Uso excessivo de IA pode prejudicar aprendizado e aumentar risco de plágio
IA pode minar a capacidade dos estudantes de desenvolverem habilidades cognitivas importantes.
Postado em 30/04/2025
Embora ferramentas de Inteligência Artificial, como o ChatGPT, estejam revolucionando a sociedade em todos os meios ao oferecer rapidez e precisão na realização de tarefas, no ambiente acadêmico, a maneira como os estudantes usam a ferramenta tem levantado preocupações entre educadores. O uso excessivo do Chatgpt aumenta os casos de plágio, disseminação de notícias falsas, dependência excessiva dessa ferramenta, e prejudica o desenvolvimento de habilidades essenciais, como a escrita e o pensamento crítico dos estudantes.
Fabiano Canella, especialista em Inteligência Artificial, destaca que, apesar das inúmeras vantagens trazidas pela IA para o aprendizado, é essencial que educadores se atentem aos potenciais riscos que essas ferramentas podem trazer. Ele ressalta que a dependência excessiva de IA pode minar a capacidade dos estudantes de desenvolverem habilidades cognitivas importantes, como a interpretação e a criatividade. A prática constante de consultar essas ferramentas em vez de tentar resolver problemas por conta própria pode gerar uma falsa sensação de competência, prejudicando o aprendizado real e a formação de um pensamento independente.
“É fundamental que os professores integrem a IA de maneira equilibrada, já que de uma forma ou de outra os alunos vão ter acessos a esses programas. Então deve-se ensinar aos alunos a usar essas tecnologias como auxiliares no processo de aprendizado, e não como substitutas do pensamento crítico e da pesquisa autônoma. É necessária uma reeducação para essa nova era”, conclui Fabiano.

Foto: Arquivo Pessoal
Visão da comunidade acadêmica
O professor universitário Antonio Mariz acredita que, quando usada de forma responsável, a Inteligência Artificial pode ser uma grande aliada na promoção da autonomia dos alunos. Ele observa que a ferramenta otimiza o tempo, permitindo que os estudantes foquem no que realmente importa. No entanto, ele alerta que, se utilizada sem critério, a IA pode contribuir para uma geração mais imediatista e com menor capacidade de reflexão. “A chave está no protagonismo do aluno. A IA deve ser uma ferramenta de apoio e não de substituição”, afirma Mariz, enfatizando a importância de incentivar o protagonismo e a autoria.
Mariz também destaca que o uso indiscriminado da IA pode facilitar práticas como o plágio disfarçado. Ele defende que as instituições de ensino devem investir em uma cultura de autoria, ensinando os alunos a usarem a tecnologia com ética e responsabilidade. O professor desenvolve uma disciplina chamada “Tecnologia da Informação e Produção de Textos”, que aborda a ética digital e a importância da avaliação baseada no processo e não apenas no produto final. Em suas aulas, ele estimula os alunos a utilizarem a IA como ponto de partida, mas reforça que o verdadeiro aprendizado vem do processo, e não da resposta pronta.

João Santos, estudante universitário do curso de Direito, vê o ChatGPT como uma ferramenta que potencializa seus estudos. Ele conta que costuma utilizar a IA para revisar conteúdos, esclarecer dúvidas pontuais e estruturar ideias iniciais para trabalhos acadêmicos. “O ChatGPT me ajuda a organizar meu pensamento, especialmente quando estou travado em algum tema. Sempre adapto suas informações, pesquiso mais e coloco minha própria visão”, afirma.
Para João, a principal vantagem da IA está na agilidade e no apoio à compreensão de conteúdos mais complexos. No entanto, ele reconhece que é fácil cair na tentação de deixar que a ferramenta faça tudo. “Vários colegas entregam trabalhos praticamente prontos gerados por IA, e isso empobrece muito o aprendizado. No meu caso, tento usar o ChatGPT como um ponto de partida, e não como o destino final. Acredito que o equilíbrio é o segredo”, conclui.

Foto: Arquivo Pessoal