Nos últimos anos, o automobilismo brasileiro vive uma verdadeira revolução. A Fórmula 1, com seu glamour e velocidade, tem conquistado cada vez mais fãs, especialmente entre os jovens. Esse fenômeno global tem gerado reflexos diretos no kartismo nacional, tradicional escola de formação de pilotos, que observa um aumento significativo no número de adeptos e investimentos.

Segundo levantamento da Circana, entre janeiro e setembro de 2024, as vendas de brinquedos relacionados à F1 cresceram impressionantes 1000% em comparação ao mesmo período de 2023. Os blocos de construção, especialmente os modelos da LEGO, lideraram esse crescimento, com destaque para o kit McLaren Senna, que homenageia o ícone Ayrton Senna e faturou mais de R$ 3,6 milhões .

Além disso, a série documental “Drive to Survive”, da Netflix, tem sido um divisor de águas. Lançada em 2019, a produção humaniza os bastidores da Fórmula 1 e atraiu uma audiência jovem e engajada. Estudos indicam que 80% dos fãs entre 16 e 24 anos jogaram simuladores de corrida no ano passado, evidenciando a conexão entre o esporte real e o virtual.

O kartismo como passo inicial

O kartismo, base para muitos pilotos que chegam à F1, tem se beneficiado diretamente desse aumento de interesse. Iniciativas como a série “Formula Dreams”, produzida pela Max Racing, mostram o cotidiano de jovens pilotos brasileiros e têm inspirado uma nova geração a ingressar nas pistas. Heitor Farias, um dos protagonistas da série, compartilha. “Meu sonho é ser piloto de Fórmula 1. O problema é que esse é o sonho de muita gente”.

A presença de mulheres também tem ganhado destaque. Antonella Bassani tornou-se a primeira mulher a conquistar o título da Porsche Cup em 2023 e ingressou na “Porsche Young Racing Academy”, evidenciando o potencial do kartismo como plataforma de desenvolvimento para pilotos femininas.

No Brasil, o kartismo observa um crescimento tanto em número de praticantes quanto em investimentos. Circuitos como o Kartódromo Ayrton Senna, em São Paulo, e o Kartódromo Internacional de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, têm recebido melhorias e atraído competições nacionais e internacionais. Além disso, patrocinadores têm se interessado mais pela categoria, reconhecendo seu papel como celeiro de talentos para o automobilismo profissional.

O kart e a Fórmula 1

A relação entre a Fórmula 1 e o kartismo é simbiótica. Enquanto a F1 serve como vitrine e inspiração, o kartismo forma a base técnica e estratégica dos futuros pilotos. Essa conexão fortalece todo o ecossistema do automobilismo brasileiro, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento, visibilidade e sucesso.

Em entrevista, Heitor Farias diz que o kartismo representa mais que um esporte. “É onde aprendo a ser disciplinado, focado e a trabalhar em equipe. Cada corrida é uma lição para a vida.” Antonella Bassani complementa. “O kart me ensinou a importância da persistência e da superação. Cada volta é uma oportunidade de evolução.”