Com uma carreira que inclui licenciatura e mestrado em Artes Cênicas pela UnB, além de vivências internacionais, o professor Jorge Marino, 29 anos, é um dos idealizadores do curso de Tecnologia em Atuação Cênica da Universidade do Distrito Federal (UnDF). Marino explica que o curso, que tem duração de 3 anos, foi lançado em 2024. Atualmente são 13 estudantes ativos e agora aguardam a segunda turma.

O senhor é professor e fundador do curso de Atuação Cênica na UnDF?

Eu sou docente na área de teatro e atuo em três cursos, atuação cênica, dança e produção cultural. Sobre a fundação do curso, ninguém faz nada sozinho. Eu estive nesse papel de proposição, em parceria com o Edson Bezerra, que é o coach da área da dança. A gente abriu um curso de artes e isso é muito raro nas universidades com menos de dois anos de funcionamento.

Qual é a diferença entre artes cênicas e atuação cênica? E são quantos anos de duração?

Hoje, no Distrito Federal, de cursos consolidados, temos na UnB o Bacharelado em Interpretação Teatral e uma Licenciatura em Artes Cênicas. Tem a faculdade de Artes Dulcina de Moraes e tem um curso de Bacharelado em teatro no IESB. O bacharelado em Interpretação Teatral foca na formação em interpretação de teatro, a licenciatura em Artes Cênicas é voltada para o ensino das artes cênicas na educação básica. O curso de Tecnologia em Atuação Cênica tende a uma formação de carreira mais específica, voltado para a formação artístico-profissional de artistas cênicos, performers e intérpretes. São três anos de formação, temos um semestre inteiro voltado para audiovisual e multimídia. Os atores vão trabalhar com câmera, dublagem e audiovisual.

Quais são os maiores desafios desse curso?

Um dos desafios é a infraestrutura. Porque para os cursos práticos em artes é preciso uma sala específica. Do ponto de vista dos estudantes é um curso intenso, muitas aulas práticas, montagem todo semestre e é um curso que exige presença, não dá para fazer online.

Qual é a expectativa que se tem para o curso?

A expectativa é que ele cause impacto na cena cultural da cidade, que contribua para a formação de artistas hoje. Queremos que a programação do curso faça parte da programação na cidade, que já vem acontecendo. Criamos o Festival Integrado de Artes, um projeto de extensão que apresenta os espetáculos e abre para toda a comunidade. A gente quer discutir a dignidade do profissional artista hoje, a importância dessa formação, de criar espaços, de desenvolver autoralidade, projetos, produzir, levar para cena questões importantes, o papel social do artista.

É o primeiro curso de atuação cênica do Brasil?

É o primeiro no formato tecnológico. Existem outros cursos de atuação cênica e geralmente é licenciatura em teatro, artes cênicas e o bacharelado ou atuação cênica ou interpretação teatral, como é na UnB. Mas o tecnologia em atuação cênica eu desconheço outro.

Como surgiu a ideia de se juntar com um outro professor e iniciar o curso?

Quando entramos aqui, existia já uma proposta de criação de cursos na área de artes. Então fizemos uma pesquisa para entender o cenário e as legislações, queríamos criar algo novo, já existia a Licenciatura em Dança e em Artes Cênicas na UnB, consolidadas, e já existia o Bacharelado em Interpretação Teatral. O que podíamos criar para complementar essas formações que já existiam? Então chegamos na modalidade tecnológica.

O que o senhor falaria para jovens que querem entrar no curso de atuação cênica?

Se você tem intenção de ser ator, atriz, esse curso vai te dar ferramentas, não só para trabalhar as habilidades como as competências básicas da pessoa que participa com corpo, movimento, trabalho com a voz, com a música, com a atuação, ferramentas de atuação, técnicas, uma experiência de montagem. No nosso curso a gente não deixa para montar só no final, é desde o primeiro semestre. Esse é um curso que vai te ajudar tanto a se conhecer, trabalhar as habilidades e competências, mas a investigar o mundo do trabalho. Venha disposta a trabalhar, a ensaiar, a criar. É uma pegada que vai te colocar no lugar de: o que que eu quero criar, quem sou eu, o que que eu quero fazer, o que que eu quero colocar no mundo, no meio da cena do meu fazer artístico? É uma grande oportunidade, é uma universidade pública que é de todo mundo.