens mulheres que integram esse mundo. Incentivando a criação de programas específicos para mulheres, com comunidades conhecidas como “Grupos Tech Girls”, a iniciativa se faz presente por todos os cantos de Brasília, como o “Somos Tech”, organizado por jovens da Universidade Católica, com o objetivo de unir as jovens, promovendo palestras e eventos.
Cursando o sexto semestre em Ciência da Computação, a aluna Isabella Cristina Santos Silva, aos 21 anos, aponta a área como algo apaixonante, apesar das dificuldades enfrentadas por mulheres para segui-la. “Mesmo com o incentivo para atrair mais mulheres para a área, na minha sala só tem eu e mais uma mulher”, relata a estudante.
“Eu sempre gostei de jogos e sempre tive interesse na área de tecnologia e principalmente segurança, acabei pensando em tentar essa área, devido à curiosidade, e hoje em dia sou satisfeita com meu curso”, completa ela.
Diante desse cenário, é evidente que, apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a ser percorrido para alcançar a equidade de gênero no setor de tecnologia. O “Girls in ICT Day” é mais do que uma data comemorativa, é um chamado à ação para transformar o presente e construir um futuro mais justo, onde meninas e mulheres possam ocupar todos os espaços da tecnologia com reconhecimento, respeito e igualdade.