O setor de beleza no Brasil é um dos mais promissores da economia. De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), ele representa cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e atrai, a cada ano, milhares de jovens empreendedores, em especial, mulheres.

Em 2023, foram mais de 180 mil novos Microempreendedores Individuais (MEIs) registrados nessa área, quase 500 por dia. Só entre janeiro e setembro de 2024, mais de 170 mil pequenos negócios foram abertos no setor. Um crescimento impulsionado pela busca por independência, baixa exigência de capital inicial e a familiaridade dessas jovens com os serviços oferecidos.

O surgimento de uma nova geração de profissionais da beleza

Maria Eduarda Morais tem apenas 19 anos, mas já soma quatro de experiência na área de unhas. “Sempre fui apaixonada pela área da beleza e desde muito nova tive curiosidade em ter minha independência financeira. Vi como uma oportunidade de crescer com algo que eu amava”, conta a designer de unhas, que começou aos 15 a busca pela independência.

Com o incentivo da família, ela se dedicou à qualificação profissional e começou a trilhar seu caminho no mercado. O início foi cheio de obstáculos. “Um dos maiores desafios foi conquistar a confiança das clientes sendo tão nova. Muitas pessoas duvidaram do meu trabalho por conta da idade”. Hoje, seu esforço rendeu frutos e ela se sustenta com o próprio negócio, custeia a faculdade e ainda consegue investir na estrutura do seu estúdio.

Nicole de Freitas, de 20 anos, também encontrou no setor de beleza a chance de conquistar liberdade profissional. A jovem atua com extensão de cílios e design de sobrancelhas há pouco mais de um ano. “Sempre gostei da área da beleza e de cuidar da autoestima das pessoas. Além disso, vi na estética uma oportunidade de alcançar liberdade profissional desde cedo”, conta. 

Com apoio dos pais, que investiram no primeiro curso e ajudaram com os materiais, ela iniciou a jornada. “Os maiores desafios foram ganhar visibilidade, conseguir clientes fixas e me destacar”, relembra.

Mercado acessível e em expansão atrai jovens

Segundo o economista Luiz Antônio Gouveia, do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal, o setor de estética tem características ideais para o público jovem. “A criação do próprio emprego é uma das razões que levam os jovens a empreenderem nesse setor. O investimento para montar um pequeno negócio, um salão de beleza, por exemplo, não é tão grande quanto em outros setores”, aponta o economista.

Além disso, ele destaca que a clientela majoritariamente feminina faz com que as mulheres se sintam mais seguras para empreender na área. “Elas sabem exatamente quais são as suas necessidades e quais são os produtos que atendem essas necessidades”.

Para Cássio da Nóbrega Besarria, doutor em Economia, “a figura do Microempreendedor Individual representa a formalização trabalhista, o acesso ao crédito e aos direitos previdenciários, além da possibilidade de realizar vendas interestaduais”. A formalização, diz ele, contribui diretamente para “a geração de renda e o fortalecimento da economia local”.

Apesar de ainda não estarem formalizadas como MEI, Maria Eduarda e Nicole têm planos de dar esse passo em breve. “Estou focada em fortalecer meu trabalho e estruturar bem meu atendimento e minha rotina. Mas tenho planos de me formalizar futuramente”, afirma Maria Eduarda.

Ambas também destacam a importância da qualificação. “Fiz um curso inicial e depois fui fazendo mais cursos e me especializando cada vez mais. Estou sempre buscando atualizações e aperfeiçoamentos, pois a área da beleza exige isso”, explica Maria. Nicole completa: “Aprendi através de cursos profissionalizantes, tanto presenciais quanto online. Além disso, estou sempre procurando sobre inovações da área”.

Responsabilidade, amadurecimento e vontade de inspirar outras jovens

Empreender desde cedo trouxe amadurecimento e propósito. “Tudo mudou! Me tornei mais responsável, independente e realizada. Empreender tão nova me trouxe maturidade”, afirma a designer de unhas, que também atua como instrutora e quer “ajudar outras meninas que também querem crescer nessa área”.

Nicole, por sua vez, destaca o aprendizado pessoal. “Me tornei mais responsável, passei a valorizar meu tempo e o dinheiro que ganho”. Para o futuro, ela quer abrir seu próprio espaço e, quem sabe, dar cursos também.

A mensagem que essas jovens deixam para outras meninas é de coragem e ação. “Não esperem o momento perfeito. Comecem com o que têm, estudem, se dediquem e confiem no processo”, aconselha Maria. “Acredite em você, mesmo que pareça difícil no começo. Invista em cursos, cuide bem das suas clientes e nunca pare de aprender. Dá certo com dedicação e amor pelo que se faz”, reforça Nicole.