O estigma ao redor da epilepsia
Cerca de 3 milhões de brasileiros possuem a doença, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)
Postado em 15/09/2021
A epilepsia é uma doença neurológica que afeta aproximadamente cinquenta milhões de pessoas ao redor do mundo, segundo a OMS. Tais números colocam a epilepsia como uma das doenças neurológicas mais comuns no planeta. Muitos mitos e desinformação persistem, contribuindo para o preconceito e a estigmatização dos pacientes da doença.
A Liga Brasileira de Epilepsia define a doença como uma “alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos”.
“Nem toda convulsão é epilética e nem toda crise é convulsiva. A crise convulsiva é mais conhecida por suas manifestações, mas existem outros tipos de crises epiléticas, como a ‘crise de ausência’, que é quando o paciente se ‘desliga’ da realidade por um determinado tempo”, destaca o neurologista Cleiber M. Souza, formado pela Universidade Federal de Alagoas.
“O estigma associado à epilepsia é um dos principais fatores que impedem as pessoas de procurar tratamento”, disse Martin Brodie, presidente do Bureau Internacional para a Epilepsia, durante o 34° Congresso Internacional de Epilepsia. A publicitária, Amanda Meneses, afirma que quando foi diagnosticada com a doença, aos seus 15 anos, ficou muito relutante e assustada.
“A minha primeira crise foi no meio da escola, com todos os colegas de sala vendo, foi muito vergonhoso. Quando procurei um médico e fiz os exames, fui diagnosticada com a doença. Eu tinha um certo preconceito por conta de coisas que ouvia falar, mas quando conversei com meu médico e pesquisei sobre o assunto, entendi que não era um monstro de três cabeças como pensava”. Amanda faz o uso de medicamentos para o seu tratamento e atualmente já está há três anos sem nenhuma crise, conseguindo viver uma vida completamente normal.
Mitos e verdades sobre a epilepsia
- Convulsão é a mesma coisa que epilepsia?
Não, a convulsão é um dos tipos de epilepsia. Ela é uma das formas de crise epilética mais acentuada.
- A epilepsia é uma doença contagiosa?
A epilepsia é uma doença neurológica, geneticamente determinada e não é transmitida por contágio.
- Quais fatores podem induzir uma crise epilética?
Estresse, privação do sono e consumo exagerado de bebidas alcoólicas são alguns fatores que podem resultar em uma crise.
- Como agir no caso de uma crise epilética?
Durante a crise convulsiva é recomendado posicionar o paciente de lado para prevenir que ele sufoque com possíveis secreções. A cabeça deve estar apoiada em uma superfície macia, como por exemplo uma almofada ou casaco.
- Tenho que impedir que a pessoa engula sua própria língua?
A língua não pode causar engasgo e não há como ser engolida. Não se deve colocar o dedo ou qualquer outro objeto na boca, já que a ação pode machucar e causar lesões dentárias.
- Uma pessoa com epilepsia pode ter uma vida comum?
Sim! Pessoas com crises controladas podem e devem ter uma vida comum. Elas devem trabalhar, estudar, praticar esporte. Caso a pessoa esteja há mais de dois anos sem nenhum tipo de crise, pode dirigir.