Larissa Coelho deixa oficina da família para empreender na moda
Do ferro-velho à máquina de costura, jovem de Barra do Piraí transforma infância sonhadora em marca autoral
Postado em 25/06/2025
Larissa Coelho, 21 anos, nasceu e cresceu em uma pequena cidade chamada Barra do Piraí, no interior do Rio de Janeiro. Iniciou a vida profissional entre motores, peças de carro e planilhas de estoque em uma oficina mecânica da família. Hoje, suas mãos que antes lidavam com ferramentas, cortam tecidos, manuseiam máquinas de costura e criam peças autorais para sua marca, a Rivana Clothes. A trajetória dela é um mosaico de reinvenção, enfrentamento de estereótipos e a coragem de transformar um sonho de infância em profissão.
Larissa entrou no mundo masculino da mecânica ainda jovem, ajudando o pai no ferro-velho da família. “Os clientes chegavam e me ignoravam. Achavam que, por ser mulher, eu não entendia de nada”, relembra. Aos poucos, conquistou respeito, não só administrando o negócio, mas dominando técnicas que “davam banho” em quem duvidava dela. A organização, porém, era seu maior trunfo: “Enquanto os homens deixavam tudo bagunçado, eu cuidava das planilhas, documentos e pagamentos”.


Apesar do aprendizado, Larissa nunca se viu ali a longo prazo. “Desde novinha, eu dizia que ia ter uma loja de roupas. Trabalhava na oficina, mas sempre fui muito feminina, adorava me arrumar e criar coisas diferentes”. Nos intervalos, fazia pulseiras de miçanga e roupas com correntes, até descobrir na costura uma vocação e uma saída.
O gatilho para a mudança veio de conflitos com o pai e a frustração de adiar seu próprio projeto. “Comecei a vender minhas peças online como um extra, e quando vi que dava certo, pensei: “É agora ou nunca”. Deixou o emprego estável, montou um ateliê em casa e mergulhou de cabeça na moda, mesmo sem apoio da família. “Meus pais duvidaram. Ninguém me ofereceu ajuda, mas eu não liguei.’’
Aprendeu a costurar sozinha, com cursos rápidos e muita tentativa e erro. Manipulava roupas velhas, refazia e criava modelagens do zero. A marca Rivana Clothes nasceu de uma parceria frustrada com uma amiga, mas Larissa refez a identidade visual e assumiu o controle total: “Hoje, só vendo o que eu usaria. Cada peça tem meu jeito”.
Empreender sozinha exige multitarefas, Larissa é estilista, modelo, fotógrafa e social media. O maior obstáculo, porém, está no público local. “Moro numa cidade pequena, com gente que não valoriza meu trabalho. Querem tudo barato, acham que roupa é só um pano”. A solução foi migrar para o e-commerce, que está estruturado em plataformas como Shopee e Instagram, onde ela não só vende, mas também cria conteúdo mostrando o processo de produção, styling das peças e até dicas de customização. Apesar das dificuldades, Larissa celebra as vitórias: “Ver uma roupa que eu fiz no meu corpo é a melhor sensação”. Seu próximo passo é escalar o negócio. “Daqui a cinco anos, quero uma fábrica grande, produzindo o triplo do que faço hoje”. Para quem está começando agora, a empreendedora aconselha que o foco é essencial, assim como acreditar em si mesmo.



